sábado, 29 de novembro de 2014

uma música para o fim de semana - Cante Alentejano


Apesar de ser muito menos mediático e estar confinado a uma só região, o Cante Alentejano tem mais piada que o Fado.
Piada no sentido de cativar, chamar a minha atenção. Diz-me mais e parece-me mais genuíno. Os instrumentos estão frequentemente ausentes.
São cantos polifónicos, coros de vozes, cujas origens são remotas, mas não se sabe bem quão remotas poderão ser. Há um aura de desconhecimento, uma nebulosidade que envolve o cante alentejano.
Sabe-se que está ali à nossa frente, não se pensa de onde terá surgido. Os cantares mesmo que antigos cantam sempre o presente. O passado e futuro não estão presentes nas letras.

As suas letras desde sempre que retratam o dia a dia, do Alentejo, as suas planícies, o sol, da monda da terra, dos dias longos e duros. A relação que as pessoas têm com o campo, com o seu trabalho, com a natureza que tal como o seu labor pode ser igualmente agreste.
O canto alentejano resulta num exorcizar, corporativo, polifónico, a dureza de todos estes ambientes.
As pessoas reúnem-se entre si ao final do dias, nas melhores salas possíveis para cantar. As tascas e tabernas. Rodeados de petiscos das suas terras. Celebram a sua terra, o seu Alentejo.
É uma festa. Não é formal. Acabam, vão para suas casas e no dia seguinte tudo recomeça.

Raramente, não é da sua natureza, ter letras marcadamente políticas, incitar à revolta, ou ser um meio de intervenção.
As letras vêm da terra. Não se sabe de onde vêm elas, ou quando ou quem as escreveu. A sua transmissão, o seu cantar é feita oralmente. Elas brotam das vozes, dos campos e dos tempos.

O cante alentejano ao ser considerado esta semana, como Património Imaterial da Humanidade, não vai resultar num mediatismo dos seus cantores, talvez indirectamente. Quem for ao Alentejo ouvir este canto, não vai querer muito provavelmente ouvir um determinado grupo. O que vai querer conhecer a região de onde ele provém.
Esta classificação homenageia muito mais o que rodeia socialmente as planícies alentejanas que o canto em sim, uma vez que este faz parte de um todo maior, não se dissocia da região onde nasceu.

No fado procura-se apenas o fado, um nome de um fadista conhecido. Depois procura-se a sua envolvência. O fado canta o destino, a fatalidade, o cante alentejano, canta a vida.
O Fado fala apenas por si. O Cante Alentejano fala por toda uma região.


Booommmm fffiiiim deeeee semaaaaaaanaa :)

Cantado com sotaque alentejano, meio arrastado com o tronco a abanar lentamente de um lado para o outro. E de caminho juntem as vossas vozes à minha para termos um... péssimo coro alentejano. ;)






quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Cante Alentejano


Três anos após a candidatura vencedora do fado a Património Imaterial da Humanidade, o Cante Alentejano segui-lhe as pisadas. Hoje foi a sua vez . 

Estamos cada vez mais imateriais. O que é óptimo, porque em termos materiais este país deixa muito a desejar e tem muito pouco para oferecer e o que tem vai sendo destruído ou deixa-se destruír por falta de dinheiro ou por outros interesses em jogo.

Por isso, abram-se as portas do Alentejo ao mundo. À sua arte, ao seu trabalho, ao seu quotidiano e por isso à sua arte, o Cante Alentejano.

Cantam Os Ganhões de Castro Verde. Uma das localidades mais emblemáticas desta forma de cantar.




É tão grande o Alentejo

No Alentejo eu trabalho
Cultivando a dura terra,
Vou fumando o meu cigarro,
Vou cumprindo o meu horário
Lançando a semente à terra.

É tão grande o Alentejo,
Tanta terra abandonada!…
A terra é que dá o pão,
Para bem desta nação
Devia ser cultivada.

Tem sido sempre esquecido,
À margem, ao sul do Tejo,
Há gente desempregada.
Tanta terra abandonada,
É tão grande o Alentejo!

Trabalha homem trabalha
Se queres ter o teu valor
Os calos são os anéis
Os calos são os anéis
Do homem trabalhador

É tão grande o Alentejo,
Tanta terra abandonada!…
A terra é que dá o pão,
Para bem desta nação
Devia ser cultivada.

Tem sido sempre esquecido,
À margem, ao sul do Tejo,
Há gente desempregada.
Tanta terra abandonada,
É tão grande o Alentejo!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

miss Hot Legs - 37.5 anos em cada uma delas


Hoje Tina Turner aka Miss Hot Legs faz 75 aninhos. Não sou um dos fãs mais ardentes dela e também não há nenhum tema dela pelo qual tenha um carinho especial.

Mas há uma canção que até gosto sinceramente. Talvez até a única: Proud Mary.
Das n versões desta canção, uma em particular destaca-se.  A cantada ao vivo nos Grammys de 2008.
A Tininha ainda era uma rapariga nova, uma vez que ainda não tinha chegado aos 70 anos, só tinha 69...

Juntas em palco estão duas rainhas de diferentes anos e gerações. Décadas 80 e 90 para a Tina e nos tempos que correm para a Beyoncé, mas também em género musicais diferentes. Rock para a primeira e R&B para a segunda.

Há duas razões para gostar desta versão em particular. Para além da canção, não é só o par de pernas, as tais hot legs de 37.5 anos cada uma, da Tina Turner que aparecem mas também o par de pernas de Beyoncé.
E também não tenho nenhum fascínio em particular pela Beyoncé nem pelo R&B.

Mas ter dois pares de pernas quentinhas - um deles é bem mais quentinho que o outro... - a cantar ao mesmo tempo é altamente.

Mas atenção! O post é dedicado à Tina Turner, não à "outra". Não se deixem ofuscar... ;)