Há a determinada altura uma revolta das mulheres por serem só elas a ir buscar água e reivindicam a participação dos homens. Com a recusa destes, elas iniciam uma greve ao sexo, uma greve ao amor.
A única coisa que está na sua posse e que lhes permite ganhar ascendente sobre os homens.
Ao travar esta luta vão criar divisões entre elas, entrar em choque com a sua cultura, religião e os seus próprios homens.
A história é transversal a todas as culuras. É a luta das mulheres pela sua emancipação, pela igualdade de direitos, por quererem ver a sua vida facilitada.
Em A Fonte das Mulheres observamos esta luta pelos olhos da mulher muçulmana, da cultura do norte de África e do médio oriente.
Mas sabemos que a mulher ocidental luta pelos mesmos ideais. Se bem que a níveis diferentes porque as suas necessidades serão culturalmente diferentes e também por aquilo que já conseguiu. Já não luta por uma fonte de água, mas luta pela igualdade de oportunidades, pela paridade ou pelo reconhecimento das suas capacidades intelectuais.
A partir desta premissa universal, Radu Mihaileanu (realizador de O Concerto) filma o quotidiano de uma aldeia remota norteada pelos ideais islâmicos. Assistimos aos seus hábitos, costumes e cultura.
É a outra perspectiva que A Fonte das Mulheres nos proporciona. É uma janela fiel para uma cultura que está geograficamente próxima de nós, mas que culturalmente está literalmente noutro continente.
As personagens de Leila que inicia a revolta das mulheres e Velha Espingarda, que lhe dá todo o seu apoio, são maravilhosamente compostas, respectivamente pela francesa Leila Bekhti e Biyouna, uma cantora e actriz argelina.
A completar o leque das principais personagens, está o professor Sami desempenhado pelo actor Saleh Bakri. Será ele que irá instruir Leila, a sua mulher, na interpretação do Corão que se revelará importante para que esta possa defender e fundamentar os seus argumentos na decisão que tomou.
A Fonte das Mulheres está em final de carreira nos nossos cinemas e já não será fácil apanhá-lo em cartaz, mas é definitivamente um grande filme e se ainda for possível, a ver.
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