sábado, 6 de janeiro de 2018

uma música para o fim de semana - S. Pedro


O Pedro é um tipo eclético. Hip hop, metal, rap, baterista, guitarrista e vocalista do projecto dois mil e oito.
Enquanto nestas andanças, Pedro nunca deixou de ir escrevendo e compondo.
Quando deu por si, tinha um montão de canções à espera de verem a luz do dia e ele com uma vontade inabalável de o fazer.

Juntou amigos músicos, pessoal dos dois mil e oito e surgiu o S. Pedro, de nome Pedro Pode.
O seu primeiro álbum chama-se Fim e o Joaquim é um dos seus temas.

Joaquim é algum que tudo o que sonhou, o que desejou, caiu redondamente no chão. Moído por algo que não conseguiu adaptar-se, pertencer.
Embala e encanta com a sua simplicidade. Pop descontraído e íntimo, guitarra com batida e ritmo fácil e ligeiro.

Numa altura em que o frio começa a bater à porta e a vontade para a abrir já não é muita, ouvir Pedro Pode na voz morna de São Pedro é uma solução a ter em conta.


Bom fim de semana ☺





quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Olá veado


Um veado pacholento que bebe cacao quente à noite e gosta de ter a entrada da sua casa limpa de neve.
No entanto, frequentemente algo acontece que lhe estraga a pacatez da sua vida...






segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

um poema de... Carlos Drummond de Andrade (em dia de Ano Novo)


Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade



série "estatísticas da vida" - CCXLXVI


Mesmo!
E para 2018 não deve mudar.




domingo, 31 de dezembro de 2017

uma das melhores compras do ano - Made in America (Bobby Watson)


O Smoke Jazz Club não tem a fama, ou não é tão conhecido do grande público como outros grandes clubes de jazz de Nova Iorque como o Birdland, Blue Note ou o mítico Village Vanguard.

Mas este clube nova-iorquino recorda-me aquela máxima tão conhecida, principalmente tão querida entre homens que reza que "não é o tamanho que importa mas o que se faz com ele".
E o Smoke com a sua etiqueta própria - a Smoke Session Records - faz mesmo muito.

Desta etiqueta sairam um dos melhores lançamentos de 2017, (a melhor está aqui) que eu fui comprando ao longo do ano que expira hoje - Made in America
A Smoke Records já tinha editado em 2016 um dos álbuns que mais apreciei do ano: Colors for the Masters, do trombonista Steve Turre.

Made in América, é um quarteto liderado pelo saxofonista (alto) Bobby Watson.
É mais de uma hora de jazz colorido, extrovertido e elegante. O seu líder conseguiu articulações entre músicos e instrumentos, muito bem desenhados e melhor executados. Em cada um dos onze temas há espaço para os sidemen poderem exibir a sua técnica individual e o entrosamento com a formação onde se encontram.
E regressar a ele é sempre um prazer. Ouve-se vezes sem conta sem se sentir cansaço.

Há ainda uma curiosidade relativamente ao Made in America. Cada uma das onze músicas, são de dedicadas, tributos a pessoas, mais ou menos conhecidas, que em variadas áreas contribuíram para o desenvolvimento de algo relevante no Estados Unidos.
Daí o nome do álbum. Essa coisa chamada Trump deve ter gostado do conceito...

Para quem estiver tentado a (e deve) comprar este Made in America, que não se esqueça de dar uma "pestanada", ou melhor uma "timpanada" no Colors for the Masters do Steve Turre. A forma como o jazz é tocado e explorado é igualmente sensacional, com o valor acrescentado de ser liderado por um trombonista, o que não é muito vulgar.

Aqui vai o EPK do Made in América.