sábado, 23 de agosto de 2014

uma música para o fim de semana - Capicua


Ana Matos Fernandes tem 32 anos e está na moda. Não na moda de moda, mas sim na moda de música.

Nasceu no Porto, na rua de Cedofeita. É socióloga com doutoramento tirado em Barcelona e consta que teve uma educação marxista.
Desde cedo que se considera como alguém que pensa "fora da caixa" e era definida como uma maria-rapaz.

Pintava paredes, gostava de Zeca Afonso e de Sérgio Godinho, de hip hop, de rimas e ritmos.
O rap fascinava-a.

Quando era criança, e como todas as crianças, tinha dificuldade em dizer as palavras mais complicadas.
E como todos nós, criava uma nova palavra que aproximava a fonética à aquilo que ouvia.
Para a Ana Fernandes, algumas delas era Nova York e break dance. Tornou-as Vayorken e brinc dance. E ainda desejava ser professora de wind surf e lembra-se do seu primeiro beijo.

Não sei se terá ido alguma vez a Vayorken, mas ser professora de wind surf definitivamente que não.

Mas na música para o fim semana, Vayorken, Capicua canta, ou melhor rapa, as suas memórias de infância com letra e vídeo a condizer com o tema.
Vayorken é a música que lança o seu segundo álbum de Março deste ano, "Sereia Louca", cuja propositada ambiguidade do título também permite a interpretação como "Serei a Louca".

Foi este tema que lançou a Ana que musicalmente é conhecida como Capicua, para os palcos e para as playlists das rádios.


Bom fim de semana:)




Quando for grande, vou ser prof de Wind Surf

Enquanto danço, rodo e faço "Brinc Dance"
Que como a Jane Fonda é de Vayorken 
E em Vayorken a gente diverte-se imenso!
Era pa ser Artur e nasci Ana,

"Ana quê?" "Ana só" "Ana Só?" "Sim, só Ana!"
Era percentil 90 nos anos 80
E entre colheradas chorava sempre faminta

Sempre vestida como mini comunista
Com roupas que a mãe fazia com modelos da revista
E eu queria ser pirosa, vestir-me de cor-de-rosa
Vestir-me de Jane Fonda na ginástica da moda

Com sabrina prateada, licra colante
Crina de pequeno pónei, bem escovada, espampanante.
Tinha a mania de pôr as cores a condizer,
no meu entender, rosa com vermelho não podia ser!

Uma noctívaga que não dormia a sesta
E de manhã sempre quis menos conversa,
Uma covinha só de um lado da bochecha
Adormecia com o pai e a mesma canção do Zeca!

Era sempre mais Mafalda do que Susaninha
Ai de quem dissesse mal do Sérgio Godinho
Ainda tenho alguns postais prá "gentil menina"
Enviados pelos pais de um qualquer destino.

E se alguém me perguntar pelo pai e pela mãe?
Eu sei!! Sei! Foram pa Vayorken, Vayorken
Foram pa Vayorken, Vayorken, Vayorken!


Quando for grande, vou ser prof. de Wind Surf

Enquanto danço, rodo e faço "Brinc Dance"
Que como a Jane Fonda é de Vayorken 
E em Vayorken a gente diverte-se imenso!


Quando for grande, vou ser prof. de Wind Surf

Enquanto danço, rodo e faço "Brinc Dance"
Que como a Jane Fonda é de Vayorken 
E em Vayorken a gente diverte-se imenso!

Com dois anos o primeiro palavrão
Cheia de medo em cima do escorregão
Mau feitio, bravo, vício de gelado
Todo o sábado, sagrado, mesmo durante o inverno

Acabava com a arca do café ao pé do prédio
E ainda comi os gelados que eram do meu primo Pedro
Ana da Bronca, sempre do contra
E coragem de fechar duas miúdas na arrecadação

Às escuras, pobres criaturas
Por me serem impingidas como amigas à pressão
No infantário dei o meu primeiro beijo
Ainda me lembro como se fosse hoje

Contei à minha avó que tanto se riu
Que até debaixo da mesa com vergonha me escondi
O tal espigueiro e o gato amarelo
No meu poema no novo caderno, 

Muito elogio pela redacção
E muita paciência pró poder d’ argumentação!


Quando for grande, vou ser prof. de Wind Surf

Enquanto danço, rodo e faço "Brinc Dance"
Que como a Jane Fonda é de Vayorken 
E em Vayorken a gente diverte-se imenso!


Quando for grande, vou ser prof. de Wind Surf

Enquanto danço, rodo e faço "Brinc Dance"
Que como a Jane Fonda é de Vayorken 
E em Vayorken a gente diverte-se imenso!

O "Brinc Dance" vem de Vayorken...
O Graffiti vem de Vayorken...
O Hip Hop vem de Vayorken...
Vayorken, Vayorken, Vayorken...

"Brinc Dance" vem de Vayorken...
A Jane Fonda vem de Vayorken...
O Wind Surf...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Israelitas vs Palestinianos ou o contrário...





A Faixa de Gaza é efectivamente uma faixa. Tem cerca de 41 km de comprimento e aproximadamente a 6 a 12 km de largura.
As suas fronteiras foram estabelecidas em Fevereiro de 1949. Em 1967 e consequência da Guerra dos Seis Dias, Israel anexou e ocupou estes territórios.

