Chernobyl, o pior acidente nuclear que jamais aconteceu, foi há 25 anos no dia 26 de Abril de 1986.
Comemorou-se esse dia - se é que se pode falar em comemoração - ontem, dia 26.
Foi uma altura aproveitada para mais uma vez se erguerem vozes contra o nuclear e questionar e apontar o dedo a este tipo de energia.
Pessoalmente vou contra a corrente. Advogo e defendo a energia nuclear.
Creio que cada vez mais será uma opção a ser considerada por países que ainda não tenham optado por ela.
À medida que o preço do petróleo sobe cada vez mais, será também cada vez mais uma questão a ser e a ter que ser pensada.
Por muito que se deseje, e eu sou também um deles, que as energias renováveis tenham um peso cada vez maior no fornecimento de energia eléctrica, a verdade é que ainda não têm o desenvolvimento tecnológico que as tornem baratas e as façam assumir como fornecedores privilegiados de energia.
Estão ainda a dar os seus primeiros passos. Podem vir a ser uma opção, mas ainda não o são.
O grande problema da energia nuclear não reside nela própria, mas sim no Homem. Reside na sua não preparação para lidar com ela. E com isto quero dizer seriedade.
Todos os problemas que surgiram com centrais nucleares, Three Mile Island em 1979, Chernobyl em 1986 e Fukushima agora este ano, só para mencionar os mais conhecidos, resultaram de problemas e falhas humanas. Desrespeito por regras de segurança e de manutenção. Negligência. Falhou o mais importante: bom senso e respeito pela energia nuclear.
Considero que o verdadeiro problema da energia nuclear é a gestão dos seu resíduos. É aqui que reside o seu calcanhar de Aquiles.
São altamente radioactivos e com tempos de meia vida que podem atingir as centenas de anos ou até mais.
Mas também existe a outra face da moeda. É dos seus subprodutos que a medicina vai buscar os elementos radioactivos para fazer radioterapia. E é o único meio de os obter.
E se pensarmos em acidentes e suas consequências, a energia de origem fóssil, causou mais problemas que as centrais nucleares. E a duração e permanência dos seus danos no meio ambiente não acredito que tenham sido verdadeiramente contabilizados ou sequer que sejam conhecidos.
Os n derrames de petróleo que já aconteceram um pouco por todo o lado tiveram e estão a ter custos económicos e ambientais que não estão ou não foram seriamente mensurados ou estão mascarados.
O custos e as consequências da poluição atmosférica, devido a lançamentos contínuos à escala global de toneladas de CO2 para a atmosfera são tão grandes e de âmbito tão generalizado que ainda não se percebe verdadeiramente o seu alcance.
O certo é que há muita gente assustada com o aquecimento global e o que poderá advir dele.
Quando se pensa em escalas temporais dos danos causados pela queima de energia fóssil, já se pensa não em centenas de anos, mas sim em dezenas de anos. Estas escalas temporais são sistematicamente encurtadas e aceleradas à medida que novos dados vão sendo conhecidos.
Os alertas ambientais lançados por cientistas e ambientalistas soam por todo o lado e sabemos que grande parte deles são ignorados.
Quando começaram os problemas da central japonesa de Fukushima após o terramoto e respectivo tsunami do passado dia 11 de Março, a primeira coisa que os países do nuclear fizeram foi verificar e repensar as regras de segurança.
Pede-se que o Japão feche as suas centrais nucleares, mas não acredito que o faça. Precisamente devido à sua dependência e pelo facto de ser uma energia relativamente barata.
Comparo à queda de um avião. Estuda-se, repensa-se e estabelecem-se novas regras de segurança ou de concepção.
E no entanto cada vez que há um acidente com um, as consequências são sempre elevadas, trágicas e dolorosas.
Mas até ao momento, ainda não acabaram com ele.