Voemos. Transportamos-nos para outras paisagens. Deixamos o corpo para trás e partimos com a alma para um mundo bonito, sem pressas.
O tempo é algo indistinto, um objecto indefinido, moldável como plasticina nas mãos de uma criança.
Voamos. A paisagem muda com a nossa vontade, à nossa vontade. Montanha, neve, vales verdejantes, searas douradas. Podemos tirar ou pôr sol, tirar ou pôr nuvens. O tempo estar mais quente ou mais frio, o céu ter um azul ofuscante ou um cinzento difuso.
Mas algo não acontece certamente: borrascas, marés destrutivas, ventos de meter medo, frio de gelar ou um calor de estalar.
A música serena de Lolita, dos portugueses Catacombe, não permite que tal aconteça. É um registo delicado e introspectivo. Navegamos de novo nas águas oníricas e hipnóticas do post-rock.
No entanto o álbum Quidam não tem apenas a suavidade de Lolita, antes é uma manta feita de retalhos de cores e texturas diferentes. À calma contrapõe a energia, à suavidade contrapõe a intensidade, ao que é linear encontramos também a complexidade.
Com o seu álbum de 2014, os Catacombe tornaram-se uma das grandes referências do post-rock nacional.
Bom fim de semana ☺