A união das centrais sindicais
Não acredito e não alinho em greves.
Penso que foram exauridas e esvaziadas do seu significado com o seu uso excessivo ao longo do tempo e por invocação de motivos mais oportunistas do que sinceros. Muitas delas convenientemente marcadas para sextas ou segundas, o que pessoalmente, lhes retira o mérito que provavelmente até teriam.
Mas há 22 anos que tal não acontecia. A UGT e a CGTP, usualmente pouco cooperantes entre si, uniram-se desta vez para convocar uma greve geral para o dia 24 de Novembro. O que confere a esta greve uma dimensão e mediatismo que normalmente as restantes não têm. Será portanto uma raridade.
O objectivo é mostrar a união e a luta dos trabalhadores contras as políticas económicas do governo. Entenda-se cortes nos salários, perda ou diminuição de diversos subsídios, subida de impostos, etc, etc.
A última vez que as duas centrais se uniram foi em Março de 1988 contra o pacote laboral do então governo PSD de Cavaco Silva. E com sucesso, uma vez que ele não entrou em vigor.
Inconsequente e inútil
Esta greve é e será acima de tudo uma greve do funcionalismo público.
São eles o principal público alvo deste PEC. As frentes de sindicatos da Administração Pública afectas a cada uma das duas centrais sindicais já afirmaram que irão estar presentes.
O sector privado terá pouco peso nela. Alinhará, mas pouco. Será uma greve importante em termos de adesão, mas não será uma greve geral.
Mas no entanto há algo que não compreendo. Se é uma greve tão importante e vital, porquê um só dia?
Será que isto vai fazer mossa ao governo? Que o vai fazer hesitar em tomar estas medidas? Não. Claro que não!
Serão acima de tudo os grevistas que irão sofrer com a sua própria greve através da perda de um dia de salário.
Porque não um acto verdadeiramente ofensivo, incisivo? Corajoso. Dois, três dias. Mais. Algo que mostrasse verdadeiramente a insatisfação e a irritação de quem trabalha. Mais do que a percentagem de adesão, fosse a quantidade de dias de adesão à greve. Aí sim talvez incomodasse o Poder, talvez o fizesse pensar duas vezes.
Será portanto uma greve implicitamente inconsequente. Quem participar (e quem não participar) sabe que será assim. No dia seguinte estará tudo igual e as medidas entrarão naturalmente em vigor.
Mas será igualmente inútil. Está mortalmente enferma da falta de sentido de oportunidade. A data anunciada é de 24 de Novembro, mas o Orçamento de Estado de 2011 será votado bem antes, no dia 29 de Outubro. Quase um mês antes!
Toda a insatisfação, todos os protestos acontecerão a posteriori da votação. Após um facto consumado.
Se o OE não passar, nem sequer poderá ser reivindicado pelas centrais sindicais. Certamente terá sido devido à sua rejeição por parte do PSD (provavelmente com o apoio da esquerda e do CDS).
No fundo, esta greve servirá para não transmitir uma sensação de passividade por parte das centrais sindicais e sossegar as consciências dos seus líderes.
É uma greve não desejada e pouco conveniente. Foi forçada pelas circunstâncias económicas actuais. Convocá-la é uma espécie de pro forma. Uma necessidade do dever de cumprir a missão.
Mas pelo menos não será numa sexta ou segunda, mas sim a uma quarta.
Menos mal.
Não acredito e não alinho em greves.
Penso que foram exauridas e esvaziadas do seu significado com o seu uso excessivo ao longo do tempo e por invocação de motivos mais oportunistas do que sinceros. Muitas delas convenientemente marcadas para sextas ou segundas, o que pessoalmente, lhes retira o mérito que provavelmente até teriam.
Mas há 22 anos que tal não acontecia. A UGT e a CGTP, usualmente pouco cooperantes entre si, uniram-se desta vez para convocar uma greve geral para o dia 24 de Novembro. O que confere a esta greve uma dimensão e mediatismo que normalmente as restantes não têm. Será portanto uma raridade.
O objectivo é mostrar a união e a luta dos trabalhadores contras as políticas económicas do governo. Entenda-se cortes nos salários, perda ou diminuição de diversos subsídios, subida de impostos, etc, etc.
A última vez que as duas centrais se uniram foi em Março de 1988 contra o pacote laboral do então governo PSD de Cavaco Silva. E com sucesso, uma vez que ele não entrou em vigor.
Inconsequente e inútil
Esta greve é e será acima de tudo uma greve do funcionalismo público.
São eles o principal público alvo deste PEC. As frentes de sindicatos da Administração Pública afectas a cada uma das duas centrais sindicais já afirmaram que irão estar presentes.
O sector privado terá pouco peso nela. Alinhará, mas pouco. Será uma greve importante em termos de adesão, mas não será uma greve geral.
Mas no entanto há algo que não compreendo. Se é uma greve tão importante e vital, porquê um só dia?
Será que isto vai fazer mossa ao governo? Que o vai fazer hesitar em tomar estas medidas? Não. Claro que não!
Serão acima de tudo os grevistas que irão sofrer com a sua própria greve através da perda de um dia de salário.
Porque não um acto verdadeiramente ofensivo, incisivo? Corajoso. Dois, três dias. Mais. Algo que mostrasse verdadeiramente a insatisfação e a irritação de quem trabalha. Mais do que a percentagem de adesão, fosse a quantidade de dias de adesão à greve. Aí sim talvez incomodasse o Poder, talvez o fizesse pensar duas vezes.
Será portanto uma greve implicitamente inconsequente. Quem participar (e quem não participar) sabe que será assim. No dia seguinte estará tudo igual e as medidas entrarão naturalmente em vigor.
Mas será igualmente inútil. Está mortalmente enferma da falta de sentido de oportunidade. A data anunciada é de 24 de Novembro, mas o Orçamento de Estado de 2011 será votado bem antes, no dia 29 de Outubro. Quase um mês antes!
Toda a insatisfação, todos os protestos acontecerão a posteriori da votação. Após um facto consumado.
Se o OE não passar, nem sequer poderá ser reivindicado pelas centrais sindicais. Certamente terá sido devido à sua rejeição por parte do PSD (provavelmente com o apoio da esquerda e do CDS).
No fundo, esta greve servirá para não transmitir uma sensação de passividade por parte das centrais sindicais e sossegar as consciências dos seus líderes.
É uma greve não desejada e pouco conveniente. Foi forçada pelas circunstâncias económicas actuais. Convocá-la é uma espécie de pro forma. Uma necessidade do dever de cumprir a missão.
Mas pelo menos não será numa sexta ou segunda, mas sim a uma quarta.
Menos mal.