sábado, 5 de março de 2022

NATO, para que serves?


A covardia de a NATO não querer apoiar a Ucrânia sairá bem mais caro que do que não o fazer.
Estará sempre em posição mais fraca que a Rússia. Estará sempre manietada e refém. Chantageada. Esta poderá fazer o que quiser sempre quiser e de uma forma quase incólume. A NATO será uma organização inútil e amorfa.

Perderemos a paz de qualquer forma. Viveremos permanentemente sobressaltados. A economia sairá sempre muito por baixo, afectará todos os povos europeus sem excepção, incluindo Estados Unidos.
A Rússia já impõe a sua vontade sobre outros países soberanos e independentes como a Finlândia e Suécia. 
Terá a NATO a coragem de acolher, de aceitar um potencial pedido de entrada destes dois países?
Melhor, será que a Rússia autoriza a NATO??

O cinismo da vanglória de bloquear a economia russa através de sanções, de isolar a Rússia em tudo e mais alguma coisa (estamos de acordo!) mas depois, talvez naquilo que mais poderá doer, bloquear o comércio do petróleo e do gás russo não se concretizar porque não interessa causar danos à economia ocidental. Como se esta não estivesse já profundamente afectada. Como se impedisse uma recessão económica generalizada, desemprego, inflação elevadas taxas de juro, tudo que mais tarde ou mais cedo irá acontecer inevitavelmente. Ou que já está a acontecer.

Durante décadas dormimos com o inimigo, convivemos com um déspota e deixámos que um ditador instável e imprevisível entrasse na nossa economia e que nos tornasse dependentes dele. Agora acordámos para a vida, e em vez de nos mexermos rapidamente e a uma só voz e vontade, andamos a espreguiçarmos lentamente, a perguntar ainda o que se está a passar, tentando trazer a besta até à nossa porta quando ela já entrou em nossa casa.

Salvar-se-ão vidas certamente por não se enfrentar a Rússia ou apoiar activamente a Ucrânia, perder-se-ão outras. Perder-se-á a dignidade humana e outros valores que o ocidente tanto gosta de apregoar e se considera paladino: paz, democracia, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de circulação, tolerância religiosa, etc..., etc...

Não apoiamos abertamente a Ucrânia, abandonado-a e mantendo-a sozinha, para não provocarmos a Rússia, mas a partir do dia 24 de Fevereiro, viveremos na sua escura e inquieta sombra. E isto vai sair-nos caro. Inevitavelmente seremos arrastados para uma espessa lama quando a Ucrânia já não for capaz de enfrentar o alienado do Putin.

Que raiva, NATO!!! 😠





 

sexta-feira, 4 de março de 2022

um poema de... Alberto Caeiro (sobre guerra)



A Guerra que aflige com seus Esquadrões

A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.

A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.

Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.

A química directa da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.

A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.

Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem,
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!


Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"





quarta-feira, 2 de março de 2022

ser humano


No Tweeter, circula um vídeo onde, supostamente, um jovem soldado russo capturado é alimentado por ucranianos e que chora quando lhe é permitido que fale com a sua mãe. Esta terá sido sossegada quanto ao destino do filho.











há dois anos...


...era reportado o primeiro caso de Covid em Portugal. 
Por essa altura, pelo mundo todo...








terça-feira, 1 de março de 2022

Chopin 212


Estranho que no do dia em que nasceu um dos homens, o pianista e compositor polaco Frederic Chopin, que mais contribuíram para beleza neste mundo, o mundo revolta-se contra a invasão da Ucrânia por parte de um dos homens mais rascas da actualidade: o presidente russo Vladimir Putin.

Tal como por Tchaikovsky, tenho um carinho enorme por Chopin (ambos compositores do período romântico).
Entre concertos, prelúdios, estudos, nocturnos, polonaises e tantas outras peças para piano, escolher uma para celebrar o dia em que Chopin nasceu, 01.03.1810, é algo complicado. Fujo (muito) dificilmente aos nocturnos 1 e 2 (Opus 9) talvez das peças mais bonitas alguma vez escritas para piano.
Se fujo aos nocturnos que mencionei anteriormente, não fujo de todo a outro nocturno, igualmente de uma beleza indescritível: o nocturno em C menor.
Publicado vinte e seis anos depois da morte do pianista, este prelúdio póstumo é tudo o que a obra de Chopin representa: delicadeza, beleza, emoção, elegância e ternura. Faz parar o tempo. Inconscientemente, toda a nossa atenção se vira para ela.

Para os mais cinéfilos, reconhecerão certamente este nocturno no filme de Roman Polanski, O Pianista, no momento em que este tocava ao vivo na rádio polaca quando a invasão nazi começou em Varsóvia.

212 anos depois, a Polónia presta um serviço inestimável à Ucrânia e à Humanidade ao receber todos os refugiados de uma guerra inacreditável porque um imbecil autocrata russo considerou que tinha motivos válidos para invadir um país soberano e independente.
Hoje, celebremos duplamente a Polónia. Triplamente, o pianista que toca este nocturno, Jan Lisiecki, também é polaco.