sábado, 4 de novembro de 2017

... e agora o Ulisses.


O mundo do super confiante e inquisidor Miles é o maior possível. Tudo e todos, onde ele e os seus bigodes puderem chegar. Festas debaixo do maxilar inferior fazem-lhes as delicias.
É um gatinho adorável num corpo de gatão.

O mundo de Alma é vertical. É uma escaladora nata e hábil, infelizmente desajeitada quando anda por lá por cima. Mandar coisas abaixo e parti-las é frequente.
Quando foi atropelada ficou com uma anca partida que recuperou sem problemas de maior, mas ficou com um andar característico e divertido. É ela quem pede as festas e consola-se se estas forem na barriga. Diria que é uma barrigueira profissional.

Foi atropelado e viu a sua pata esquerda amputada. É um gato especial. Anda aos saltinhos, mas quando tem que fugir, desaparece à mesma velocidade dos outros.
O mundo do Mahler é o mais simples possível: uma manta, uma janela batida pelo sol e festas sem que tenha que as pedir.
Não se importa o que mais possa acontecer se lhe mantiverem esse seu mundo.
É um ronroneiro profissional, mas festas na barriga e pegar ao colo, decididamente... não. Mesmo!

Agora há o Ulisses. Também foi atropelado. Ficou muito maltratado. Como o ardiloso Ulisses da guerra de Tróia e herói da Odisseia, este gato enganou a morte várias vezes. Mereceu o mesmo nome que o homem que construiu o Cavalo de Tróia.
Teve que fazer uma reconstrução maxilo-facial e ficou cego, mergulhou na escuridão. Tornou-se também um gato especial. Ninguém o quis por isso.
Durante um ano viveu na protecção de uma clínica veterinária, com o carinho possível e o espaço possível: uma jaula pequena com menos de dois metros quadrados.
Vivia num habiente sonoro agressivo. Cheio de miados ansiosos e carentes, cães a ladrar, cães a ganir, portas a baterem, ruidosos ferrolhos metálicos a subirem e a descer, muitas vozes, movimentos incessantes, toques inesperados no seu corpo que o assustavam incessantemente.
Considerei que ele merecia mais carinho, ternura e atenção do que lhe era dado, e que eu lhe podia dar isso. Faz hoje uma semana que o adoptei 🐱.

Em minha casa o espaço de Ulisses tornou-se gigantesco, a estridência foi substituída por música, de solitário passou a ter três gatos super boa onda por companhia e de várias vozes passou a ter uma.
O mundo é descoberto e conquistado pelos seus bigodes, pelo seu faro e audição. É variado pelas texturas e temperaturas diferentes que sente debaixo das suas patas, é mais estimulante e enriquecedor, bem diferente da monótona frieza metálica do chão de inox da sua jaula.
No sábado passado, dia em que chegou, andou uma distância maior do que durante todo tempo que esteva na clínica.
Pela primeira vez, em muito tempo, sentiu a carícia do sol a aquecer o seu bonito pêlo preto, manchado de branco no peito que se prolonga por toda a barriga. Uma grande gravata branca.
Está a aprender, vai demorar tempo, a confiar numa voz mais suave, toques e carícias de mãos diferentes, mais ternas, mais calmas.

Dificilmente será um gato muito afectivo ou muito comunicador. Não estou à espera que o seja, só desejo que o mundo escuro dele seja agora mais confortável, acolhedor e terno.
Acima de tudo espero que o Ulisses se adapte ao seu novo mundo e depois, se possível, a mim.






uma música para o fim de semana - Gobi Bear


Há pouco mais de seis anos (esta é a edição nº 318) que a rubrica 2uma música para o fim de semana" existe.
É uma dor de cabeça semanal. E por vários motivos.
Gosto que em cada fim de semana apareça algo diferente e que seja o mais possível na área da música portuguesa.

Esta é a maior dor de cabeça. Não costumo navegar nestas águas, logo não as conheço bem. Nem sempre consigo pensar em algo diferente. Obriga-me a andar com os ouvidos atentos ao que vai passando nas rádios. E aqui há outra ligeira dor de cabeça. Não tenho paciência nenhuma para Comercial e afins. São de uma monotonia e falta de ideias atroz. Oiço essencialmente a Antena 1, a Rádio Nova, por vezes a Antena 3.
Estas de vez em quando dão algumas ideias, mas não o suficiente para uma frequência semanal.
Outra grande dor de cabeça é que a música tenho gostar, tem que falar comigo, mas não precisa de me fascinar ou apaixonar, caso contrário e salvo muito pontuais situações, não a coloco a tocar no palco da Esteira. O que também não ajuda muito.

Esta semana, a solução passou por um cartaz de rua que mencionava um concerto de Gobi Bear. Fui à procura de quem era.
É o alter-ego de Diogo Pinto. É daqueles, tipo Noiserv, que gosta de trabalhar de compor, escrever  e gravar sozinho. Toca vários instrumentos, mas o seu preferido é a guitarra.

Não sei exactamente o porquê do seu nome, mas agrada-me. O urso de Gobi (Gobi Bear) é um urso mais ameaçado de extinção do mundo. Está a ser alvo de uma protecção por parte da Mongólia extremamente activa.
Mas o próprio Gobi Bear também parece, mas dos simpáticos, um... urso.

A sua música é simples e nostálgica. A sua voz, tem um fundo algo triste e paciente, combina bem com a música.
Lançou há poucas semanas o seu primeiro álbum, o InorganicHeartbeats & Bad Decisions.
O Animals é um dos meus favoritos do álbum.
Foi uma boa descoberta.


Bom fim de semana ☺





quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Happy Hallowen


Os monstros existem.
São assustadores, grandes e rugem, quando apanham alguém nunca se sabem o que eles lhes irão fazer, em que estado estes desafortunados acabarão.

E quando os vejo pergunto-me frequentemente: Como é estar bem no meio deles? Ser capaz de olhá-los nos olhos sem pestanejar? Ser engolido por aquelas gargantas repletas de poder?

E no entanto, estes monstros, são belos, elegantes, hipnotizantes.