sábado, 18 de fevereiro de 2017

uma música para o fim de semana - Al Jarreau


Algures em 1990 estreava na televisão portuguesa uma série que fez furor: Modelo e Detective.
Contava a história de uma antiga modelo, Maddie Hayes, desempenhada pela lindíssima Cybill Shepherd, que perdeu todo o dinheiro que tinha por causa de um golpe dado pelo seu empresário e descobre que a única coisa que lhe restava era uma agência de detectives chamada City Angels e que depois mudaria o nome para Blue Moon.
À frente da agência estava David Addison, brilhantemente encarnado por alguém ainda muito desconhecido no meio televisivo e ainda mais no cinema: Bruce Willis.

Mas talvez mais depressa que a beleza e elegância de Maddie, ou o humor sarcástico e corrosivo de David, era a canção que abria cada um dos episódios e cujo título era ao igual ao título da série em inglês - Moonlighting.
Quando soube que Al Jarreau, filho de um pastor cristão e de uma pianista, psicólogo de formação e seguidor da Igreja da Cientologia, tinha morrido no passado domingo - 12 de Fevereiro - a primeira coisa que imediatamente assomou à minha memória, foi essa mesma canção.

Não segui muito a carreira de All Jarreau. Concordo em absoluto que a sua voz era única e facilmente reconhecível.
Não considero, de todo que tenha sido uma das melhores vozes de sempre na área do jazz e do R&B, mas este Moonlightning...

Bom fim de semana





Don't You Change
Some walk by night
Some fly by day
Nothing could change you
Set and sure of the way.

Charming and Bright
Laughing and gay
I'm Just a stranger
Love the Blues and the Braves

There is the sun and moon,
They sing their own sweet tune,
Watch them when dawn is due,
Sharing one space.

Some walk by night
Some fly by day
Some think it's sweeter
When you meet along the way

Come walk by night
Come fly by day
Some thing is sweeter
Cause we met along the way

We'll walk by night,
We'll fly by day,
Moonlighting strangers
*Who just met on the way..

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

um poema de... António Feijó (no dia de São Valentim)



Em inglês chamam-lhe "guarded heart"

A Armadura



Desenganos, traições, combates, sofrimentos,
Numa vida já longa acumulados, vão
— Como sobre um paul contínuos sedimentos,
Pouco a pouco envolvendo em cinza o coração.

E a cinza com o tempo atinge uma espessura
Que nem os mais cruéis desesperos abalam;
É como tenebrosa, impávida armadura
Ou couraça de bronze em que os golpes resvalam.

Impermeável da Inveja à peçonhenta bava,
Nela a Calúnia embota os seus dentes ervados;
Não há braço que possa amolgá-la, nem clava
Que nesse duro arnês se não faça em bocados.

E no entanto, através dessas rijas camadas,
Ou rompendo por entre as juntas da armadura,
Escorrem muita vez gotas ensanguentadas
Que o coração verteu dalguma chaga obscura... 


António Feijó, in 'Sol de Inverno'