sábado, 31 de dezembro de 2022

uma música para o fim de semana - Her First Dance (Misha Alperin)


Hoje é último dia de 2022. Foi um ano "absurdamente" musical para o que é normal em mim. Comprei qualquer coisa como cerca de 140 álbuns ao longo de todo este ano e creio que (quase) todos eles sobre jazz. 
E tenho a certeza que cerca de 97% deles foram da minha etiqueta de eleição: a germânica ECM.

Escolher um, o melhor de todos eles, é igualmente particularmente difícil. Se hoje escolho um, provavelmente amanhã escolheria outro.
A minha escolha recai sobre um álbum que comprei em Outubro, do pianista ucraniano (nascido soviético) Misha Alperin que morreu cedo demais, em 2018 com 61 anos. O álbum chama-se Her First Dance, editado em 2008, e é profundamente belo desde o primeiro tema (Vayan) até ao último (Via Dolorosa).
Toca em trio com a violoncelista alemã, Anja Lechner e o trompetista russo Arkady Shilkloper.

Com temas que variam entre o solo, duo e o trio completo. Uma oportunidade única para compreender as diversas combinações entre os três instrumentos, Sua música gentil e delicada, sempre, sombria e melancólica, por vezes. As notas são elegantes, agradavelmente esparsas, sustentadas, a soarem  silenciosas e distantes, num minimalismo tranquilo e convidativo.

Her First Dance é um álbum do coração para a nossa alma. Um lenitivo para dias difíceis, exigentes e ásperos. Uma manta sonora para dias de chuva com um chá de jasmim na mão, a cabeça apoiada no colo de quem nós gostamos e um gato (ou mais) ao nosso lado. 
É um álbum verdadeiramente especial, um dos que pode definitivamente ostentar o epitome de primus inter pares.

A música para o último fim de semana deste ano chama-se Her First Dance. Dá o nome ao trabalho de Misha e é um duo de piano e trompete. Sublime.


Bom fim de semana, bom fim de ano velho, excelente começo de Ano Novo 2023 e que a música, entre outras coisas boas, não pare de fluir nas vossas vidas 🎵🎉🍸😉
















quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

e foi a este gajo que foi dada maioria absoluta

 
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, demitiu-se. Mais um. 
Foi a décima primeira demissão de governantes em nove meses de um governo com maioria absoluta. 
Como disse a deputada do PSD, Isabel Meireles, na altura em que se soube que este inapto tinha ganho a maioria absoluta: "O que falhou foi o povo português".
E falhou em grande!

Falta de coordenação, comunicação, muita inépcia, jobs for the boys, incompatibilidades, conflitos de interesses, desautorizações, deslealdade, etc..., etc..., etc...
Entre tantas demissões que já ocorreram só falta mais uma, a derradeira demissão, a do próprio Costa. 
Que seja breve.













domingo, 25 de dezembro de 2022

Natal


É uma curta lindíssima, ainda assim um anúncio, da J&B com o tema Natal por base.
Tudo nesta curta está extraordinário, o argumento, realização e actores.

E um brinde à canção brilhantemente escolhida: She. 
Um cover soberbo de Elvis Costello sobre o original Tous Les Visages de L'amour, de 1974, do cantor francês de origem arménia, Charles Aznavour.

Sim, de facto, isto é Natal. Um grande e genuíno (para os apreciadores) Natal 🎅





P.S. Resistam à vontade de desatar a comprar J&B que nem uns malucos só porque fizeram um comercial de eleição. Esta gente não faz nada por altruismo...









sábado, 24 de dezembro de 2022

uma música para o fim de semana (em véspera de Natal) - Little Drummer Boy



Não sou um admirador confesso de canções de Natal. Monótonas, iguais, cantadas e tocadas até à exaustão. No entanto tenho duas canções de Natal que de facto aprecio: Little Drummer Boy e Silent Night.

