sábado, 5 de outubro de 2013

uma música para o fim de semana - JP Simões


O título da canção de JP Simões - Gosto de Me Drogar - não é lá grande coisa.
Mas a letra tem o seu quê. É uma letra resignada.

Muita gente considera que a resignação, o deixar-nos ir na onda, ir no rebanho, alinhar com o número maior, é uma fuga, um encolher de ombros. Talvez sim, talvez não.
Pessoalmente sou tentado a pensar que é um acto de inteligência, no limite, é de resistência e até sobrevivência.
É ter a noção que continuar a lutar contra algo que não se vai ganhar é um desperdício de forças, uma exaustão mental, é percorrer o caminho para a insanidade.

Esta arte da fuga, através de um vício, de um construir de uma bolha protectora, uma indiferença exteriormente calculada quando cá dentro talvez exista a semente da revolta, da luta, mas perante a inutilidade, a ausência da certeza de sucesso, ela fica latente, talvez para sempre ou talvez apenas até ao minuto seguinte.

Este acto de drogar, de beber, de nos alienarmos, construirmos mundos pessoais feéricos e sempre efémeros tem um grande problema. Maior que aqueles dos quais nós pretendemos proteger-nos.
É o acordar. O ter de novo, implacavelmente, dolorosamente. a realidade nua e crua à nossa frente.

Uma trip, uma bebedeira, prozacs, não ajudam. Quando acabam, quando acaba a realidade alternativa que criam, o choque e a ressaca da realidade real é tão avassaladora, que mais vale não a enfrentar.
Por isso no fundo, a resignação, o deixar ir no sei lá o quê, é um alívio falso.
Mas se não dermos uma saltada de vez em quando a esse mundo do faz de conta, onde nos podemos recuperar, entorpecer e adormecer, somos tão permanentemente atropelados pelo que está à nossa frente, ao nosso lado, que não nos conseguimos levantar, não passamos da horizontal ou de um esforço insano para de lá sairmos.

Então voltamos ao início deste texto. À resignação, à sobrevivência, à resistência passiva, à necessidade de recorrer ao desconto de tempo que um espumante e 10 copos a mais nos dá daquela realidade que nos atira ao chão e nos esmaga.

Bom fim de semana :)



gosto de me drogar
de beber como um louco
acho sempre que é pouco
quero engolir o mar

só assim me suporto
e então não me importo
de ouvir cantar o fado
e ficar deslumbrado com...
sei lá o quê.

com 10 copos a mais
fico novinho em folha
e parto à recolha
de 1000 conversas banais

tudo fica interessante
com mais um espumante
o meu país é lindo
e a humanidade é mesmo...
tão sei lá o quê, sei lá

ai será que a vida quer ser vivida
será que não
será que o sexo é só pra procriar
ou é só para armar confusão

dizem que tudo está predestinado
que não há nada a fazer
então mais vale estar embriagado
pois é o que tinha de ser

gosto de me drogar
como tantas pessoas decentes e honestas
como automedicar 
só assim me suporto

e então não me importo
de ser um cidadão
dar a contribuição para...
sei lá o quê

com um tiro na veia
chuto todo o mau gosto
para lá do sol posto
quase nada me chateia

tudo fica tranquilo
e eu já nem refilo
e o meu país é lindo
e a humanidade é mesmo tão
sei lá o quê, sei lá

ai será que a vida quer ser vivida
será que não
será que o sexo é só pra procriar
ou é só para armar confusão

dizem que tudo está predestinado
que não há nada a fazer
então mais vale estar embriagado
pois é o que tinha de ser

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

dia mundial dos Animais


Todos nós sofremos, todos nós temos medo. Todos nós temos personalidades e elas são diferentes. Gostamos de ser protegidos, amados e respeitados.
Sabemos o que é a fome e a sede. Sentimos frio e calor e não gostamos deles em excesso.
Não gostamos de ser explorados, maltratados e torturados.

Sabemos e procuramos o que é bom para nós e fugimos e rejeitamos do que não é. Temos percepção do mundo e do ambiente que nos rodeia. Sabemos o que queremos e o que não queremos.
Todos nós sentimos dor, ansiedade, alegria e tristeza. Todos nós temos emoções e sabemos como as mostrar.

