sábado, 13 de dezembro de 2014

uma música para o fim de semana - Caixa de Pandora



A Caixa de Pandora é a famosa caixinha que foi aberta pela primeira mulher que apareceu no mundo, Pandora, segundo a mitologia grega. Ela foi criada a pedido de Zeus, pelo deus Hefesto, o deus do fogo.
A ela foram dados os dons da sedução, sensualidade, da beleza, da curiosidade e dissimulação.

Movida pela curiosidade, Pandora, tendo ordens de Zeus para a não a abrir, acaba por o fazer.
Quando Pandora a abre, tal como Zeus esperava, a fome, a morte, a doença, intriga, o ódio e restantes males que se encontravam fechados na caixa, libertam-se e assolam as vidas dos homens.

Mas bem no fundo caixa, estava escondida um pequeno, mas poderoso dom. A Esperança.

Graças a Pandora, para além dos males que ainda hoje nos afligem, os homens em contrapartida acabaram também por receber este dom, que por estar no fundo caixa e ter sido a última a sair, diz-se também que é a última a morrer.


Se pensarmos na portuguesa Caixa de Pandora deste fim de semana, não encontramos definitivamente males, mas encontramos, não uma, mas três grandes esperanças. Cada uma com o seu instrumento e no seu todo pela música que tocam.

Rui Filipe é o pianista da Caixa e é também o seu compositor, Cindy Gonçalves com o violino e Sandra Martins violoncelista e que ainda dá umas sopradelas no clarinete e na flauta.

O seu primeiro trabalho saiu em Outubro de 2014. O que significa que está a dar os seus primeiros passos em direcção ao público português que espero sinceramente que os saibam aplaudir.

O trio toca de uma maneira muito envolvente. Teias de Seda é isso mesmo. Uma daquelas músicas que tal como um rendilhado xaile trazem conforto mas não abafam.
Ela possui aquele toque de magia que nos alheia do mundo e leva-nos para o vazio onde ficamos a pairar. Só assim. Só em silêncio. Só a ouvir. Poesia.


Bom fim de semana :)





sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

todos gostam do amarelo


Todos eles são amarelos e entram pelas nossas televisões há 25 anos. São uma típica família americana disfuncional da classe média de Springfield.
São 25 anos de cabelo azul, panças amarelas, muita cerveja, saxofones, chuchas e um gato preto que se chama Snowball.

Ele, trabalha numa central nuclear. Tem uma pança de cerveja, adora televisão, o sofá e donuts. O mundo passa-lhe ao lado, o que se passa com os filhos passa-lhe igualmente ao lado.

Ela tem um longo cabelo comprido azul penteado na vertical, é dona de casa, dotada de bom senso e tem alguns problemas de educação com os filhos e inevitavelmente com o marido, sendo mal compreendida por este.

Têm três filhos. A mais nova não larga a chucha, tem dois anos e não fala. É a mais surpreendente da família.
A do meio é das minhas. Tem oito anos, uma inteligência acima da média (excepto esta parte), é vegetariana, adora jazz, toca saxofone barítono e é budista.
O mais velho é o pesadelo de qualquer família, mas tendo em atenção que também tem um pesadelo de família também faz sentido. Tem dez anos, é bronco, adora o skate e fazer apostas com o pai, A escola não é o melhor sítio para ele.

Assim é a família Simpson. Homer Simpson é casado com Marge Simpson. Os seus três filhos são a Maggie Simpson, a mais nova, Lisa Simpson, a do meio e o mais velho, o Bart Simpson.

Durante alguns anos fui mesmo fã desta família amarela, mas depois do prolongar dos anos fui-me desligando da série.
Vi Simpsons the Movie em 2007, mas já sem aquele fascínio inicial. Creio que os Simpsons funcionam muito melhor na televisão do que numa tela de cinema.