Não por acaso coloquei em primeiro lugar Little Drummer Boy. A canção é de facto antiga. Data de 1941 sendo composta por Katherine Kennicott Davis. 
Este tema mantém-se algo esquecida e curiosamente é com a família Von Trapp (cuja história podemos conhecer no clássico do cinema Música no Coração) que vê a luz do dia, em 1951. A canção sofre de novo alguns percalços no seu percurso, nomeadamente no que diz respeito a arranjos musicais e até no título. É quando chega a Harry Simeone, em 1958, que explode para o mundo. Sendo desde então uma das canções de Natal com mais covers.
Nomes tão dispares da música como Boney M, Frank Sinatra, Neil Diamond, Johnny Cash, Pentatonix e Justin Biber, entre outros, tocaram e cantaram esta canção. A mais recente é deste ano pela mão da violinista Lindsey Stirling.
Li que uma das melhores covers desta canção é cantada por Frank Sinatra, que conheço bem. Pessoalmente, prefiro a versão, sai fora da visão clássica deste tema, dos australianos For the King & Country. 

Little Drummer Boy conta a história de um rapazinho, talvez órfão, que sabendo da notícia do nascimento de Jesus Cristo, pelos três reis magos, e não tendo nada para lhe oferecer, oferece-lhe, com o acordo da mãe de Cristo, a canção que ele toca e canta no seu tambor.


Bom fim de semana e (para os apreciadores) Feliz Natal 😉🎄🎅





Come they told me
Pa rum pum pum pum
A new born king to see
Pa rum pum pum pum

Our finest gifts we bring
Pa rum pum pum pum
To lay before the king
Pa rum pum pum pum,
Rum pum pum pum,
Rum pum pum pum

So to honor him
Pa rum pum pum pum
When we come

Pum pum pum pum
Pa rum pum pum
Pum pum pum pum
Pa rum pum pum
Pum pum pum pum
Pa rum pum pum
Pum pum pum pum pa rum

Little baby
Pa rum pum pum pum
I am a poor boy too
Pa rum pum pum pum

I have no gift to bring
Pa rum pum pum pum
That's fit to give our king
Pa rum pum pum pum,
Rum pum pum pum,
Rum pum pum pum

Shall I play for you
Pa rum pum pum pum
Pa rum pum pum
Pum pum pum pum

Mary nodded
Pa rum pum pum pum
The ox and lamb kept time
Pa rum pum pum pum

I played my drum for him
Pa rum pum pum pum
I played my best for him
Pa rum pum pum pum,
Rum pum pum pum,
Rum pum pum pum

Then he smiled at me
Pa rum pum pum pum
Me and my drum

Come they told me
Pa rum pum pum pum
A new born king to see
Pa rum pum pum pum

Me and my drum
Me and my drum
Me and my drum
Me and my drum
Rum pum pum pum






sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

nesta época, ser veg


Mais que amarmos e querermos proteger cães, gatos, porcos, galinhas, elefantes ou linces ibéricos, queremos proteger vidas sencientes. E sabendo que não as podemos salvar todas, desejamos no entanto salvar todas as que pudermos. Mais que animais, muito mais que animais, eles são seres vivos conscientes e inteligentes. Sentem emoções, gostam do que lhes faz bem, do que os protege e conforta.
Só desejamos isto. E este "só isto" não entra na cabeça de quase ninguém que está à nossa volta.
Esta é uma das partes mais difíceis e dolorosas de ser veg. 

Uma outra, é quando aqueles, que por sua causa são abatidos e mal tratados animais, muitas vezes desde o seu nascimento, essas tais vidas sencientes, nos chamam radicais e extremistas por tentarmos salvar, cuidar e proteger essas mesmas vidas. Por não querermos ser a causa da sua morte. Isto não é extremismo, radicalismo ou fundamentalismo. Isto é proteger e cuidar de vidas cujas necessidades  mais básicas são iguais às nossas.

