Creio que o Chico Fininho de Ar de Rock (1980) e o Mago do Bilhar de Mingos e os Samurais (1990), conhecem-se.
São amigos e colegas das noites obscuras. Partilham e palmilham a cantareira do Porto enquanto comentam a vida social bairrista das zonas onde moram Acredito que ambos vivem em pensões baratas, não muito distantes entre si.
Se o Fininho, sujo, esqueléctico e cor de pele cinzenta doentia, andava na noite decadente, e de dia arruma carros, o Mago do Bilhar, de roupa de mau gosto, corrente grossa ao pescoço, a exalar o perfume barato e pestilento vendido nas drogarias a granel, faz do dia a sua noite,
Este vive na noite das caves, cheias de densos e azulados fumos do tabaco, giz para os tacos de bilhar, cervejas pousadas por todo o lado e decoradas a vozes falando bem alto a qualidade das tacadas dadas, ao mesmo tempo que mandavam abaixo as dos seus oponentes.
Fininho e o Mago cruzam-se algures por aí nas vielas escurecidas e duvidosas. São irmãos do oportunismo e da necessidade. Mago dá dinheiro ao Chico para os charros e este provavelmente, dá nomes de alguns patos inocentes e fáceis presas para o Mago os comer numa mesa de bilhar e ganhar dinheiro para pagar as dívidas dos seus excessos.
Na semana passada tentei fugir às músicas mais batidas do álbum homónimo de RuiVelos escrevi que esta semana seria sobre, o que é para mim, o melhor álbum de Rui Veloso: Mingos e os Samurais de 1990.
De novo fujo aos temas mais batidos. Gosto muito da música do Mago de Bilhar. É ela a que escolho para este fim de semana, do álbum dos Mingos.
Bom fim de semana :)
O méno tinha um ar tranquilo
E a calma dum falsário
Tacava suavemente e com estilo
Para enervar o adversário
Tinha já algo de artista
Naquele seu jeito de pluma
A sábia pose dum mestre bilharista
Que nem o próprio tempo esfuma
Ele uma vez deu cento e dez
Ele era o mago dos massés
Tabela seca, três tabelas,
para ele não havia vielas
Ele tinha um pacto com elas
Tinha um pacto com elas
Ele tinha um ar tranquilo
E a ciência das tabelas
Tinha a luz, a classe e o estilo
Que há na poeira das estrelas
Tinha já algo de artista
Só pelo modo de andar
Podia até ser um vocalista
Nem precisava de cantar
Ele uma vez deu cento e dez
Ele era o mago dos massés
Tabela seca, três tabelas,
para ele não havia vielas
Ele tinha um pacto com elas
Tinha um pacto com elas
Ele uma vez deu cento e dez
Ele era o mago dos massés
Tabela seca, três tabelas,
para ele não havia vielas
Ele tinha um pacto com elas
Tinha um pacto com elas