sábado, 18 de novembro de 2017

uma música para o fim de semana - Golden Slumbers


É sempre curioso ver alguém, dentro da música nacional, a iniciar projectos um pouco fora da caixa.
É preciso coragem. Quem entra pelo jazz, funk ou blues, sabe que está a entrar em território complicado, em terrenos algo pantanosos. São nichos de mercado pequenos, pouco conhecidos e divulgados, e a sobrevivência não é nada fácil.

Em 2013, as Golden Slumbers, um nome que remete para o tema homónimo de uma canção dos Beatles, as irmãs Catarina e Margarida Falcão decidiram entrar nesses territórios, o folk e country, mas na linha tradicional americana, o que torna as coisas ainda mais difíceis.
Cat Power e Norah Jones, esta última no registo de My Bluberry Nights, são influências completamente reconhecíveis no trabalho das duas irmãs.

O tema My Love is Drunk, que lançou o EP I Found The Key, vai directo ao assunto nestas influências. Um trio, com duas vozes muito características e distintas, uma guitarra e com uma pequena e discreta banda, dando todo o palco sonoro necessário para que as vozes da Catarina e Margarida se destaquem.


Bom fim de semana ☺





Catch a train to nowhere town 
And there nothing left to do 
Where I lived there was someone around 
But now there’s not much left to hold on to 

You always said I was a strange girl 
Couldn’t make up my mind 
I started thinking I could be wrong 
Maybe a year isn’t that long 

I got a ride from a nice old gal 
And she told me what her life was like 
She prayed to God that husband was out 
So she could find some peace of mind 

She always said she was a strange girl 
She couldn’t make up her mind 
She started thinking she could be wrong 
Maybe a forever ain’t that long 

My love, he’s drunk, on my love again 

I always knew you were a strange boy 
Too sure of your own mind 
You were the reason for the lack of time 
You started thinking you could be wrong 
But got too scared to even go on 
And you’re hoping you don’t pay the fine. 

My love, he’s drunk, on my love again



sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Grande Ecrã - Blade Runner 2049


Há filmes que não são para ser mexidos. Sequelas, prequelas, spin off, remakes, reboots, o quer que seja, não é para ser feito. Blade Runner: Perigo Iminente de 1982, realizado magistralmente por Ridley Scott, é um desses. Ele é perfeito e dentro da ficção científica não há muitos que sejam capazes de ombrear com ele. Passados trinta e cinco anos alguém pensou o contrário. O realizador canadiano Denis Villeneuve decidiu realizar uma sequela dele: Blade Runner 2049.

Aqui separam-se as águas tal como Moisés fez no Mar Vermelho: os que viram Blade Runner para um lado, os que não viram para o outro.
Para quem não viu Blade Runner, não é fácil seguir o argumento, algo abstracto por falta de uma contextualização adequada.

Os que o viram, vão reconhecer a lógica da caça aos replicants, a linha quase indistinta entre alma e a consciência da inteligência artificial, que tão bem estava trabalhada no primeiro filme mas agora abordada de uma forma atabalhoada e confusa.

Aos que se sentaram pela primeira vez numa sala de cinema Visualmente o filme espanta pelas cores, pela grandiosidade dos cenários, pelo gigantismo dos ambientes de uma Los Angeles distópica e pós-apocalíptica, de ruas cinzentas, plenas de neons e vozes em fundo, e a atmosfera densa poeirenta e avermelhada de Las Vegas.
A música de Hans Zimmer é atmosférica, etérea, mecânica e sombria. Ela é um filme dentro de outro filme
Mas para quem tem Blade Runner na memória, a fotografia e a banda sonora soam familiares. É um regresso a casa, mas não em toda a sua plenitude. Falta o conforto, falta o espanto, falta o deslumbre, o mergulho no vazio da música de Vangelis de há trinta e cinco anos.

É bom rever o Deckard de Harrison Ford, o velho Blade de Runner. Quando este surge, o filme ganha logo outra dinâmica. O mau da fita é desempenhado pelo canastrão e boçal Jared Leto, Ryan Gosling, o actual Blade Runner, o agente K, está em modo piloto automático, Ana de Armas (linda de morrer!), resulta muito bem como Joi, uma inteligência humana virtual a qual K tenta por todos os meios corporizar fisicamente.

Para quem, na separação das águas de Moisés, ficou do lado dos que viram a obra prima de Ridley Scott, percebe perfeitamente que há coisas que não devem ser mexidas.
Talvez não seja de estranhar por isso que Ridely Scott se tenha remetido para a produção, enquanto Denis Villeneuve tentava (honestamente) dar uma continuidade, uma extensão credível e conseguida à história de contada em 1982.
As grandes obras primas só são criadas uma vez. Não lhes é permitida uma segunda vida para elas.
O legado de Blade Runner: Perigo Iminente é demasiado pesado para Blade Runner 2049.







série "pessimismos" de David Daneman VI





terça-feira, 14 de novembro de 2017

um poema de... Ana Garjan (sobre jazz)


Um solo de jazz

Uma noite,
Um vinho tinto,
Um beijo
Um solo de sax
marcando o ritmo...

Uma noite intensa como um jazz
Um amor de improviso
Um toque de música
a pulsar nas veias...

O vinho escorre
pelo céu da boca
e se mistura a um beijo
sob o tapete de estrelas
de uma noite de lua...

Sentimento e sentidos
intensos e densos,
marcantes como música.

Um solo de sax...
Transcendendo limites
como um sonho sem volta

Um toque, um jazz,
sentidos alertas,
e o amor prega peças,
a noite enfeitiça.

O vinho escorre da taça
e tem gosto de beijo...
Um beijo ritmado
como um solo de sax
marcando os sentidos...

Ana Deva's Garjan


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

série "estatísticas da vida" - CCXLIX


Já com poças de sangue por causa de uma guerra de gangs, partem atrasados para uma perseguição a carros dos maus da fita a alta velocidade, destruindo toda a cidade sem que ninguém morra, e no fim os polícias falham redondamente.

Não é fácil ser-se polícia nos filmes...