Sinceramente, enquanto um voto, qualquer que ele seja, implica interesse pelas instituições, a ausência do mesmo, a abstenção é a melhor forma de protestar: revela indiferença, distanciamento, descrença.
E que crença devemos ter quando as manifestações pro-palestina são proibidas em vários países da Europa como França e Alemanha?
As vidas de milhões de inocentes estão em jogo. Fome, doença, sede a serem impostos selvaticamente com a dita civilização ocidental a assistir no camarote e a bater palmas.
Convenientemente ninguém fala agora em genocídio ou holocausto. Não se ouvem protestos contra a morte de inocentes, e ninguém menciona as centenas de bebés chacinados pelos bombardeamentos cegos israelitas - será que um bebé ou criança morta pelo Hamas é mais chocante ou horrorizante do que se for por Israel?) - da morte de funcionários da ONU e do Crescente Vermelho que foram igualmente assassinados pelos ataques indiscriminados e desproporcionais de Israel.
Está tudo contra o ataque execrável do Hamas, mas ninguém fala em voz alta dos execráveis ataques que Israel anda cometer desde 1948, ano em que o estado de Israel foi criado. São 75 trágicos anos para os palestinianos. 75 anos consecutivos de morte, de ocupação, discriminação, de total falha de respeito pelos direitos humanos.
A Faixa de Gaza tornou-se um gueto, um enorme campo de refugiados acossados por todos os lados, a maior das prisões a céu aberto.
Quem semeia ventos colhe tempestades. Israel está colher ataques de uma organização terrorista que foi criada por este estado não menos terrorista.
Se o Hamas existe, foi porque Israel lhe deu motivos, oportunidades e ódio suficiente para que este exista.
Recordo-me do título do segundo álbum dos Ornatos Violeta: O Monstro Precisa de Amigos.
Israel estava a sentir-se sozinho.