sábado, 21 de junho de 2014

uma música para o fim de semana - Bizarra Locomotiva


Citando os Monty Pithon - "E agora para algo completamente diferente."


Na altura em que escrevo este texto, a banda portuguesa de metal industrial,  Bizarra Locomotiva tem mais de 14 mil "gostos" na sua página do Facebook.

Conheço muita pouca coisa deles. Não representam de todo as águas por onde costumo navegar. Mas deles há (mais do que) uma música, e respectivo vídeo, que considero um pouco perturbantes.

Quer um, quer o outro são sombrios.
São surreais e macabros. Deprimentes e podiam ter saído de um pesadelo. Induzem stress, tensão e são incomodativos.

Ou seja, tudo aquilo que o verão representa para mim. Por isso a Procissão dos Édipos é dedicado à estação que começa hoje.
Um pesadelo que dura três meses. Apesar de estar a começar bem com uma chuvinha boa e um céu lindo carregado de cinzento. ;)


Bom fim de semana :)





Procissão dos Édipos

Arrasto
Arrasto o andor
Prostrado ao meu manto de espinhos

De rastos
Arrasto a minha caixa de pandora
Lá dentro
Um pedaço de seio materno
Oral canibalesco

A peste
A peste espreita-me todos os dias
Vácuo pandémico de abundância

Pulsão
Pulsão de suplício
Procuro a saída da caverna de platão
Estigma falocrático

Castrado
Castrado pela amnésia latente
Tento alcançar o ego
Estabelecimento do eu

Carnal
Carnal instinto me guia
Entreposto de traumas
Invejo sodoma

E tocam os sinos...


P.S. - A música deste fim de semana pertence ao álbum de 2009 chamado Álbum Negro e o vídeo já leva mais de 50 500 visualizações. É muita gente "doida" ;)


quarta-feira, 18 de junho de 2014

José Saramago - a maior flor do mundo





José Saramago morreu há quatro anos. Não sou um particular admirador de José Saramago enquanto escritor. Sou mais dos que vêm filmes para não ler os livros, ou seja, um leitor preguiçoso.
Mas sei que era um escritor de excepção e um homem acutilante nas suas opiniões as quais partilho alguma delas.

Recentemente andava brincar no youtube à procura de "curtas" de animação quando dei de caras com esta.
É bonita, simples, terna como os contos para crianças e adultos devem e deviam ser.
Conta a história de um conto infantil que escreveu - A Maior Flor do Mundo.
Oiçam as suas palavras e vejam o que ele escreveu:


"As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples.
Porque as crianças sendo pequenas sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas.
Quem me dera saber escrever essas histórias mas nunca fui capaz de aprender. E tenho pena.
Se eu tivesse aquelas qualidades todas, poderia contar, com pormenores, uma linda história que um dia inventei."






"Este era o conto que eu queria contar. Tenho muita pena de não saber escrever histórias para crianças.
Mas ao menos ficaram sabendo como a história seria e poderão contá-la noutra maneira com palavras mais simples do que as minhas e talvez mais tarde venham a saber escrever histórias para as crianças. 
Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti, que me lês, muito mais bonita?..."





uma questão de tempos II


Ontem voltei a vê-los. Foi bom, muito bom mesmo.
Nada mudou entre mim e eles e entre eles próprios, e a relação entre tempos mantém-se igual.
Foi como se mundo girasse calmamente, sem dificuldades, que tudo está nos seus sítios, reina a tranquilidade. Ninguém tropeça, ninguém cai.

Ao ver os dois ainda mais uma vez juntos, sou impregnado por uma grande sensação de paz.
Se são as andorinhas que anunciam o verão, são eles os arautos do verão. A única coisa positiva desta maldita estação.

Adorava tirar uma fotografia a este casal. Dificilmente o farei. Tenho receio de ser mal interpretado, de ser intrusivo. Não tenho à vontade para o fazer.
Sei que vou arrepender-me. Um dia já não será mesmo possível.

Mas desejo que até lá ainda faltem uns anitos. Quem sabe numa data qualquer do próximo verão...