Não tenho qualquer tipo de admiração pelo Carlos Castro.
Movia-se dentro de uma área pela qual não tenho muita consideração, mesmo quando feita com alguma seriedade: a crónica social.
É um tipo de “jornalismo” pantanoso que vive maledicência, que vive do denegrir da vida alheia, da coscuvilhice e dos mexericos, do faz de conta.
Carlos Castro era dos bons. Experiente, mediático, de língua afiada e viperina, tinha nome e provas dadas nesta “arte”.
E naturalmente como qualquer cronista social que se preze tinha a sua agenda cheia de nomes do mundo cor de rosa, das artes, televisão e moda.
Exactamente aquilo que Renato Seabra precisava para poder entrar e subir no mundo da moda que um programa de televisão da SIC lhe tinha aberto as portas. A boleia necessária.
Por isso, acredito que Renato Seabra, um puto ingénuo vindo da província e desejoso de entrar nesse mundo da moda, ao ser contactado por Carlos Castro via Facebook, se tenha ele próprio e de livre vontade, enleado nestes ambientes para conseguir franquear a desejada porta.
Acredito que na sua ingenuidade Renato se tenha esquecido ou não soubesse, que não há almoços grátis e que os favores se pagam. Um preço que se dispôs a pagar voluntariamente durante algum tempo, numa relação que já acontecia antes do episódio de NY, mas que provavelmente com elevados custos de consciência
Acredito que para cometer crime de assassinar Carlos Castro, o puto Renato Seabra tenha atingido limites muito altos. Provavelmente por remorsos ou revolta contra sí próprio pelas opções de vida tomadas, virou-se e atentou contra o homem, talvez companheiro da altura, que provavelmente o sustentava e até estaria a levá-lo ao status que Renato desejava.
Sabendo que Carlos Castro era um gay assumido, a preocupação maior e imediata da família foi
afastar o estigma da homossexualidade de Renato Seabra.
Limpar o nome de um membro seu desta pseudo-mancha, como se tratasse de uma questão de honra a manter. Afinal o rapaz até tinha namorada.
Este esforço teve eco na comunicação social que até o ampliou. Criou na sociedade simpatia pelo jovem e subtilmente transformou-o mais numa vítima e abusado que num criminoso.
Por isto, admito que se corre o risco de se estar a acender um rastilho de propagação de sentimentos anti-gay que pouco a pouco e em surdina podem-se generalizar.
Quase se transmite a ideia que com a morte de Carlos Castro se tenha extirpado uma erva daninha, se tivesse curado um doente.
Como se na homossexualidade do cronista residisse a prova ilibatória do crime de Renato Seabra e a sua atenuação e menorização aos olhos da sociedade.