sábado, 12 de novembro de 2022

uma música para o fim de semana - Chuva de Prata (Gal Costa)


Tinha íntimas raizes portuguesas. A avó era filha de portugueses e o avô originário da ilha da Madeira.
Para muitos e muitos portugueses, Gal Costa, que chegou a ser pensada para desempenhar o papel que seria entregue a Sónia Braga, entrou pela primeira vez nas suas vidas e casas ao cantar o tema de abertura da telenovela brasileira Gabriela. Estávamos em 1977.

Gal é uma cantora absolutamente consensual entre os que apreciam, ou não, a MPB. 
Nascida em 1945 em Salvador, Bahia, com o nome Maria da Graça Costa Penna Burgos. 
Contou com dezenas de sucessos em cinquenta e sete anos de carreira. Os títulos não faltam e serão sempre poucos para ilustrar uma carreira impar:

Baby
Gabriela
Balance
Meu nome é Gal
Um Dia de Domingo
Desafinado
Nada Mais
Meu bem, meu mal
Chuva de Prata 

As vozes, intergeracionais, que com ela cantaram, e tocaram, são inúmeras e todas estrelas maiores do panorama musical brasileiro, entre elas estão: Caetano Veloso amigo desde sempre), Tom Jobim, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Seu Jorge e Criolo. 
Lançou o seu primeiro álbum em 1967, chamado Domingo, em conjunto com Caetano Veloso. 
É no ano seguinte, 1968, que grava o primeiro álbum apenas com a sua voz e com título do seu nome: Gal Costa. Apesar de gravado nesse ano, só em 1969, por motivos políticos, este seria de facto lançado ao público.
Impedida de ter filhos por motivos físicos, Gal Costa adopta em 2007, Gabriel Penna Burgos. Afirmaria sobre Gabriel que este era a sua luz.

Gal Costa morreu na quarta-feira passada, 09.11.2022, aos 77 anos. Sabe-se agora que foi de ataque cardíaco talvez consequência de uma cirurgia realizada à fossa nasal direita para remoção de um nódulo.
Seu último trabalho data de 2021 e chama-se Nenhuma Dor.
Mas é com a última canção da lista de exemplos - Chuva de Prata - uma música doce e envolvente, bem representativa do que a MPB é, que não podia ter tido outra voz que não a da baiana, que a relembro.





Se tem luar no céu 
Retira o véu e faz chover 
Sobre o nosso amor 
Chuva de prata que cai sem parar 
Quase me mata de tanto esperar 
Um beijo molhado de luz 
Sela o nosso amor Basta um pouquinho de mel prá adoçar 
Deixa cair o seu véu sobre nós 
Oh lua bonita no céu Molha o nosso amor 
Toda vez que o amor disser, vem comigo 
Vai sem medo 
De se arrepender 
Você deve acreditar 
No que é lindo 
Pode ir fundo 
Isso é que é viver 
Cola seu rosto no meu vem dançar 
Pinga seu nome no breu pra ficar 
Enquanto se esquece de mim Lembra da canção 
Toda vez que o amor disser vem comigo! 
Vai sem medo 
De se arrepender 
Você deve acreditar no que eu digo 
Pode ir fundo 
Isso é que é viver 
Chuva de prata que cai sem parar 
Quase me mata de tanto esperar 
Um beijo molhado de luz 
Sela o nosso amor 
Enquanto se esquece de mim 
Lembra da canção 
Oh lua bonita no céu 
Banha o nosso amor







sexta-feira, 11 de novembro de 2022

a Esteira entra na adolescência


Há um ano, a Esteira andava pelas ruas de amargura. Moribunda, até.
Hoje completa o décimo terceiro ano de existência, torna-se uma adolescente, e de uma forma, algo inesperada, pujante.
O número de posts e de entradas no blog aumentaram significativamente.

O ambiente, vegetarianismo/ veganismo foram os temas fortes da Esteira este ano. São os temas, se não Os temas, que mais me incomodam e causam ansiedade. 
Os maus tratos animais, as execráveis touradas, o sofrimento, a reclusão, a exploração das suas vidas para nosso consumo e divertimento é de uma crueldade atroz.
Se começa a haver uma maior consciência para estes temas, o que se faz de facto por eles é uma gota de água no que é preciso fazer. São actos pífios que se destinam mais a acalmar o peso nas nossas consciências do que realmente a mudar algo.
O que estamos a fazer ao planeta, e logo a nós próprios, é de uma estupidez lancinante. Como o próprio Guterres afirmou recentemente, é um suicídio colectivo que a humanidade está a fazer a si própria.
O que fazemos ao planeta reflecte-se em nós, em toda a biodiversidade que coabita connosco nesta maravilhosa e lindíssima rocha. Os nossos filhos estão a herdar um planeta climaticamente em convulsões. Mas serão os nossos netos que herdarão um planeta a rondar o inabitável. Sofrerão bastante. Nessa altura, espero, desejo, e acredito, que nos apontem um dedo acusatório como sendo a geração que tendo a possibilidade de mudar algo, preferiu fazer muito pouco.

Outro dos temas regulares e favoritos da Esteira é a música. Apesar disso a rubrica "Uma música para o Fim de Semana", a mais antiga do blog com mais de onze anos de existência (começou em Abril de 2011), praticamente cessou. 
Durante largos anos o seu foco era a música portuguesa. Esta "obrigação" de postar semanalmente música portuguesa, e algumas até nem gostava particularmente, tinha uma dificuldade acrescida: não ouço música portuguesa regularmente e quando o faço é na área do jazz.
Agora vai aparecendo aqui e ali, mais internacional, e apenas quando algo relevante passa pelos meus ouvidos.
"Uma ida ao Baú" tem aparecido mais vezes. A música, principalmente, do anos 80 e das décadas anteriores é de uma riqueza inestimável e dá-me um prazer enorme, mas não revivalista, de as trazer ao de cima. A sábia frase "Oldies but Goldies" diz tudo sobre estas músicas.

A ironia, a caricatura e o absurdo dos nossos dias, continuarão a ser o prato forte da Esteira.

Se o dia 11 de Novembro é famoso por ser dia de anos da adolescente Esteira, acontece que de uma forma acessória 😜, também se comemora o dia que mais caracteriza e tipifica o Outono: o dia de São Martinho, o magusto e o vinho novo.
Saúde à Esteira, a vocês e a São Martinho 🍾🍷




terça-feira, 8 de novembro de 2022

série Vencedores - Gustavo Ribeiro





Nasceu em Março de 2001. Cinco depois anos ao pôr os pés em cima de uma tábua de skate, oferecida pelo tio na noite de Natal, se tornou uma paixão e mais tarde uma forma de vida.
Para a esmagadora maioria dos portugueses, que agora o conhecem (eu incluído), o seu nome surge pela primeira vez no espaço mediático, no Jogos Olímpicos do Japão em 2021 quando disputa a final da modalidade na versão "street" atingindo o oitavo lugar.

Entre vários prémios e diversas posições em lugres cimeiros da modalidade ao longo de vários anos, 2022 é o ano de verdadeira coroação de Gustavo Ribeiro. Domingo passado, 06.11.2022, o skater tornou-se o primeiro português a ganhar a SLS (Street League Skateboarding) Super Crown no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, Brasil

É curioso saber se Gustavo Ribeiro será igualmente condecorado pelo nosso fala-barato presidente da República Portuguesa. Mas como Gustavo só desliza sobre rodas em vez de dar pontapés na bola, este (entre outros) deve passar ao lado da merecida condecoração.
Espero que me engane...

Parabéns Gustavo!