Texto previamente publicado na revista de artes on line Textualino, alguns dias antes de partir para uma viagem pela África Oriental.
Daqui a poucos dias vou viajar. É uma das duas coisas que mais gosto de fazer na vida. A outra, também ela associada à viagem é fotografar.
Antes de viajar faço sempre trabalho de casa. Conhecer previamente o(s) país(es) que me vai(vão) receber.
Desse trabalho de casa, procuro conhecer um pouco das sua gentes, história, religião, cultura e etnia.
Conhecer aquilo que se chama os “do & don’t do” de quem viaja.
A outra parte desse trabalho de casa é tentar conhecer fotograficamente o país ou a zona para onde vou.
A ideia aqui é perceber como se pode abordar o país da paisagens, dos monumentos, dos rostos e dos seus costumes.
Recorro muito a revistas, à Internet e a… Steve McCurry.
Não tanto pelos sítios por onde viaja, mas por aquilo e pela intensidade que fotografa quando viaja.
A minha inspiração está na sua página oficial e no seu blog. Diria que são dois Steve McCurrys.
O Steve McCurry da
página oficial é profissional e comercial. Tudo o que faz aqui é planeado e pensado. É perfeito. Os temas, as cores, a composição. O momento.
Visitar as galerias desta página é dar a volta ao mundo, Um mundo social e paisagístico certamente desconhecido e muito diferente daquele por onde a nossa rotina passa.
Aqui encontro aquelas fotografias que olhando para elas e não percebo como são feitas, aquelas que pergunto a mim próprio como é que se tira uma igual. Parecem impossíveis.
É o Steve McCurry que venero.
Depois há o Steve McCurry do
blog com o qual tenho uma grande empatia.
É um Steve McCurry igualmente poderoso – algumas fotografias estão também na sua página oficial – mas é mais “acessível”, mais humano e descontraído na sua maneira de fotografar.
Torna-se um fotógrafo mais ingénuo, que se aproxima mais de nós. Deixa-se tocar. Conhecemos o seu pensamento e as suas impressões.
Este é o Steve McCurry que mais gosto e admiro. O meu professor.
Vale a pena conhecê-lo, a ir para além da fotografia da rapariga afegã que o celebrizou, Sharbat Gula.
Entrar na força dos olhos, no sorriso, às vezes da dor de quem é tocado pela câmara dele.
Conhecer as condições de vida muitas vezes brutais do Afeganistão ou Paquistão, o dramatismo e surrealidade da guerra, conhecer as gentes e as cores da Índia, da antiga Birmânia ou de Nova Iorque.
É um convite para viajar pelo mundo pelos olhos de Steve McCurry. Muitas vezes é um outro mundo e outras realidades que ele nos apresenta.
Deixem-se fascinar.