A elegância da linha, a fluidez do traço, a imaginação das transições, a visceralidade do vermelho, prendem os nossos olhos, enquanto o violoncelo fascina os nossos ouvidos.
Infelizmente por um motivo qualquer, a realizadora desta animação Nadia Micault inverteu a ordem dos dois movimentos que constituem esta sonata do compositor e músico húngaro, György Ligeti.
Capricio, na verdade é o segundo e não o primeiro, e Diálogo antecede Capricio.
A história desta sonata é curiosa.
Cada um dos movimentos foram escritos em alturas diferentes e para mulheres diferentes.
Se o Diálogo, foi composto e inspirado por amor a uma estudante (que não foi correspondido) e há uma ternura imensa neste movimento, a doçura silenciosa de um sofrimento inculcado por uma paixão, o segundo movimento é Capricio, é o contrário.
Em 1953, a violoncelista Vera Dénes pede a Ligeti que componha uma peça para violoncelo.
Ligeti que já tinha composto Diálogo e tinha parado por aqui, decidiu acrescentar-lhe um segundo movimento, Capricio.
Para antagonizar com o Diálogo, o segundo movimento é virtuoso, livre, rápido, intenso, por vezes feroz. Sem restrições, emoções atiradas ao ar para ninguém as apanhar, para não serem de ninguém senão dele.
Nadia interpretou maravilhosamente, a bipolaridade desta sonata. O seu traço ilustra a personalidade, a intensidade tão opostas destes dois movimentos.
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