sábado, 28 de dezembro de 2013

uma música para o fim de semana - Ana Moura


Não podia fechar o ano de 2013 sem colocar a música que tem uma das melhores letras que jamais ouvi escrita numa canção, Desfado.

A voz de Ana Moura tem uma ligeira aspereza muito pessoal que faz a diferença entre todas as vozes uniformizadas que cantam o fado, o que é notoriamente uma vantagem. Talvez seja por essa ausência de suavidade e doçura que seja a voz ideal para cantar a música para este fim de semana.

Mas mais que a voz de Ana Moura, a letra de Desfado de Pedro Silva Martins dos Deolinda é extraordinária.
Canta a ambivalência, a contradição, o dilema. Quando fugimos do dia, mas sabemos que a noite não nos chega.
A necessidade de termos as coisas que não temos, e que precisando, não precisamos de precisar.
Quando não nos sabemos definir, oscilando, quando as respostas às nossas questões pululam no nosso interior, sabendo que não são as certas, sem saber quais serão elas.

Há inquietação nesta letra, mas esta não é traduzida em desespero ou escuridão. Há um aceitar aparentemente estóico em vez de cair numa resignação de um doloroso poço sem fundo.
É como Sócrates (o sábio filósofo, não o asqueroso político) afirmava - Só sei que nada sei.
Este pensamento era considerado como a douta ignorância de Sócrates. Sabia que não sabia nada e este saber paradoxalmente conferia-lhe sabedoria.

No fundo Desfado é assim. Celebra a contradição e o paradoxo. É uma canção com uma letra positiva que incorpora em si sementes de esperança.
"Na incerteza que nada mais certo existe, Além da grande incerteza de não estar certa de nada."

Gosto mesmo desta letra.


Bom fim de semana e de caminho um Excelente Ano 2014 :)





Quer o destino que eu não creia no destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum

Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande tristeza
Esperar que um dia eu não espere mais um dia
Por aquele que nunca vem e que aqui esteve presente

Ai que saudade
Que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém
Que aqui está e não existe
Sentir-me triste
Só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem
Só por eu andar tão triste

Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse"
E lamentasse não ter mais nenhum lamento
Talvez ouvisse no silêncio que fizesse
Uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro

Ai que desgraça esta sorte que me assiste
Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada
Na incerteza que nada mais certo existe
Além da grande incerteza de não estar certa de nada


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

o Pai Natal está cansadito


O pobre Pai Natal está cansado depois de um dia atarefado.
Precisa de ajuda para arrastar o seu pobre corpo...