sábado, 19 de abril de 2014

uma música para o fim de semana - Ramp





Ricardo, António, Miguel e Paulo. O que dá?? Ramp.

Eles quatro são os fundadores dos Ramp. Uma banda tuga de heavy e trash metal liderada pela voz de Rui Duarte, que se juntou à banda a convite de Ricardo e que já dura há mais de vinte e cinco anos. Vinte e seis este ano mais concretamente.

Não sendo o Metal português particularmente conhecido, os Ramp são do que melhor há por aqui. Pertencem mais aos palcos e à estrada do que ao estúdio.
Quando comemoraram os vinte e cinco anos de existência têm editados 7 álbuns.
O último dos quais em finais do ano passado, um best off, uma "recapitulação da experiência", nas palavras do vocalista Rui Duarte.

Alone é um dos seus temas mais emblemáticos da banda, aparece no álbum Nude e foi naturalmente uma das escolhidas para figurar na colectânea dos Ramp dos seus vinte e cinco anos.
Certamente em contra-senso, pessoalmente que a melhor maneira de ouvir, apreciar e perceber uma banda de metal (ou não) é precisamente é em registo acústico. São o que verdadeiramente são. Sem electricidade, electrónica ou decibéis excessivos sobre a qual é criada uma "almofada de ruído" de protecção.

E os Ramp, para quem não morre de amores por eles (mas não os rejeita) e não é nem de longe nem de perto um seguidor fiel, apenas sei que eles existem, em formato acústico são altamente.
Provavelmente para um metaleiro a sério, puro e duro, isto deve ser uma blasfémia...

Alone (Só) em acústico é a música para este fim de semana.
Atenção à letra que está muito bem escrita e define na excelentemente o conceito de Alone ou de quem o sente na pele.

Bom fim de semana e de caminho... boa Páscoa  :)




I, feel the time, slowly drifting in my veins,
Memories, remains 
Confined, I'm alive, somewhere by the autumn leaves, 
Falling in between

'Cause no one's there to hold my head up high,
No one's there to peace my mind

Alone, lies my soul, I'm so cold, I'm afraid,
To find hollow life 
Sleepless night, empty days

Opaque fading eyes stumble in my face,
Through the crowd I forsake 
Demised I'm aside weaked by the lonely haze,
Of no point, no aim

'Cause no one's there to hold my head up high,
No one's there to peace my mind


Alone, lies my soul, I'm so cold, I'm afraid,
To find hollow life 
Sleepless night, empty days

Alone...


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Gabriel Garcia Marquez (1927-2014)





E agora???
Quem tira as memórias das suas putas tristes dos seus cem anos de solidão? Tornar-se-ão estas eternas???


Grande Ecrã - A Grande Beleza


A Grande Beleza dificilmente consegue cativar alguém nos primeiros minutos.
Um grupo de turistas, talvez japoneses, com tudo aquilo que os caracteriza: em grupo, um tradutor e máquinas fotográficas. Um deles afasta-se e subitamente morre. Sem explicações.
Durante esta introdução temos longos travelings, algo pretensiosos, algo desnecessários e até supérfluos.

Depois sem transição vê-mo-nos a assistir a uma festa num terraço de Roma com o claro patrocínio e olhar da Martini.
Aos poucos e poucos vamos conhecendo Jep Gambardella, encarnado brilhantemente por Toni Servillo. Um sedutor de 65 anos, escritor de um só livro, mas marcante, um homem assumidamente mundano e de mundanidades.

Pelos seus olhos vamos assistindo à decomposição, à decrepitude da classe alta de Roma. À sua superficialidade, à sua decadência, à sua banalidade e pseudo-intelectualidade.
Jep pertence a este mundo. Há muitos anos que o é, e é uma das suas figuras mais proeminentes.
Mas mantém relativamente a ele, uma certa distância crítica, observadora, algo cínica e bastante lúcida. Sabe que pertence a este mundo, mas não se revê nele. É o Nada.
O motivo pelo qual não consegue voltar a escrever várias décadas após ter escrito o livro que o tornou famoso, O Aparelho Humano. Não consegue escrever sobre esse mundo, o seu mundo, porque este se baseia no Nada, explicará mais tarde quando lhe perguntam.pela enésima vez porque não escreveu um segundo livro.

Uma das grandes viragens no filme foram as tertúlias surpreendentemente filosóficas e acutilantes realizadas pelas mesmas pessoas que orbitam no universo de moribundo das elites romanas.
Particularmente uma em que Jep literalmente mostra a Stefania que quem tem telhados vidro não atira pedras ao vizinho. O diálogo, a desconstrução dos argumentos desta, foi cru, incisivo, implacável. No entanto apesar disto sente-se que houve diplomacia nele. Que houve algum cuidado em expor as aparências (porque é disso que mais uma vez se trata), não em destruir a pessoa em causa, apenas a "despir".

Talvez ao longo do filme, apenas um contra, um excesso, um ponto negativo a partir do qual o filme não se curaria. A entrada em cena da irmã Maria, a Santa. Não traz valor acrescentado. É um devaneio displicente e artificial que não se justifica e que no limite não faz sentido.

A comparação com Dolce Vita de Fellini (tive a sorte de o ver) é inevitável mas diria escusada.
Se é verdade que cada um dos realizadores mostra a mesma cidade, Roma, nos seus filmes, as suas visões são opostas.
Através dos seus olhos vemos uma Roma coerente com os tempos em que ambos foram realizados.
É uma Roma bela que Paolo Sorrentino nos apresenta. Mas é o seu lado B. Também ela decadente, superficial, obscura e cheia de segredos como a visão que Jep Gambardella tem dos ambientes e personagens com quem convive.
Fellini, apresenta-nos também uma Roma bela e monumental. Mas pelo contrário esta é sensual, é o centro do mundo, cheia de paparazzi, exuberante, luminosa, longe da escuridão e da cansada decadência de Sorrentino.


Um filme que parecia inicialmente, confuso, estranho e por vezes despropositado e sem nexo vai ganhando corpo, coerência, para depois se entranhar e consolidar e até em determinados momentos nos fascinar.
Para chegar a este ponto é preciso esperar que ele vá decorrendo. Exige a nossa atenção.
As impressões do filme foram mudando em mim à medida que o argumento avançava.
Desinteressante, descrente nele, aos poucos e poucos começou a fazer sentido. A realização começou também ela a fazer sentido, começamos as conhecer cada uma das personalidades envolvidas neste mundo, os diálogos tornaram-se mais consistentes, com mais conteúdo e menos superficiais mesmo sendo proferidos por pessoas superficiais.

Depois de ver a Grande Beleza continuo a pensar que o cinema italiano é o melhor representante do cinema não anglo-saxónico.
Apesar de ter ganho o Óscar para melhor filme estrangeiro este ano, Paolo Sorrentino ainda não tem o peso de Fellini, Pasolini, Etore Scola e Giusepe Tornatore, mas não deixa o cinema italiano em mãos e créditos alheios.




segunda-feira, 14 de abril de 2014

série "estatísticas da vida" - LXXXI


Ainda hoje quando tenho a (grande) sorte de ver o Coiote e o Papa-Léguas, fico sempre na esperança que de ver o primeiro a apanhar o segundo. Ou então que o Coiote não se magoe muito nas suas tentativas.
Sempre foi assim desde que estes dois existem.

Podíamos fazer um peditório ou um apetição para ajudar os gastos médicos do Coiote ou em alternativa pedir aos argumentistas que ele pelo menos num episódio o apanhe ou seja o Papa-Léguas a levar porrada toda.
Ao fim de tanto tempo neste vida seria mais que justo.