Nesta época de Natal, no fim de um ano e a poucos dias de começar outro, venham para este lado. 
Tornemo-nos mais bondosos e respeitadores, mais amáveis e carinhosos com todas as espécies que coabitam connosco este planeta.














quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Natal



When Harry met Santa


Que a todos seja permitido ter o seu amor ao seu lado.
Feliz Natal 🎅 

















quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Olá Inverno, sorrio para ti



Inverno.
Estação feérica, gelada de melancolia.
Aural, diria.
Minimal, de poucas cores. Monocórdicas.

Árvores esqueléticas, vazias.
Ramos sós e enegrecidos. Excruciantes.
Folhas de Outono varridas do alcatrão.
Tempo que se arrasta e passos que se apressam.

Poesia fria de declamação lenta.
Palavras esparsas. Densas, acredito.
Neblinas desmaiadas. Espectros, pousados de inquietação.
Esperam pelo nada que os leve.

Noites curtas de neve, chuva que cai.
Lágrimas. Pesadas, escorrem nas janelas.
Confissões dormem na lareira que estala silêncios.
Vidas secundárias, pequenas, tiritam em cobertores. 
Sim, esquecidas.


Inkheart














domingo, 18 de dezembro de 2022

em altura de Qatar 2022 (que acaba hoje)


Qatar 2022 acaba hoje.
Um mundial polémico, cheio de corrupção, desrespeito pela vida e pelos direitos humanos, pela supressão da liberdade de expressão. Onde o dinheiro, as multinacionais e os lucros falaram mais alto que a vida humana e onde o ego de um falou mais alto que o colectivo de onze.
Pelos nossos governantes que a pretexto de apoiar a selecção nacional, e subservientemente, validaram com a sua presença regimes autoritários. E como o Presidente da República que cinicamente, e de forma tipicamente muito idiota, foi dar lições de moral em casa dos outros quando ignora o que se passa no seu quintal.

Eis políticos e futebol a mostrar a sua mais verdadeira face: a merdosa.















sábado, 17 de dezembro de 2022

uma música para o fim de semana - Um Dia de Cada Vez (Isabel Rato )


O nome é praticamente desconhecido do público português apesar de ter estudado com um dos melhores pianistas jazz nacionais: João Paulo Esteves da Silva.

Editou o seu terceiro álbum este ano em formato quinteto, Luz. O primeiro foi em 2016, Para Além da curva da Estrada, que considera o seu mais importante trabalho. 
De Luz, afirma que representa o abrir de um caminho, uma decisão de abraçar o jazz, de assumir a liderança de uma formação.

Pode perfeitamente ser a prenda certa para o sapatinho de alguém que aprecia e quer conhecer o melhor do jazz nacional.

O quinteto compõe-se de: Isabel Rato sentada no banco do piano; João David Almeida que dá a sua voz aos temas vocais; João Capinha toca saxofones alto e soprano; João Custódio lida com o contrabaixo e Alexandre Alves tem na sua frente a bateria.

Na música para este fim de semana, proponho Um Dia de Cada Vez, onde Capinha brilha fazendo um óptimo trabalho com saxofone alto.


Bom fim de semana 😉🎷











quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

um poema de... João Luís Barreto Guimarães


O médico cirurgião plástico, poeta, escritor e tradutor, João Luís Barreto Guimarães ganhou hoje o prémio Fernando Pessoa 2022. Uma iniciativa do jornal Expresso que teve a sua primeira edição em 1987 e pretende distinguir portuguesas e portugueses com percurso relevante nas áreas culturais e científicas da vida nacional.

Nascido no Porto em 1967, viu o seu primeiro livro de poesia publicado em 1989. Ganhou vários prémios nacionais e internacionais e tem traduções em países como Itália, Espanha, Polónia, Croácia e Egipto.
A sua poesia, contemporânea, versa sobre o dia a dia, o concreto, lugares e geografias, o que é banal, o momento fugaz e irrepetível. Mistura emoções e a racionalidade de quem tem uma formação científica de base.

