sábado, 13 de fevereiro de 2016

uma música para o fim de semana - Danças Ocultas





Em Maio de 1989, quatro amigos uniram-se em torno de um instrumento: a concertina.
O objectivo de Artur Fernandes, o mentor, Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel era darem a conhecer o som particular da concertina relativamente ao acordeão, e afastar a mesma dos sons tradicionais e frequentemente brejeiros que estavam associados ao primeiro, mas também sem a afastar da música popular portuguesa. A esta associaram elementos de jazz, tango argentino, música clássica e música de câmara. O resultado é um dos sons mais conhecidos internacionalmente e praticamente desconhecido em Portugal de World Music.

O nome da banda surge no lançamento do primeiro álbum de 1996 - Danças Ocultas.
Artur explica que, quer a concertina, quer, e em particular, o acordeão, estão associados à dança e aos ranchos folclóricos portugueses.
Com o nome Danças Ocultas, pretendem não retirar a concertina do contexto das danças, mas dar-lhe um sentido musical que está escondido no seu som, algo que está oculto.
Danças Ocultas entram no meu universo musical em termos de música portuguesa, precisamente pelo seu nome, pela pergunta que me surge: o que será que eles escondem?

Ontem, lançaram o seu novo álbum: Amplitude.
Pretende celebrar os vinte anos de lançamento do seu primeiro trabalho de 1996.
Chamaram três convidados que ilustram bem o quanto o seu objectivo foi atingido e bem atingido.Contam com Rodrigo Leão, Dead Combo (aqui, aqui e aqui com Camané) e Carminho.

A fazer jus às suas influências musicais Amplitude foi gravado ao vivo com a Orquestra Filarmónica das Beiras.
Este álbum foi gravado em duas apresentações e o vídeo Danças II mostra os ambientes e participações dos convidados nesses dois espectáculos ao vivo.

Danças II é precisamente um dos temas que constava do seu primeiro álbum, e que é revisitado agora. A abertura das quatro concertinas é extremamente elegante e conferem uma sonoridade sofisticada à música popular portuguesa.


Bom fim de semana :)






quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Dhafer Youssef



Em La Prière de L'absent, o trompetista Markus Stockhausen. filho do compositor alemão Karlheinz Stockhausen, tem uma introdução longa e muito intima. Numa primeira impressão a sua sonoridade remete-me para o sagrado cristão. para uma oração

Ao chegar a 01.17 a voz tunisina de Dhafer Youssef começa a acompanhar o trompete e a magia acontece.
Este mantém o mesmo registo, mas a voz de Dhafer leva-nos lá para longe, para o alto dos céus. Também me remete, mas desta vez a um chamamento ao universo espiritual e místico sufi, do qual a música de Dhafer é influenciada.
Aos 02.58 outro momento sublime, o alaúde faz a sua entrada.

Até ao final de La Prière de L'absent, estes três elementos, trompete, voz e alaúde, não deixam de se entrelaçar, mas dando espaço uns aos outros e sabiamente não interferindo com as suas esferas privadas. Bateria e contrabaixo estão presentes de uma maneira eficazmente discreta. Quase que é preciso ir à procura deles para os encontrar. O palco sonoro deste tema, não lhes atribui protagonismo. Mas sem eles, ele ficava muito pobre.

Ao mesmo tempo, todos eles respeitam imenso e quase que se curvam perante outros dois elementos que estão omnipresentes desde o início desta música: o tempo pausado e o silêncio bucólico.

Um encontro de culturas sublimemente unidas: o jazz e a tradição magrebina.





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Rubik


Houve uma altura, em que para mim saber resolvê-lo era muito fixe.
Depois quando consegui fazer abaixo de dois minutos, e não passei disto, já era super, super fixe.

Abaixo de cinco segundos já é era espacial :).
E se compararmos os 4.90s manuais, recorde mundial em vigor desde finais do ano passado, do americano de catorze anos Lucas Etter, com o espectacular sub 1s do robot do segundo vídeo, atingido em Janeiro deste ano, percebe-se que apesar de tudo, o robot não fez nada de especial.


É que os cubistas têm uns meros 15s para analisar a disposição das cores e decidirem como vão organizá-las. Quando começam a resolver o cubo, todo o processo mental (escolha do algoritmo mais adequado) e mecânico (movimentos dos dedos) têm que estar decididos.

O húngaro Erno Rubik não fazia a menor ideia no que se estava a meter quando em 1977 criou o seu cubo.
E precisou de um mês para o resolver...