Atrai-me pensar que os velhos que com a sua sabedoria, com a sua observação e escrutínio do que se vai passando no jardim, vão dando do alto dos bancos, o seu aval ao universo.
Guardiões do Grande Livro do Conhecimento perante quem o Universo se curva em respeito e acata as suas decisões e conselhos.
No fim, tudo tem um fim, até mesmo para os velhos do jardim, quando estes partem para o descanso, o universo reconhecido pelo cumprir da sua missão, encarrega os elegantes e belos cisnes de serem os seus veículos. É justo :).
Os Velhos do Jardim, uma música em tons de blues, pertence ao mesmo trabalho de Rui Veloso (Rui Veloso e amigos) onde faz duetos com os amigos que foi fazendo ao longo dos seus trinta anos de carreira.
É a segunda vez que recorro a este cd. A primeira vez foi aqui, com os Expensive Soul, agora é com Carlos do Carmo.
E diz-se que não há duas sem três...
Quando o sol sobe no céu,
chegam ao jardim os velhos,
honoráveis presidentes
dos bancos de pau vermelhos
Analisam movimentos,
conferem as florações,
medem o canto das aves,
dão aval às estações.
Não há nada no universo
Que aconteça sem o não e sem o sim
dos velhos do jardim
Depois, chamam os pombos...
de pão e milho dão festins
e os pombos falam com eles
na língua dos querubins.
Quando a tarde se despede,
voltam de novo a ser velhos,
seguem o rasto do sol,
no lago feito de espelhos.
Não há nada no universo
que aconteça sem o não e o sim
dos velhos do jardim.
O dia vai-se acabando
no seu lento e frio afago,
um dia vão subir ao céu
montados nos cisnes do lago
Não há nada no universo
que aconteça sem o não e o sim
dos velhos do jardim.
Bom fim de semana :)