sábado, 9 de setembro de 2017

uma música para o fim de semana - Marco Figueiredo



Lírico, reflexivo.
Sem pressa, ou até uma pausa,
Inspirar de olhos fechados e voar... devagar.
Tempo desconhecido,
Estrelas, flutuar na ausência,
Algodão, lavanda e canela.
Eu certamente, eventualmente tu
Uma folha em branco tudo permite,
Quase tudo...
Sonhos? Não. Esses, leva-os o vento



Bom fim de semana ☺






quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Ligeti, sonata para violoncelo


A elegância da linha, a fluidez do traço, a imaginação das transições, a visceralidade do vermelho, prendem os nossos olhos, enquanto o violoncelo fascina os nossos ouvidos.

Infelizmente por um motivo qualquer, a realizadora desta animação Nadia Micault inverteu a ordem dos dois movimentos que constituem esta sonata do compositor e músico húngaro, György Ligeti.
Capricio, na verdade é o segundo e não o primeiro, e Diálogo antecede Capricio.

A história desta sonata é curiosa.
Cada um dos movimentos foram escritos em alturas diferentes e para mulheres diferentes.
Se o Diálogo, foi composto e inspirado por amor a uma estudante (que não foi correspondido) e há uma ternura imensa neste movimento, a doçura silenciosa de um sofrimento inculcado por uma paixão, o segundo movimento é Capricio, é o contrário.

Em 1953, a violoncelista Vera Dénes pede a Ligeti que componha uma peça para violoncelo.
Ligeti que já tinha composto Diálogo e tinha parado por aqui, decidiu acrescentar-lhe um segundo movimento, Capricio.
Para antagonizar com o Diálogo, o segundo movimento é virtuoso, livre, rápido, intenso, por vezes feroz. Sem restrições, emoções atiradas ao ar para ninguém as apanhar, para não serem de ninguém senão dele.

Nadia interpretou maravilhosamente, a bipolaridade desta sonata. O seu traço ilustra a personalidade, a intensidade tão opostas destes dois movimentos.







terça-feira, 5 de setembro de 2017

série "vencedores" - Voyager 1


Faz hoje quarenta anos que a sonda Voyager 1 deixou o nosso planeta para partir à descoberta dos maiores planetas do nosso sistema solar: Júpiter e Saturno.
A ideia era aproveitar um raro alinhamento dos planetas interiores do sistema solar e usar as suas gravidades como fisga para ir saltando de planeta em planeta até chegar ao dois gigantes.

A missão estava planeada para durar cinco anos... já vamos em quarenta e ambas as Voyager (a 2 foi lançada primeiro que a 1, a 20 de Agosto do mesmo ano, 1977) ainda funcionam e fazem chegar os seus sinais à Terra. Devido à distância percorrida por elas, estes sinais chegam à com um atraso de 36 anos!

As duas deixaram os limites do sistema solar, chamada de heliopausa ou heliosfera e entraram no espaço profundo em 2012.
A heliopausa é a zona onde a energia cinética dos fotões solares, radiação solar, é anulada pela energia do espaço sideral.

Em cada uma delas vai um disco de cobre revestido a ouro. Carl Sagan foi o eleito para pensar no seu conteúdo. Foram escolhidas músicas de Bach, Mozart, Beethoven, Chuck Berry, Beatles, folclore, diversos sons da natureza, como vento, trovoadas, água a cair, pássaros. Também sons produzidos pele ser humano foram contemplados: os nossos passos, vozes, risos, choro, beijos, aviões a voar.
Estão incluídas mais de uma centena de fotografias do nosso planeta, saudações em cinquenta e cinco línguas diferentes e diversos discursos de referência.
A riqueza, a diversidade, a informação que estes discos contêm sobre nós, o nosso planeta, as nossas ciências, as artes, conhecimento, é assombrosa.

E também nas duas Voyager, está a mesma mensagem assinada pelo presidente norte-americano em 1977, Jimmy Carter.
Não deixa de ser curioso reparar que nós, habitantes do planeta Terra, há quarenta anos, éramos 40 mil milhões.