Escolho dois poemas do seu livro Mediterrâneo de 2016, um dos mais importantes, relevantes e galardoados da sua obra.



Entre etéreo e terreno

                                                                                Deus sive Natura
                                                                                Espinoza
Na
manhã do temporal saímos a medir estragos
(repor pedras nos muros
colher gravetos do chão). A
fúria
da natureza volveu a ordem anterior
como marca de um excesso quando
no dia seguinte olhas melhor e percebes o
equívoco da
noite anterior. Da força da tempestade só sobrou
dor e silêncio (aos pés
de um pinheiro manso céu e terra derrotados:
um rato e um
pardal são a memória visível da cega
devastação) como se
um recomeço apenas fosse possível caso
entre etéreo e terreno ambos
ousassem perder. Um
deus ajusta o equilíbrio destruindo o que criou –
alguém tem que morrer cedo para que
outrem possa sobreviver.

João Luís Barreto Guimarães, in Mediterrâneo



Sicília

Havia oliveiras
e figos. Messina fora tomada por
barcos cartagineses
como o café da manhã toma o
espaço do ar.
Havia damascos e amêndoas. Perto
em Siracusa
(usando o próprio corpo)
Arquimedes demonstrara como a água
é incompressível.
Dávamos as mãos e os pés.
Havia limões e ciprestes.
Não sei se vinhas.

João Luís Barreto Guimarães, in Mediterrâneo










terça-feira, 13 de dezembro de 2022

uma citação


Si vis pacem, para bellum 

Esta citação é atribuída a Flávio Vegécio, um escritor do império romano do século IV d.C
É uma locução em latim e a sua tradução é "Se queres a paz, prepara-te para a guerra"
A paz pela força, se preferirmos, a paz armada.














sábado, 3 de dezembro de 2022

série vencedores - Stéphanie Frappart, Neuza Back e Karen Diaz


Tradicionalmente é um mundo de homens. O futebol nunca foi muito acessível para as mulheres.
Só nos últimos anos é que o futebol feminino começou a aparecer no espaço mediático.Quer pelos sucessos desportivos quer pelas (muito justas) reivindicações de maior cobertura dos seus jogos e salários equivalentes aos seu congéneres masculinos.

Não só as jogadoras têm surgido mas também ao nível da arbitragem. Várias mulheres já apareceram não só em jogos de futebol feminino como masculino mas ontem fez-se (mesmo) história no futebol.
Pela primeira vez, num campeonato mundial de futebol masculino, que se realiza desde 1930, uma equipa totalmente feminina arbitrou um jogo de futebol: o Costa Rica - Alemanha do Grupo E.
Esta conquista dá-se num dos países do mundo onde os direitos das mulheres são mais negligenciados e até negados. O Qatar exige autorização prévia masculina para toda e qualquer actividade que pretendam exercer ou participar.

Para a história do futebol e para a história da luta pela igualdade das mulheres aqui ficam os seus nomes: a francesa Stéphanie Frappart (árbitra principal), a brasileira Neuza Back (auxiliar) e a mexicana Karen Díaz (auxiliar).
Aconteceu no dia 01 de Dezembro de 2022, no estádio Al Bayt, Mundial de Futebol Qatar 2022.

Mencionar ainda a presença de outras duas mulheres neste mundial: Salima Mukansanga (Ruanda) e Yoshimi Yamashita (Japão).

💪💪💪













sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

em altura de Qatar 2022


O que de facto importa. 
Acima de direitos humanos ou de vidas escravizadas e perdidas.
Gás (que o ocidente anda negociar) e mais de duas dezenas de caças franceses Rafale vendidos ao Qatar a troco da influência francesa para atribuição da organização do mundial deste ano.