Os animais também.
Pensemos neles da mesma maneira que pensamos em nós. Não façamos a eles o que nós não gostamos que nos façam.
Tal como nós, também eles são seres sencientes.





quinta-feira, 3 de outubro de 2013

série "Vencedores" - Rui Costa





É a segunda vez que Rui Costa aparece na série Vencedores.
A primeira vez foi por ter ganho a primeira de duas etapas da Volta a França deste ano. Depois desse feito ganhou a volta à Suiça. Agora aparece de novo nos Vencedores por se ter tornado o primeiro ciclista português a tornar-se campeão mundial de estrada de ciclismo nos mundiais de estrada em Itália, Florença.

A cereja no topo do bolo foi que no mesmo dia em que Rui Costa ganhava este título, domingo passado, João Sousa ganhava o primeiro torneio ATP da história do ténis português.
Um dia em que os Tugas deram cartas no desporto mundial. O que não é todos os dias...


terça-feira, 1 de outubro de 2013

dia mundial da Música


Não sei o que faria sem a música. Seria um vazio imenso em mim. Sem ela tornar-me-ia insuportável para mim próprio. É uma das grandes fontes de equilíbrio da minha vida.

É com ela que rio e que choro. Com ela vem doces momentos e com ela afasto as memórias amargas. Com ela sou feliz e com ela suavizo a infelicidade
Com ela encontro a serenidade necessária para amansar a inquietude que por vezes me rói.

É com ela que descanso uma cabeça cansada e uma alma triste. Como um encantador de serpentes é com ela que encanto os meus demónios quando eles me assolam e os faço voltar para o cesto negro de onde vieram.
Com ela suporto à noite os dias difíceis e agradeço as coisas bonitas da vida. Com ela digo bom dia ao dia aos fins de semana.
E estou tão habituado a comprar música aos fins de semana que quando não a compro fico com a sensação que eles ficaram incompletos.


aqui tinha escrito sobre o Concerto Nº 1 para Piano e Orquestra de Tchaikovsky e a importância que ele tem enquanto refúgio espiritual para mim desde há muito tempo.

Mas existe uma outra música, bem mais pequena na sua duração, mas poderosa na simplicidade, na elegância minimal, na tranquilidade que transmite e na pureza que encerra dentro de si própria.

Peace Piece é uma peça que sintetiza em pouco menos de sete minutos, tudo o que escrevi acima.
É perfeita. Uma nota a mais e ficaria arruinada, uma nota a menos seria vulgar. O silêncio, esse instrumento tão difícil de saber usá-lo, está subtilmente presente em cada nota do piano.
Ao ouvi-la, sem tirarmos os pés do chão somos levados e transportados por ela. Somos penas sem destino sustentadas sem esforço na terna vontade do vento. Nada se interpõe entre o piano e nós.

Peace Piece é tocada pelo seu autor. Um dos mais influentes, e uns dos que mais admiro, pianistas de jazz de todos os tempos - Bill Evans.




Sem a música, a vida seria um erro, afirmava Nietzsche.
Pessoalmente penso que seria um erro tão grande, que creio que não seja possível cometê-lo.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

série "estatísticas da vida" - LIII







série "Vencedores" - João Sousa





Actualmente vive e treina em Barcelona, mas João Sousa é um vimaranense nascido em Março de 1989. Começou a jogar ténis aos 7 anos e aos 15 decidiu fazer do deste desporto o seu modo de vida. 
Assume-se como uma pessoa discreta, dono de uma boa direita  ecom alguns problemas de concentração de jogo.

Há poucos dias, João Sousa no torneio malaio de Kuala Lumpur já tinha causado sensação ao derrotar nas meias finais o espanhol David Ferrer, o nº 4 do mundo. 
Agora, neste domingo, tendo atingido a final do mesmo torneio, João Sousa tornou-se o primeiro tenista português a ganhar um torneio ATP ao derrotar o francês Julien Benneteau.
Excelente :)))