Quando o Hamas em 1987 entra em cena, estabelece como objectivo principal a proclamação de um estado palestiniano incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
Nesta altura as posições extremam-se, os conflitos agudizam-se com os Israelitas a considerarem o Hamas como uma organização enquanto estes reclamam os territórios ocupados a todo o custo utilizando violência, atentados suicidas e crianças e civis como escudos humanos.
Na realidade há quatro principais movimentos palestinianos e todos eles considerados terroristas pela comunidade internacional: Fatah, Hamas, Hezbollah e a Jihad Islâmica da Palestina.


Na verdade não morro de amores por nenhum deles e considero que eles são dignos de um e de outro.
Ambos consideram a Faixa de como sua. Na verdade os palestinianos nunca tiveram um território próprio e quando a ONU estabeleceu o espaço de Israel, não considerou a Faixa como sendo israelita. Facto que foi logo aproveitado pelos palestinianos para o reclamarem.
Os conflitos entre ambos já se desenrolam há tanto tempo, várias décadas, que por absurdo acredito que lutam por lutar, retaliam por retaliar. Isto ad eternum onde os motivos se perdem no tempo. É um conflito porque sim.

Mas os palestinianos estão com azar. A Faixa de Gaza é uma das zonas do planeta mais densamente ocupados. Ou seja, qualquer coisa que Israel manda para lá inevitavelmente acerta sempre em montes de gente e seus edifícios. Nem que seja numa panela de pressão cheia de sopa.
A acentuar esta desigualdade destes conflitos estão o maior desenvolvimento tecnológico de Israel e de estes estarem habituados a distribuir cargas de lenha nos seus vizinhos.
Mas se este desenvolvimento tecnológico fosse em sentido contrário, do lado palestiniano, do lado do Hamas, aconteceria exactamente o mesmo. E alguém levantaria a voz para defender os israelitas??

Os palestinianos também não conseguem capitalizar para si a simpatia esta desvantagem, porque não jogam politicamente. Falta-lhes essa inteligência. A da não violência. Não aprenderam com Gandi ou Martin Luther King que a pena da não violência é mais poderosa que a espada violenta.
Enquanto insistirem na violência, em usar misseis, bombistas suicidas, escudos humanos como crianças e mulheres, quebrar os sucessivos cessares fogo, valida internacionalmente e dá ainda (mais e melhores) motivos para os israelitas se defenderem, lhes acertar o passo.
Para os israelitas não lhes interessa quantos vão desta para melhor e ao mesmo tempo o Hamas e os palestinianos perdem a simpatia, a compreensão do mundo, apesar de estar na moda ser pró-palestiniano, e vão perdendo cada vez mais territórios.

Entretanto o tempo vai passando. Os porquês destes conflitos vão se diluindo no tempo, até que se tornam conflitos em que ninguém já sabe bem porquê é que eles acontecem. Apenas que andam ao estalo por andar. Porque se habituaram a isso. Porque se "divertem", apesar de os israelitas se "divertirem" mais. É assim porque sempre foi assim. Ora bates tu, ora bato eu, ora bates tu mais eu.
É um pouco palerma de facto. Para uns, para outros e para todos nós.





cartoons retirados daqui


terça-feira, 19 de agosto de 2014

dia mundial da Fotografia 2014 - GMB Akash


Uma curiosidade...
Entre o daguerreótipo considerada a primeira forma expedita e logo comercial de fotografia de Louis Daguerre de 1839 até 2014, passando pelo recente 2013 em que selfie foi considerada a palavra do ano de 2013 e portanto pertencente a toda a gente, mediaram 175 anos.


É oriundo de um dos países mais improváveis para albergar um dos maiores fotógrafos da actualidade, Bangladesh.
GMB Akash actualmente com 37 anos, destaca-se dos demais fotógrafos por ter criado um nicho muito próprio por onde gosta de se movimentar.

É um fotógrafo de causas sociais. Retrata e traz para a realidade os que não têm voz, os que vivem na sombra, nas franjas da sociedade. Aqueles que a sociedade prefere ignorar e esconder como o lixo que se mete debaixo de um tapete.
Trabalho infantil, prostituição, escravatura moderna, mendicidade, os sem abrigo e as vítimas de guerras e fome são áreas da sua eleição.

Fá-lo com elegância, sem chocar. As suas fotografias são delicadas como os temas que fotografa. Há uma certa aura onírica, placidez, sem no entanto deixar de transmitir a sua mensagem e nos tocar com ela
Os seus temas são quase sempre retratados com cores saturadas e brilhantes. Quer eles sejam sociais, culturais, de rua ou de viagem,

Busca os seus temas não só no seu país natal, o Bangladesh, mas também um pouco por toda a Ásia. Índia, Filipinas, Paquistão, Nepal.
Descreve-se como um viajante e como fotógrafo de rua. Faz das suas viagens as suas causas e as nossas também.

Não se preocupa com a perfeição das fotografias. Nivelamento de horizontes ou convergências e divergências de linhas e edifícios. O seu trabalho é "manchado" de pureza e espontaneidade. O que o torna único no mundo da fotografia onde frequentemente não se distingue o que é real do que é manipulado.

Depois de nos cruzarmos com o seu trabalho ficamos com a curiosidade descoberta para mais.
Assim, aconselho vivamente que partam à descoberta de um fotógrafo que soube diferenciar-se dos demais através do seu blog, aqui, de onde vieram as fotografias que dele escolhi para o Dia Mundial da Fotografia.