quinta-feira, 26 de abril de 2012

estou de partida :)


Daqui a vinte anos, tu estarás mais desapontado com as coisas que não fizeste do que com as coisas que fizeste.
Portanto, atira as amarras fora, navega para fora do porto de segurança.
Apanha os ventos de mudança nas tuas velas. Explora. Sonha. Descobre.
Mark Twain


Vou seguir o conselho de Mark Twain. Estou de partida para o Vietname :)




Tirado daqui

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Grande Ecrã - Assim Assim


Tinha ficado com boas impressões quando vi o trailer do filme Assim Assim do realizador português Sérgio Graciano, mas não as suficientes para vencer a inércia (e o preconceito) para ir ver cinema português.
Mas felizmente li a crítica de Jorge Mourinha no Ípsilon. Ele disse tão mal do filme que me convenceu a ir vê-lo. Ainda bem.

Assim Assim, é um filme onde um mosaico de personagens com aparições mais ou menos breves, discorrem sobre a vida e sobre as suas vidas tendo por palco Lisboa. 

Histórias individuais, aparentemente separadas entre si mas que acabam por se entrelaçar umas nas outras.

O argumento de Pedro Lopes aborda mentiras e verdades, amores, desamores e traições. Aborda a homossexualidade, a solidão, a amizade, as inseguranças e incertezas. 
À medida que o filme se vai desenrolando certamente que quem o vê reconhece-se em algumas das pequenas histórias, entenda-se reflexões, que nos são apresentadas nos cem minutos que dura o filme.

Assim Assim alicerça-se em diálogos bem construídos, com um toque humor inteligente aqui e ali, que não fascinando são no entanto bastante bons e estão longe da superficialidade.
Tem um começo auspicioso e prometedor com as conversas paralelas de dois pares de amigos à noite numa esplanada no Chiado.

Para o número invulgar de actores envolvidos é de surpreender a qualidade e segurança das suas prestações. É delicioso o segmento de Margarida Carpinteiro na consulta com o Gonçalo Waddington e destaca-se a consistência do par Joaquim Horta e Ivo Canelas.

A realização é honesta e muito fluída. A utilização muito frequente de campos/ contracampos ao longo do filme que tanto aborrece Jorge Mourinha torna-o interessante e atraente. Concentra a nossa atenção nos personagens e afasta-nos do acessório. O que longe de ser um pecado é uma virtude.

Creio que Jorge Mourinha deve-se ter enganado na sala e foi ver outro filme qualquer. Mas de certeza que não foi o filme de Sérgio Graciano.
Assim Assim não é uma obra prima, mas é definitivamente uma boa surpresa. Sinais do novo cinema que se faz em Portugal.

Ah, tem também um excelente genérico.





segunda-feira, 23 de abril de 2012

dia mundial do Livro - Os Grandes Cinco (II)


Os livros podem ser divididos em 2 grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre. 
John Ruskin


Tive a sorte de entrar no sui generis mundo de Franz Kafka da melhor maneira possível. Lendo a Metamorfose.
Se a entrada tivesse sido feita por qualquer outro livro dele, provavelmente a esta hora O Processo não seria um dos Grandes Cinco da minha vida.

A Metamorfose é um livro "levezinho". Quem gostar deste livro arrisco-me a dizer que gosta de Kafka. Todas as características dele estão presentes.
O absurdo da situação, a impessoalidade e desumanização do ambiente que o rodeia, alterações de comportamentos, conflitos existenciais, a solidão, o que fazer e para onde ir.

Depois de se gostar de Metamorfose pode-se partir para as outras obras kafkianas. Foi o que fiz. O Processo foi o segundo livro que li dele.

O Processo conta a história de um individuo chamado Joseph K que a determinado ponto da sua vida é processado.
Joseph é bancário. Tem uma boa posição, é dedicado e é um funcionário exemplar.
Na manhã em que faz 30 anos ele é preso.

Desconhece em absoluto o porquê da sua prisão.
Ao longo do todo o livro, o processo, Joseph é julgado, é acusado, tem testemunhas de acusação, mas nunca em momento algum ele sabe porquê ou o que terá feito. Joseph K nunca terá acesso ao processo ou saberá em que se fundamenta.

Contrata um advogado para o defender daquilo que ele não sabe, mas sem sucesso porque o advogado está desinteressado do seu caso. A dado momento chega a acreditar na sua culpa, que fez algo que não devia e que até merece o que lhe está acontecer.

No fim, Joseph K que lutou contra o desconhecido, contra os tentáculos do próprio tribunal, muitas das pessoas que ele contacta ao longo do livro acabam por estarem directa ou indirectamente associadas ao tribunal, é sentenciado e executado com uma faca enterrada no coração.
Ele está cansado e resignado. Está destruído. Desiste de lutar e aceita o seu destino oferecendo-se aos seus algozes.

A morte de Joseph K nestas condições choca-me porque ele morre no desconhecimento, mas também incomoda e causa ansiedade porque o livro ficou em aberto. Não tem fim. O fim natural do livro seria saber o que aconteceu a Joseph. O que obviamente é coisa que nunca saberemos.

Quando acabamos de ler O Processo há desconforto no nosso interior, um certo travo amargo na boca.
É fácil reconhecer o seu desespero. Os corredores infindos e inúteis da justiça, a burocracia sem fim e também ela inútil, o aparente desconhecimento do que se fala ou se quer falar com quem se fala, o esforço quase vão de lutar contra os entraves que sistema coloca à nossa frente.
Vamos perder tempo em ambientes pesados, sufocantes e claustrofóbicos, vamos enredar-nos em guichets impessoais de funcionários desinteressados, não vamos ter o nosso caso resolvido ou com sorte ficará mal resolvido.

Muitas serão as vezes em que desistiremos e tal como Joseph K seremos alienados e burocraticamente executados com o nosso consentimento.


domingo, 22 de abril de 2012

dia mundial da Terra


As alterações climáticas e o aquecimento global devem ser provavelmente a par do excesso de população e o esgotamento de recursos, a maior ameaça que o planeta Terra enfrenta actualmente.

Há quem defenda a pés juntos que se deve à influência, à ganância e à acção cada vez maior do Homem sob o planeta e há quem defenda que as alterações climáticas que estão em curso são um fenómeno cíclico, que já aconteceu antes e que a Terra no fim delas há-de encontrar um novo equilíbrio.

Talvez sim, talvez não. Pessoalmente acredito que elas são consequência directa do Homem. Na melhor das hipóteses talvez seja um misto dos dois.
Influência do Homem e o ciclo naturalmente da Terra. Mas aqui, insisto, tenho que acrescentar que há claramente predominância do primeiro.

De qualquer maneira a velocidade a que estão acontecer é tremenda e aparentemente a Natureza e a Vida não estão a conseguir encontrar um novo equilíbrio.

O vídeo tem um mensagem bastante forte. Mostra a Natureza a desistir.
No entanto sabemos perfeitamente que Ela não desiste.
Se isto acontecer, significa que Ela sucumbiu, que nós não fomos capazes de a perceber, que lhe interrompemos os seus ciclos normais, que não lhe demos tempo para se adaptar.

O drama, o que é incompreensível, é que o Homem sucumbirá com a Natureza.
E no fim, a história do planeta já provou isso, a Natureza encontrará uma saída e emergirá de novo, diferente, com novas soluções.
A grande pergunta é se o Homem assistirá ou emergirá com ela, ou se Natureza no seu novo e certamente mais sensato equilíbrio decidirá que... não.