Nos últimos meses pela Esteira tem passado variados estilos de música: jazz, funk, soul, post-rock e até mornas. Hoje bateu umas saudades da música tradicional portuguesa.
Altura de a recuperar.
Estamos em 2010. Dois Joões, o Gil e o Monge, juntavam-se e com outros músicos criavam o Baile Popular. Pretendiam ressuscitar a música tradicional, a música popular portuguesa. Deste projecto nasceu o álbum com o mesmo nome do grupo.
De longe, duas músicas sobressaem das onze que perfilam no álbum: Rosa à Janela e Rosa Albardeira.
A primeira já tinha passado por aqui, há pouco mais de seis anos. Quanto à segunda, eu estava em dívida para com ela. Há algum tempo que queria ela aparecesse na música para o fim de semana.
Rosa à Janela, é viva, alegre, despreocupada, arrasta-nos e contagia com a sua despreocupação. Um carrossel colorido e rodopiante.
Rosa Albardeira é quase o oposto. Compassada. É pensativa, nostálgica, dolente até.
Não nos arrasta. Somo nós que a vamos buscar. Queremos ir buscá-la.
A voz é de Paulo Ribeiro. Era quem cantava, nos inícios dos anos 90 do século passado, na banda Anonimato, que passou despercebida do grande público.
Mostra-nos, conduz-nos, pela delicadeza de Rosa Albardeira. Uma flor silvestre, também conhecida por Peónia, que abunda nas serras e nos matos.
Conta como ela é frágil, delicada e bela. Criamos empatia pelo desejo de protecção que emana da letra e da voz.
Por ele desejar algo que não pode ter. Até tem, até tem, mas não da forma que deseja. Mas aceita esse destino. Dá-lhe a sua ternura, a sua protecção, a paz. E o mais importante, dá-lhe a sua compreensão.
Bom fim de semana ☺
ROSA-ALBARDEIRA
vi uma rosa-albardeira
ai se eu pudesse colhia-a
mas disse-me um passarinho
que se a colhesse morria
que se a colhesse morria
pois não se dá prisioneira
meu amor, eu não sabia
que eras a rosa-albardeira
fui-te a ver e não voltei
deixei pai, deixei mãe
e a casa onde nasci
és para mim a primeira
queira deus ou não queira
já não me largo de ti
fui-te a ver ao pé da serra
a tua rosa foi minha
e semeei-te na terra
à noite pela fresquinha
um dia quando eu partir
fica a nossa sementeira
de nós dois há-de florir
mais uma rosa-albardeira
fui-te a ver e não voltei
deixei pai, deixei mãe
e a casa onde nasci
és para mim a primeira
queira deus ou não queira
já não me largo de ti
vi uma rosa-albardeira
ai se eu pudesse colhia-a
mas disse-me um passarinho
que se a colhesse morria
que se a colhesse morria
pois não se dá prisioneira
meu amor, eu não sabia
que eras a rosa-albardeira
fui-te a ver e não voltei
deixei pai, deixei mãe
e a casa onde nasci
és para mim a primeira
queira deus ou não queira
já não me largo de ti
fui-te a ver ao pé da serra
a tua rosa foi minha
e semeei-te na terra
à noite pela fresquinha
um dia quando eu partir
fica a nossa sementeira
de nós dois há-de florir
mais uma rosa-albardeira
fui-te a ver e não voltei
deixei pai, deixei mãe
e a casa onde nasci
és para mim a primeira
queira deus ou não queira
já não me largo de ti