Pelas montanhas da cordilheira dos Andes, uma espécie de coluna dorsal de toda a América do Sul, andei de bicicleta, andei a cavalo e andei pelo meu próprio pé.
Se há lugares onde pertenço, claramente a montanha é um deles. Entre elas sinto-me em casa. São lugares onde sinto e consigo encontrar paz tremenda. São lugares cuja beleza e força falam comigo num diálogo sem palavras.
Elas atraem-me.
Não apenas pela paisagem, não apenas pelo branco da neve, do verde das árvores, do azul ou cinzento dos céus, pelos reflexos dos lagos ou dos jogos entre a luz e as sombras.
Seduzem porque são envolventes. Porque são belas e elegantes.
Porque as montanhas são sábias e têm vontade própria. Umas vezes querem-nos lá, outras não. Por vezes fazem-se difíceis e testam a nossa vontade e determinação.
No meio delas descobrimos quem somos. Conhecemos os nossos limites. Trazem ao de cima o melhor e o pior de nós.
Se fossem mulheres seriam voluptuosas e de personalidade volátil. Seriam mulheres de mistério e de caprichos. Inconstantes, por vezes fatais.
Seriam capazes do maior dos carinhos e também da maior das rejeições. Seriam capazes de nos acariciar com a mais suaves e doce das brisas, como nos afastariam e cegariam sem dó nem piedade com ventos gritantes e ásperos.
Elas seriam dúvida mulheres difíceis. Por vezes conquistadas, mas nunca domadas.
Mas no entanto, sempre atraentes, sempre belas e elegantes.
Sempre fascinantes e sedutoras.
Por tudo isto quando pensei que música haveria de sugerir para o primeiro fim de semana do meu regresso, Fausto e seu último trabalho, lançado em 2011, Em Busca das Montanhas Azuis e o tema Fascínio e Sedução veio quase de imediato a cabeça.
E elas são muito luxuriosas
na sua lascívia
e muito se animam em gestos
por luxuriar
e transluzem
na dança das pernas
pela arte das mãos
os olhos que brilham e fitam
de alto a baixo
a questão