Retenho muito bem a curta de animação 3D com a Maggie Simpson - The Longest Day Care - que antecedeu o início do filme Ice Age 4.
É uma curta sem diálogos e com a banda sonora de Hanz Zimmer.
É sobre um longo dia que Maggie vai passar no infantário. Começa e desenrola-se de uma maneira algo obscura e tensa. Mas um final algo inesperado e terno consegue-nos surpreender, suspirar de alívio e depois sorrir.
Ou seja, muito característico de Maggie.  :)




quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Manoel de Oliveira - mais velho que a morte


"Quando mais envelhecemos, mais precisamos de ter que fazer. Mais vale morrer do que arrastarmos na ociosidade uma velhice insípida: trabalhar é viver."

Voltaire




Manoel de Oliveira faz hoje 106 anos. 
Neste mesmo dia estreia o seu mais recente filme - O Velho do Restelo.
Enquanto filmar não morre. Mas quando morrer, morre com ele o cinema português e um pouco do Cinema também.
E a sua vida dar um filme.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Dia Internacional dos Direitos Animais (DIDA)


Hoje celebra-se o Dia Internacional dos Direitos do Homem e propositadamente em simultâneo celebra-se o Dia Internacional dos Direitos dos Animais.
Na prática, celebra-se o Dia Internacional dos Direitos Animais - DIDA. É o dia de todos nós que somos animais.

Cada um destes direitos tem a respectiva Declaração Universal
E acreditam nas suas Declarações?? Vejam dois exemplos de cada um deles.


- Na Declaração Universal dos Direitos do Animal constam os Artigos 8º e 10º

Artigo 8º

1.A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.




Artigo 10º 

1.Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.
2.As exibições de animais e os espectáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.




- Na Declaração Universal dos Direitos do Homem constam os Artigos 4º e 5º

Artigo 4°

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.




Artigo 5°

Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.





Todos nós, animais, ficamos a perder. 
Quer na Declaração Universal dos Direitos Humanos, quer na dos Animais.
Não somos respeitados em nenhuma delas.

Tanto, mas tanto que falta fazer para defender a vida de todos os Animais.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Grande Ecrã - Interstellar


Que grande filme! Um dos poucos filmes que gostaria de ver uma segunda vez.

Quando soube que Interstellar era realizado por Christopher Nolan nunca duvidei que iria ser dos melhores filmes que veria em 2014.
Depois da trilogia dos Batman e principalmente depois de Inception, Christopher Nolan tornou-se um realizador de referência para mim.

E acredito que este filme dele se tornou um marco no género. Creio que a ficção científica nunca mais será a mesma depois de Interstellar e de Gravidade do mexicano Alfonso Cuarón.

E se alguém pensa que vai assistir a grandes batalhas espaciais, explosões que ensurcedoramente sucedem-se umas atrás das outras, naves espaciais que curvam e rodopiam a velocidades próximas da luz, extraterrestres de todas as formas e feitios, e que a edição do filme seria tão rápida que não dá para perceber verdadeiramente o que se passa e em que a veracidade cientifica é posta de lado porque afinal o que interessa é o espanto para os olhos e o regalo para os ouvidos, então é melhor esquecer Interstellar.

Interstellar sendo um filme espectáculo dá para reflectir sobre a real e verdadeira mensagem que ele tem para transmitir.

Toda a base cientifica que suporta o filme converge para dois caminhos que se assumem como como duas forças inevitáveis da vida: o esgotamento dos recursos da Terra e a força motriz que o Amor representa.
Se a primeira é força motriz que a leva um grupo de pessoas procurem alternativas ao planeta para que a Humanidade possa colonizar e assim sobreviver, a segunda sobre diversas formas faz com que o planeta sobreviva.

Agora tudo isto é servido numa bandeja, num prato de gala que demora pouco menos que 180 minutos a ser saboreado.