Euros, dólares e petróleo. A santíssima trindade que tudo rege e que tudo secundariza. 
Até vidas.













quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

ganância e patetice


Não tenho uma particular admiração por Ronaldo, nem por Messi, o que não impede que seja tudo o que disserem sobre ele como futebolista.
Contudo, não justifica a ganância de querer, a todo o custo, igualar a marca de 9 golos de Eusébio em campeonatos do mundo, ao ponto de reivindicar e festejar exuberantemente um golo que não marcou. Diz o futebolista nacional que lhe tocou no cabelo. O gesto que usou para ilustrar essa afirmação ficou famoso.

As imagens mostram que a cabeça de Ronaldo não mudou a trajectória da bola. Mesmo assim, a Fifa e a Adidas já vieram cabalmente demonstrar que o golo não é de Ronaldo mas sim de Bruno Fernandes. O sensor no interior da bola não acusou nenhuma pressão sobre a mesma.

Quando Ronaldo celebrou um golo que sabia perfeitamente não tinha marcado, fê-lo num acto de puro egoísmo. Não pensou na selecção, não pensou no objectivo de passar à fase seguinte, não pensou em companheirismo. Pensou pateticamente que tinha atingido a mesma marca de Eusébio. Pensou num recorde pessoal. Por muito que iguale ou ultrapasse Eusébio, genuinamente nunca conseguirá. Eusébio marcou 9 golos num só campeonato, sem ter uma equipa a facilitar-lhe a vida, sem pensar que estava marcar esses mesmos golos. Eusébio fê-lo de coração. Se Ronaldo conseguir esse objectivo, esse recorde, precisará de 5 campeonatos, vinte anos acumulados, enquanto que Eusébio o fez num único campeonato.

A idiota pretensão de Ronaldo ter marcado com o cabelo, fez antigo jogador inglês Chris Sutton chamar-lhe o Cabelo de Deus. A internet, fabulosa como sempre, já veio dizer que sim, que foi o cabelo de um dos maiores egos da história do futebol que marcou o golo.












quarta-feira, 30 de novembro de 2022

uma ida ao baú - Everybody Wants to Rule the World (Tears for Fears)


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Há dois factos curiosos com esta música.
O primeiro envolve o título e a respectiva letra. 
Foi uma alteração de última hora ao que estava pensado.  O alinhamento do álbum já estava decidido quando Everybody Wants to go to War foi acrescentado. Uma decisão politicamente mais correcta. A letra descreve a grande vontade, a ganância e desejo que o homem tem pelo poder e pelo controlo do mesmo.

O outro facto é que a canção foi abordada numa mesa de restaurante durante a Guerra Fria numa altura em que os Estados Unidos e a União Soviética se digladiavam pela intimidação, pela corrida ao armamento e pela superioridade tecnológica a todos os níveis. Que dado os dias que correm em que as relações Estados Unidos/ Rússia, Estados Unidos/ Coreia do Norte e Estados Unidos/ China andam de novo nas ruas da amargura fazia todo o sentido que esta canção voltasse para cima da mesma mesa de restaurante.

Este tema surge no álbum Songs From Big Chair que tem por sua vez um outro tema que gosto imenso e bastante conhecido que arrasou nas playlists da rádio e na MTV: Shout.
Fiquei indeciso sobgre qual canção trazer ao de cima do baú das memórias mas Everybody Wants to Rule the World é tão icónica desta banda inglesa formada em 1981 que a escolhi para trazer para a luz do dia. Se bem que esta canção, trinte e sete anos depois do seu lançamento, nunca chegou a ficar esquecida quer das rádios, quer mais jovens e principalmente dos menos jovens. 
Shout, a canção que abre o álbum, fica para outra oportunidade.

Os fãs de Hunger Games certamente repararão que este tema surge na sequela 2, Em Chamas.






