Sobre a sua batuta A Naifa edita três álbuns: Canções subterrâneas, 3 minutos antes de a maré encher e Uma inclinação inocente para o mal.
Por isso quando em Janeira de 2009 João Aguardela morre de cancro no estômago, a banda tremeu.
Numa decisão pensada, a Naifa resolveu partir em frente e editar o seu quarto álbum - Não se deitam comigo corações obedientes - com material novo e não com o que já existia, deixado por Aguardela.
Para ser um recomeço e não uma manta de retalhos incoerente, explica Luís Varatojo ou segundo Mitó Mentes (Maria Antónia Mendes), a vocalista, "é um disco de luta e não de luto".
O facto é que o tom do álbum é trespassado por uma certa dolência e melancolia.
Para este fim de semana, estive indeciso na escolha da música, existem dois temas deste álbum que gosto muito, mas não sabia qual deles iria sugerir.
Um é mais conhecido é o que passa mais frequentemente nas rádios e é também aquele tem a letra mais acessível - Gosto da cidade.
O outro, Émulos, menos conhecido, tem uma letra mais crua e fria. É um tema mais urbano e tem mais noite no seu interior.
O cinzento claro da voz de Mitó Mendes cativa-me imenso nesta canção.
Opto pelo segundo tema - Émulos
Bom fim de semana :)
Foi como amor aquilo que fizemos
sem manhã sujeitos ao presente;
os dois carentes
foi logro aceite quando nos fodemos.
Foi circo ou cerco, gesto ou estilo
o termos juntos sexo com ternura
Foi candura
num clima de aparato e sigilo.
Num clima de aparato e sigilo
Num clima de aparato e sigilo
Se virmos bem
Ninguém foi iludido
de que era a coisa em si - só o placebo
com algum excesso
com algum excesso que acelera a líbido.
E eu palavrosa injusta concebo
o zelo de que nada fosse dito
e quanto quis
e quanto quis tocar em estado líquido.
Foi circo ou cerco, gesto ou estilo
num clima de aparato e sigilo
Foi circo ou cerco, gesto ou estilo
num clima de aparato e sigilo
Foi como amor aquilo que fizemos
os dois carentes
foi logro aceite quando nos fodemos.