sábado, 15 de agosto de 2015

uma música para o fim de semana - Despe e Siga


Tenho que admitir. O verão é positivo em duas situações: beber cerveja e vinho verde com prazer redobrado.

Os Despe e Siga percebiam da poda quando pegaram no tema Fiesta dos Pogues e fizeram um cover em português adicionando um ingrediente secreto, aliás dois, dignos do Sá Pessoa, se ele se lembrasse, uma garrafa de vinho verde Casal Garcia e a Maria.

A letra toda ela celebra o verão. Vive o presente, a despreocupação, os ambientes de festa e os aromas da estação mais silly de todas.
Para os que consideram que a sonoridade cheira a Sitiados, têm razão. A Sandra que a letra fala é a acordionista Sandra Baptista que realmente foi "emprestada" pelos Sitiados aos Despe e Siga.

A música chama-se Festa. É do primeiro álbum dos Despe e Siga lançado em 1994.

E para aqueles que se questionam que o nome Despe e Siga é muito semelhante ao nomeda banda Peste e Sida, têm razão. Os Despe e Siga nascem dos mesmos elementos que formam a banda dos Peste e Sida.

Quanto aos Pogues e o seu original Fiesta, a maior parte do pessoal nem sabe que título é esse.
Verdade, verdade, nem sequer é necessário. De todo!


Bom fim de semana :)




Festa

Comprei uma garrafa de Casal Garcia,
Para beber mais a Maria
Preparamos uma festa
Hoje é noite de folia

Já temos fados e guitarradas
Temos vinho e sardinhadas
E a Sandra com o seu acordeão
Dá os acordes no refrão

Venham daí rapaziada
Começa a festa não tarda nada
E esta noite é sempre a abrir
Porque pro ano
Ainda está pra vir

Já só do vinho,
Temos parodia
E a banda toca uma rapsódia
Berra o fadista, de cima do palanco
"eu só quero que me saia branco"

É copo cheio e siga a dança
E até os velhos esquecem a pança
E o bairro está todo em alvoroço.
Está tudo grosso, está tudo grosso

Venham daí rapaziada
Começa a festa não tarda nada
E esta noite é sempre a abrir
Porque pro ano
Ainda está pra vir

Anima a festa pela madrugada
Chega a policia para dançar a lambada
Grandes alhadas e grandes ramboias
Já há tourada e belas bóias.

Só fico eu, mais a Maria
Com a garrafa de Casal Garcia
E a Sandra com o seu acordeão
Dá os acordes no refrão

Venham daí rapaziada
Começa a festa não tarda nada
E esta noite é sempre a abrir
Porque pro ano
Ainda está pra vir


terça-feira, 11 de agosto de 2015

série "vencedores" - Hospital Santa Maria, Miroslava Gonçalves e Ruben Fortes


O que Ruben Fortes passou desde que foi atropelado por um camião há cerca de um ano, consegue ser maior que a lista de crimes do preso 44 de Évora e do Ricardo Salgado juntos.


Foi transferido de urgência do Hospital de Portimão para o Hospital de Santa Maria de helicóptero.
Esteve dois meses em coma induzido, precisou de fazer morfina para suportar as dores, por isso criou dependência, teve que a largar, fez vários excertos de pele, desarticulou a anca esquerda e por causa disso sofreu uma amputação total da perna esquerda.

Isto tudo porque lhe apareceu uma miosite ossificante. Um espécie de toque de Midas mas mais pernicioso.
Em vez de ouro, transforma todos os tecidos, incluindo músculos afectados, em osso.
A única maneira de salavar Ruben era através de um cirurgia.
Quarenta e cinco hospitais internacionais foram contactados para ajudar, nenhum aceitou o caso de Ruben.

O Hospital de Santa Maria resolveu fazê-lo para tentar salvar a vida de Ruben.
A cirurgia durou dez horas. Nela participaram, para além da pediatria, a especialidades de ortopedia, cirurgia plástica, cirurgia vascular, oncologia, hematologia e anestesiologia.
Contra todas as expectativas e probabilidades a cirurgia correu bem.

Todas as equipas do Hospital de Santa Maria, coordenadas por Miroslava Gonçalves, directora de pediatria do Hospital de Santa Maria são vencedores,
Mas Ruben para além de vencedor é também um herói.

De todos Vencedores que por aqui passaram este, creio que este é o único que não se relaciona com desporto, e juntamente com os paraolímpicos é também este que maior admiração tenho.


Ruben Fortes, és um monumental vencedor.


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

série "estatísticas da vida" - CXXXV


Ou então leva uma carga de lenha, fica todo partido, em farrapos, e depois safa-se ou vem alguém safa-lo.
Tipo Bond. James Bond.




domingo, 9 de agosto de 2015

Hiroshima e Nagasaki - 70 anos do belo horrível


No dia 6 de Agosto de 1945 foi largada a bomba de Hiroshima, três dias depois, a 9 de Agosto de 1945, caia a segunda bomba nuclear em Nagasaki.
Faz nestes dois dias de 2015 setenta anos que o Estados Unidos se tornaram tristemente, o único país no mundo a largar bombas atómicas sobre um país.

O número de mortes, mais de duzentos mil entre os que morreram directamente devido explosão das bombas e os morreram como consequência dos ferimentos e radiação que se depositou no solo e infraestruturas.


Independentemente dos infames argumentos que foram invocados pelos americanos para fazerem detonar a bomba atómica - eu sou dos que pensam que foi um genocídio e logo um crime contra a humanidade - há algo extremamente perturbante do meu ponto de vista nesta bomba. Ela é bela.


O deflagrar do cogumelo atómico é algo de extraordinariamente elegante e belo.
A forma do cogumelo, a altitude que alcança - a bomba de Nagasaki atingiu os 18 quilómetros de altura e era mais fraca que a de Hiroshima - o calor que gera é mais quente que a superfície do sol, a inacreditável luminosidade, as suas cores, a velocidade das ondas de compressão tremendas que são libertadas, são de uma beleza horrível, fúnebre, porque causam devastação, caos, morte, destruição, mas ao mesmo tempo não deixam de ser belas.

E o que mais impressiona é a monstruosa energia libertada por algo tão minúsculo com um átomo a quebrar e a sua posterior reacção em cadeia.

Não coloco imagens do horror de Hiroshima ou Nagasaki, são por demais conhecidas, mas sim, o quanto belo pode ser o horrível.

A fotografia é da bomba de Nagasaki, o vídeo é do detonar da bomba nuclear mais poderosa de sempre, a soviética Tsar bomb.