É atribulada a vida do Quim mais conhecido do país.
Parece ser um sem abrigo da vida. A desgraça caiu-lhe bem cedo no colo.
Antes de ser baptizado, já era sócio do Dragão e tinha a avó roubar-lhe as papas Cerelac...
Se o Quim que os Pro'seeds (Berna, Serial e DJ Score) cantam, e que aparece no seu primeiro trabalho chamado Soft Power Sagrado, e o Chico Fininho do Rui Veloso e do Carlos Tê, do longínquo ano de 1980, se encontrassem seriam bons amigos.
Ambos estão perdidos na vida, mas encontraram-na nas ruas. Entre eles há uma diferença de mais de trinta anos Mas há coisas que não mudam. E estes dois quase que poderiam ser irmãos gémeos desencontrados.
O primeiro andava com as beatas da Foz, o outro com merda na algibeira. E se o Chico delirava com trips de heroína, o Quim trafica coca.
Diria que o desfecho foi radicalmente diferente para os dois men. Acredito que o Chico tenha morrido de overdose e de caganeira nas retretes, enquanto que o Quim partiu para o mundo. Aposto com bigode farfalhudo a tapar-lhe os lábios, cordão grosso de ouro ao pescoço, a falar tão alto que ensurdeceria um cão, e convencidíssimo que era fino.
E como o que nasce torto jamais se endireita, mesmo tendo conseguido sair das barracas, as barracas não chegaram a sair dele. Sendo um cidadão do mundo, o desbocado Quim não se vai esquecer da primeira palavra que disse...
Bom fim de semana 😀
Ele nasceu no Porto no Hospital São João
antes de ser baptizado já era sócio do Dragão
o Pai dele era o Nando mas ele ficou-se por Quim
a Mãe bulia por turnos da Rua do Bonjardim
com poucos meses falou e soletrou P.u.t.a.
até a Avó lhe roubava as papas de Cerelac
que a cota comia a ouvir a rádio romântica
baladas do Toni de Matos são partes da sua infância
tinha um brinco de ouro que o irmão o roubou
faz sentido foi o próprio que a orelha o furou
em frente ao retrovisor dum Citroen Ax
era o que tinha desmarcado por baixo do beliche
a kitchenette era um antro de grunhos a partir telas
o seu bairro era isolado como ilhas dos arquipélagos
sair de lá era mentira tinha que se ir a buts
passar por prédios uma bouça e duas escalas no bus
Era uma vez um sócio que conheci
tinha outro andamento o seu lugar não era aqui
o nome dele era Quim e não mandava recados
fazia a festa com pouco o que o tornava engraçado
Ele parava no Rocks e com as betas da Foz
á tarde treinava boxe á noite comprava pó
infiltrava-se em qualquer meio já estava a ficar patrão
cantava sempre de galo pois tinha mais protecção
contactos até da moda vendia coca ao Serrão
ligavam-lhe a pedir sheilas para os estágios da selecção
já estava com outra pausa deixou o papel de peixinho
tinha um iate no Algarve e um terreno no Minho
feiras vinho roupas de linho e Domingos de hipismo
de Verão surfava á noite praticava alpinismo
estava na casa dos 30 andava de roda no ar
até conhecer a Cátia e decidir assentar...
Casou teve 3 filhos acabou-se o glamour
estava efectivo e farto de montar placas pladour
em vez dum maço numa noite só parou no Sá Carneiro
tinha um control na Holanda dum mano do Lagarteiro
e foi para lá em low-cost para trabalhar numa estufa
curtiu comeu de tudo desde rolhas a fufas
instalou-se num bungalow até apranchar-se a uma loira
meio metro mais alta do que ele feia mas grande toura
no emprego chamavam-lhe o "portuguese"
no dia do pagamento faltava para dar uns snifs
na coffee queria dar micos aos filtros que eram de graça
mas nunca se embaraçava mandava-se sempre para a praça
o fim é assim nunca mais vi o Quim
provavelmente ele nem se lembra de mim
tornou-se um cidadão do Mundo no fundo nunca mudou
tentou esquecer quem era mas o bairro nunca o deixou
Era uma vez um sócio que conheci
tinha outro andamento o seu lugar não era aqui
o nome dele era Quim e não mandava recados
fazia a festa com pouco o que o tornava engraçado