Um músico e um instrumento.
Uma conversa prévia, um cumprimento entre eles.
O dedo toca na corda e solta-a. A primeira nota soa e antes de ouvirmos a segunda, tornam-se um só, apenas instrumento.
A audiência desaparece. Para eles que são um só, nada mais importa. Dura alguns minutos.
No fim, acordam desse mágico torpor e despertam, abrindo ligeiramente a porta do seu esconderijo para receber um aplauso que soa lá ao fundo.
Para eles que são um só, o que mais desejam é regressar por onde vieram. Fecharem a porta como uma cortina transparente que faz de novo desaparecer a audiência, para minutos depois, de novo, receberem outro aplauso distante.
Um sono frequentemente interrompido por um despertador feito de muitas mãos inquietas e das quais eles fazem um snoose ao despertador.
Aquela soneca breve que vai adiando o definitivo acordar vezes sem conta.
Evitar aquele acordar que nos interrompe os sonhos. Aquele acordar na altura em que eles quando são um, voltam de novo a ser dois e se retiram do palco.
É isto que acontece com qualquer músico que ame o seu instrumento.
Pedro Jóia e a sua guitarra em Dança Palaciana não são excepção.
Bom fim de semana :)