Para este fim de semana tinha planeado pôr uma outra música que não Mundo ao Contrário dos Xutos & Pontapés.
Mas quando andava pelo Youtube à procura do vídeo que estava a pensar cruzei-me com este e a decisão ficou feita :).
Eu sou um grande fã dos Xutos. Escolher uma canção que eu gosto é fácil porque elas são muitas. Claro que Mundo ao Contrário é uma delas.
Este tema faz parte da banda sonora do intragável filme Sorte Nula, do intragável realizador português Fernando Fragata que também recentemente realizou um outro filme não menos intragável Contraluz.
Mas ver Rui Unas, Bruno Nogueira e especialmente esse senhor do humor nacional que é António Feio neste vídeo, tornou inevitável a sua escolha.
.... que até parece perceber do assunto, chamou "gorda infornicável" ou de acordo com outras traduções "gorda mal f......" a Angela Merkel, só disse em voz alta aquilo que milhões gregos, irlandeses, portugueses e em breve espanhóis, italianos e belgas pensam diariamente.
Hoje Amy Winehouse faria 28 anos, foi por isso decidido divulgar também hoje um dueto que ela gravou - a sua última gravação - com Tony Bennett.
O tema chama-se Body and Soul e que constará no álbum de duetos do cantor que previsivelmente será lançado ainda este mês.
É a última pérola de Amy.
Quando saí da sala de cinema dei por mim a pensar na violência que terá sido para Yashima Torres filmar Vénus Negra e se o realizador Abdellatif Kechiche não teria outra maneira de filmar.
Foi um papel que imagino tenha sido difícil para Yashima Torres.
Para desempenhar Saartjie/ Sarah Baartman, teve que se expor não só fisicamente como mentalmente. É um papel que essencialmente vive da humilhação nestas duas vertentes.
É uma constante ao longo de todo o filme.
Talvez seja o único ponto focal de todo o filme. A dimensão humana de Saartjie é quase esquecida ou pelo menos é mal abordada.
Baseada em eventos verídicos e que se passa no início do século XIX, Vénus Negra conta a história de Sarah "Saartjie" Baartman, uma representante da tribo sul-africana Hotentote, que se destacava pela exuberância e voluptuosidade das suas formas femininas.
Com esta diferença em mente, o patrão Caezar (Andre Jacobs) - Sarah era criada na sua família - monta um espéctaculo circense que explora simultaneamente a ignorância europeia - primeiro Londres e depois Paris - e o corpo de Saartjie como uma aberração, expondo-o a seu bel-prazer ao público, mesmo quando esta manifesta o seu (pouco convincente) desagrado.
Em dados momentos Kechiche filma de uma maneira chocante e humilhante. Fazendo-o por vezes de uma maneira igualmente excessiva, dando a sensação de falta de subtileza, optando pelo mostrar em detrimento do sempre mais eficaz insinuar.
Assim Yashima Torres tem quase um desempenho duplo. É de tirar o chapéu pela sua total disponibilidade para a exigência do papel que desempenha, mas por outro lado não consegue capitalizar para si e para a sua personagem a comoção do pública, apesar de naturalmente ter a sua simpatia.
Bem pelo contrário, Andre Jacobs pelo papel do explorador e pouco escrupuloso Caezar e Olivier Gourmet no papel do lascivo e repugnante Réaux, têm os melhores desempenhos do filme.
Será através deste último, que a Vénus de Hotentote é iniciada na prostituição, morrendo posteriormente, sozinha e na miséria de uma doença infecciosa.
Quando no fim do filme e em jeito de documentário assistimos à solenidade da chegada dos seus restos mortais ao seu país, África do Sul, ficamos sem saber o porquê daquela distinção.
Certamente que ao longo da história e até nos dias de hoje, situações tristes como as de Saartjie são infelizmente comuns.
Fica um pouco no ar a curiosidade de saber o que terá acontecido após a sua morte que lhe conferiu essa importância.
Passam hoje dez anos desde que os nossos olhos viram o inacreditável a acontecer.
Ainda hoje vejo as imagens das colisões dos aviões contra as torres do World Trade Center e continuo com a sensação inicial de que se trata de efeitos especiais de um filme produzido por Jerry Bruckheimer.
De tudo quanto já vi acerca e sobre os atentados de 11 de Setembro, há uma imagem que sempre me marcou e marca profundamente.
São as fotografias dos Jumpers, as pessoas que saltaram dos andares com que os aviões colidiram ou que estavam acima destes.
Há quem os critique por não terem ficado até ao fim. Criticar é mesquinho.
Não nos passa pela cabeça o desespero que estavam a sentir, a situação que estavam a enfrentar.
Tinham o inferno quente e sufocante por trás de si e um vazio vertiginoso pela frente.
Eram pessoas que sabiam acontecesse o que acontecesse estariam no final da linha e que optaram por tomarem a decisão suprema da sua vida nas suas mãos em vez de passivamente esperarem por ela.
Talvez no seu desespero, no seu fundo, esperassem um milagre.
Diz-se que a sua atitude durante a queda era de aparente calma, como se estivessem em paz.
Espero que sim. Talvez quando se tome uma decisão destas, a inevitabilidade do que está para acontecer traga com ela a paz.