Welcome to your life There's no turning back Even while we sleep We will find you Acting on your best behaviour Turn your back on mother nature Everybody wants to rule the world It's my own design It's my own remorse Help me to decide Help me make the most Of freedom and of pleasure Nothing ever lasts forever Everybody wants to rule the world There's a room where the light won't find you Holding hands while the walls come tumbling down When they do I'll be right behind you So glad we've almost made it So sad they had to fade it Everybody wants to rule the world I can't stand this indecision Married with a lack of vision Everybody wants to rule the world Say that you'll never never never never need it One headline why believe it? Everybody wants to rule the world All for freedom and for pleasure Nothing ever lasts forever Everybody wants to rule the world







sábado, 26 de novembro de 2022

uma música para o fim de semana - Da Cabeça aos Pés (Rita Borba)


Ouvi falar pela primeira vez de Rita Borba quando andava às compras para o Natal na Fnac do Norte Shopping logo no primeiro fim de semana de Novembro. Gosto de andar à frente de toda a gente e estar sossegado em casa quando se torna impossível estacionar e andar nos centros comerciais.

Estava mergulhado nas prateleiras dos livros quando ouço uma voz feminina a cantar. Inicialmente ignorei. Foi quando passei às prateleiras dos cds que a voz se tornou mais próxima de mim e fez despertar a minha curiosidade.

Cantava ao vivo - não em playback, algo que considero absolutamente desonesto - meio sentada num banco alto. Estava sozinha, os instrumentos estavam gravados, o que é pena. Ouvir os instrumentos ao vivo é tão importante quanto a voz. 
Rita tem uma voz doce e aconchegante. Faz-nos sentir em casa onde quer que estejamos. Os primeiros dois minutos fizeram-me a recordar a Luísa Sobral mas rapidamente afastei a comparação. Menos aguda, mais onírica e bem mais envolvente. Mais apta cantar para adultos. 
As letras são orelhudas em tom de pop simples e directo com música a condizer: tranquila e serena. 

A açoriana, com origens na Ilha Terceira, apresentava o seu disco de estreia, Lá Fora, lançado em Junho deste ano. O tema que dá título ao álbum é cantado em dueto com Pedro Troia que penso que não traz mais valia a Rita. Vale por ela própria.
A música para este fim de semana chama-se Da Cabeça aos Pés e ilustra na perfeição o que é o primeiro álbum de Rita Borba.


Bom fim de semana 😉🎵





Não me venhas com mentiras 
Golpes baixos ou intrigas 
Que eu não vou estar a ouvir 

Não assoles os meus passos 
Olha que o caminho é estreito 
E não te vais ficar a rir 

Confronto a tua voz 
Pergunto e nós 
Espetas-me no peito 
Um não sem preceito 

Espero por ti assim 
Por seres quem és 
Da cabeça aos pés 

Não acatas uma injúria 
Minha infâmia passa a tua 
Será que não consegues ver? 

Passa uma, passam duas 
Passa o mundo inteiro em prosa 
E tu és vírgula airosa 

Troco o meu passo e passo por ele 
Arrepia-se a pele 
Dou-lhe o meu melhor abraço 
E sussurro ao ouvido dele 

Digo coisas que nunca 
Iria dizer em voz alta 
Esqueço as horas 
Se é noite ou dia









sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Wild


Garanto que se algo de mal acontecesse ao gecko, esta curta não estaria aqui.
Gosto mesmo destes bichinhos e já dormi em vários quartos por esse mundo fora na companhia deles.

Como não podia deixar de ser, é uma curta adorável. Como eles 😉















quarta-feira, 23 de novembro de 2022

um poema de... Alberto Caeiro


Sempre admirável, sempre profundo, sempre bucólico e muito mais metafísico do que aparenta e do que paradoxalmente afirma no primeiro verso do poema 5 do Guardador de Rebanhos.
Eis o meu poeta/ heterónimo preferido de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro.