Possivelmente Christopher Nolan é o realizador mais interessante e fascinante dentro do mainstream de Hollywood.
E meto imediatamente de lado Spielberg e James Cameron. Realizadores de filmes imediatistas, de entretenimento fácil em que os efeitos especiais são a própria história.

Poucos realizadores devem estar tanto à vontade com as grandes dimensões visuais de um filme e de argumentos complexos e sofisticados como Nolan.
E digo isto (sempre) do ponto de vista quem as utiliza para contar uma boa história do principio ao fim sabendo entrelaçar coerentemente o aspecto humano e o técnico. E Interstellar é um exemplo cabal desta capacidade e à vontade.
A realização dinâmica, incisiva e directa, prescinde da muleta do 3D para nos atirar para dentro do filme. É exuberante e visualmente poética. Próximo do final do filme quando Cooper está na quinta dimensão, a maneira como está está filmada é extraordinária.

O argumento é soberbo. De uma maneira simplista ele parte de uma realidade actual, preocupante e na qual muita gente já se preocupa - a incapacidade de o planeta nos sustentar - para uma realidade futurista em que se torna urgente encontrar um planeta alternativo para salvar e albergar a Humanidade. E neste último ponto também já há quem esteja a trabalhar nesta busca.

Partindo de uma premissa simples, na verdade ao longo das quase três horas de filme, o argumento é extraordinariamente complexo.
E está tão bem escrito que nos prende a atenção logo no início e as três horas passam a "voar". Não damos por elas.

Há passagens do filme que requerem algum conhecimento cientifico para se perceber e compreender com maior clareza o que se está a passar à frente dos nossos olhos e alguns golpes de cintura por parte do argumento.
Buracos verme, buracos negros, singularidades, quartas e quinta dimensões, sem mencionar a Teoria da Relatividade nas suas formas mais simples ou, esquecer ao contrário do que estamos habituados, que no espaço quando algo explode ou colide não há som. Só silêncio.

Talvez seja o elo mais fraco de Interstellar. Nenhum dos actores parece ter conseguido integrar, assumir plenamente o seu papel.
Matthew McConaughey (Cooper) dá sempre a sensação de ser mais um cowboy espacial do que um piloto da NASA. Anne Hathaway parece que não gosta de se sujar, sempre muito "esterilizada" e o corte de cabelo não ajuda muito.
Matt Damon (Dr Mann) nem devia contar para o filme. Não chega a aquecer o lugar. Falta-lhe dinâmica e convicção desde o início. Noutros filmes há quem tenha tido menos minutos de ecrã e tenha tido melhor desempenho. Estratégia de marketing para levar mais uns quantos espectadores para as salas de cinema à conta do seu nome.
Michael Caine agarra o papel mas tem pouco tempo de antena. É uma das personagens mais carismáticos e que mais substância tem. Talvez merecesse ser mais desenvolvida, tem um papel crucial no desenrolar do filme mas que praticamente passa ao lado. O que é uma pena.
No meio destes nomes sobejamente conhecidos do mundo cinema, uma menina convence-me plenamente. A Murphy, a filha de Cooper em nova, é desempenhada por Mackenzie Foy é o melhor desempenho de todo o casting do filme. Mesmo quando cresce e se torna também uma cientista da Nasa, passando a ser desempenhada pela consagrada Jessica Chastain, esta não consegue ter a mesma convicção da jovem actriz.

Um ponto a não esquecer. A banda sonora é de Hans Zimmer. É a quinta vez que este compositor trabalha com Christopher Nolan. A trilogia Batman e Inception são dele. E não desilude.

O final talvez seja um pouco meloso. Mas é precisamente através desse fim que a porta para um segundo filme se abre.
Espero bem que sim. Ver uma sequela de Interstellar deve ser outro privilégio. Uma nova oportunidade de voltarmos a arregalar os olhos e acreditarmos na magia e do encanto do cinema. Mesmo que seja mais do mesmo. Preferivelmente com outro casting.