XXI

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro, Guardador de Rebanhos







terça-feira, 22 de novembro de 2022

sábado, 19 de novembro de 2022

sobre a desfaçatez (em altura de COP 27)


Poderia ser esta a pergunta que políticos, petrolíferas, agropecuária, indústria da moda, etc..., etc..., poderiam colocar ao mundo nesta COP.









quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Garden Party


Como, entre sapos e rãs a curtirem grandes momentos numa mansão, se percebe que algo de muito errado aconteceu nela durante uma festa.

Animação, realização e argumento são brilhantes.












terça-feira, 15 de novembro de 2022

hoje chegámos aos 8 mil milhões



8 mil milhões de almas a viver à face deste planeta, é o número que hoje simbolicamente atingimos.
Destes mil milhões que crescemos, a China contribuiu com cerca de 73 milhões de pessoas e a Índia com 177 milhões. Estes dois países representam aproximadamente um quarto do crescimento que hoje atingimos por volta das nove da manhã. Em média, a população humana está a crescer mil milhões em cada onze a doze anos.

Isto significa, de novo em média, maior esperança de vida, melhores cuidados médicos, melhor saneamento básico, melhor higiene pessoal, alimentação mais cuidada e de qualidade. Isto sem pensar no acesso a tecnologias.
Mas isto não é verdade. É o problema de falarmos de médias. O desequilíbrio é por demais evidente. 
O ocidente, onde as melhores condições de vida estão presentes, têm taxas de demografia negativas. São os que menos que contribuem para este crescimento populacional. Se pensarmos nos países que têm maiores taxas de filhos por mulher, maior taxa de fertilidade, vemos que estão concentrados nos países da África Subsariana e sul asiático. Países com baixos rendimentos PIB e rendimento per capita. Precisamente onde os principais de factores de crescimento que foram mencionados acima não estão presentes ou de muito difícil acesso generalizado.

Com 8 mil milhões de habitantes, uma questão se torna cada vez mais premente: como os alimentar? Como proteger o planeta?
Os recursos do planeta são paulatinamente, inexoravelmente, esgotados cada vez mais cedo. Chamam-lhe o dia da sobrecarga. O dia em que o planeta não mais consegue absorver o CO2 emitido pelos seres humanos. Este ano aconteceu a 28 de Julho. Em 2021, a 29 de Julho e no ano da pandemia (onde a actividade humana recuou significativamente), ocorreu a 22 de Agosto. Em cerca de vinte anos, o dia da sobrecarga recuou dois meses no calendário.
As soluções para diminuir esta sobrecarga do planeta, travar o impacto das alterações climáticas e tornar a actividade humana sustentável e sermos capazes de nos alimentar são bem conhecidas: fomentar a economia circular e local, alimentação baseada em vegetais, diminuição da actividade agropecuária (elevadas áreas de terrenos, elevados consumos de água e de emissões de CO2 e metano), a descarbonização da economia, reflorestação, ecoturismo, energias renováveis (e a aposta na fusão nuclear), diminuição da dependência e consumo de energias fósseis, o aumento da electrificação, aumento da eficiência energética das casas, aumento de tempos de vida útil de equipamentos electrónicos e da indústria da moda, etc.., etc..

Inevitavelmente o problema esbarra nos interesses do lobby petrolífero, no greenwashing (ecobranqueamento), no financiamento dos países mais poluidores (e cujo crescimento se baseou no petróleo) aos que menos poluem, pedindo-lhes, e bem, que não utilizem a vantagem desbragadamente poluidora da utilização de energias fósseis que os primeiros usufruíram durante largas décadas.

A 31 de Outubro de 2011, estávamos nos 7 mil milhões. Desde essa data tudo se manteve: os problemas e as soluções. O que aumentou para além dos números foi a urgência. Tudo se tornou ainda mais urgente. O ponto de não retorno, de rotura está cada vez mais próximo. Talvez irremediavelmente mais próximo.