sábado, 4 de agosto de 2012

uma música para o fim de semana (na silly season) - Fúria do Açucar


O mês de Agosto é sinónimo de férias, verão, calor, praia, escaldões e grandes bezanas. 
É o tempo das frivolidades, em que tudo o que não acontece é notícia ou torna-se notícia.

É quando os canais de televisão são ainda mais estupidificantes do que o normal, os políticos mais toleráveis porque não aparecem ou aparecem menos, ou quando, esta semana, a PSP resolveu fazer explodir uma geleira deixada à porta da embaixada de Israel e ter descoberto que não havia nada de especial lá dentro. Talvez umas sandochas de frango assado com umas fatias de alface e molho de maionese, umas coca-colas e uns sumos. Digo eu... :D
Enfim, é a Silly Season por excelência.

Eu Gosto é do Verão dos Fúria do Açúcar, uma banda portuguesa formada em 1991 onde pontificava João Melo que se tornou conhecido do grande público como apresentador de televisão, vem mesmo a calhar para abrir um conjunto de canções dedicadas ao mês de Agosto, uma espécie de celebração da silly season que está em curso.

Para apreciadores da estação ;). Pessoalmente contínuo à espera do Outono. Ainda falta muito???


No verão os dias ficam maiores
No verão as roupas ficam menores
No verão o calor bate recordes
E os corpos libertam os seus suores

Eu gosto é do verão
De passearmos de prancha na mão
Saltarmos e rirmos na praia 
De nadar e apanhar um escaldão.
E ao fim do dia, bem abraçados
A ver o pôr-do-sol
Patrocinado por uma bebida qualquer


Bom fim de semana :)




sexta-feira, 3 de agosto de 2012

as Pussy de Putin





São três raparigas russas que andam chateadas pela maneira como Vladimir Putin, actualmente presidente russo, vai ganhando sucessivamente eleições e se vai mantendo no poder sem mostrar muita vontade de lá sair.

Elas, são as Pussy Riot (gostei do nome) uma banda punk que resolveram mostrar aos russos (e ao mundo) aquilo que lhes vai na alma e fizeram um videoclip que foi gravado na principal igreja ortodoxa de Moscovo.
A canção é uma oração a Maria para tirar da cadeira do poder o poderoso czar russo - Virgem Maria manda o Putin embora.
Já antes o tinham andado a chatear com outras vigorosas actuações , nomeadamente na Praça Vermelha.

São conhecidas por actuarem de cara tapada e envergarem roupas exuberantemente coloridas.

Resultado, elas foram acusadas de "vandalismo religioso" e de terem "infligido profundas feridas morais nos cristãos ortodoxos". Arriscam uma sentença de sete anos de prisão. Por uma coisa que dura pouco mais de três minutos!

Dmitry Medvedev, o actual primeiro ministro da Rússia e que teve uma mãozinha de Putin para lá chegar, foi dizendo pelo meio que as raparigas até tinham tido sorte. Porque noutros países as consequências poderiam ter sido mais nefastas e tristes.
O que levantou a questão se não estaria a  comparar a Rússia com países islâmicos radicais que promovem o apedrejamento e fez questionar qual a verdadeira ligação do poder russo à igreja ortodoxa.

Muitos crêem por isso que se tratou de um julgamento político e do controlo e repressão da liberdade de expressão, até porque muitos dos fieis ortodoxos, supostamente lesados na sua religião e a população em geral estão a pedir a libertação da banda.

Elas estão agora em greve de fome. Um pouco por todo o lado tem-se gerado movimentos a pedir a libertação das Pussy Riot.


A tradução da letra em inglês encontra-se nos comentários do vídeo.




quarta-feira, 1 de agosto de 2012

touradas - a arte e a cultura da tortura e do sofrimento


Chamam à tourada, arte, cultura e festa brava.
Como se cultura fosse ver um touro a agonizar, a espumar sangue da boca, com a sua carne rasgada por bandarilhas espetadas por covardes que pensam que são valentes.
Como se a cultura fosse torturar atrozmente um ser vivo, até à exaustão, até um ponto em que morte, que lhe é negada e tardará, pode ser libertadora.

Como se a festa brava não fosse um acto covarde e selvático de um touro que é lançado numa arena já diminuído fisicamente e a agonizar.

Onde já não é capaz de respirar porque os seus pulmões estão sufocados por ter as vias respiratórias obstruídas com algodão e os olhos besuntados com vaselina para lhe turvarem a visão.
Está desidratado e a pouca água que lhe dão tem purgantes e laxativos para o enfraquecerem com diarreias prolongadas.
E antes da saída para a arena de tortura, a procurar a saída para uma liberdade que não existe, são golpeados nos rins e nos testículos.

Na arena, na lide, os sanguinários e pouco bravos toureiros rompem-lhe os tendões e ligamentos dos pescoço que aos poucos e poucos o impedem de suportar o pescoço e a cabeça.
A extensão e profundidade das feridas provocadas, com os ferros, em média é da ordem dos 20 cm e há casos reportados de quarenta (!) cm.

Dependendo da direcção e profundidade com o estoque podem perfurar o fígado, o baço, pâncreas e o estômago.
Perfuram igualmente os pulmões e provocam-lhe hemorragias que põem o touro a espumar e babar sangue. A sua exaustão e agonia é tão grande que muitas vezes caiem ou ajoelham-se no chão.
Durante uma lide, um touro perde em média 6 litros de sangue.

Mas a morte libertadora, tardará a chegar.
Morrerão dias mais tarde, sozinhos, agonizando, sem tratamento ou alívio, resultante dos ferimentos recebidos e das infecções que surgiram em consequência deles.




Aos cavalos são retiradas as cordas vocais para não se ouvirem os relinchos de terror e dor.
Os seus ferimentos são suturados. E depois aproveitados para a tourada seguinte.
Os cavalos não suportam mais de três ou quatro touradas.

A arte é algo sublime. Arte aproxima-nos dos Deuses. Arte é um quadro, arte é uma escultura, um bailado, um poema. Uma música.
Cultura é o que nos faz orgulhar do nosso passado, aquilo que pretendemos que nos venham a admirar e a ser admirados no futuro.
É um legado vindos dos tempos e para os tempos. Eleva um país.

São conceitos que jamais poderão ser associados a actos de covardia, de tortura e sofrimento de um ser vivo, de um touro.
O nosso legado não pode ser sangue, dor e barbárie. Não nos eleva como país, antes nos envergonha.


O vídeo (filmado em Espanha) que anexo é sobre a violência praticada sobre os touros durante uma tourada e o sofrimento que lhes é infligido.
A arte, a cultura, a festa brava que as touradas representam e que tanto proclamam os carniceiros ridiculamente vestidos de criados de Luis XIV concretizam-se neste revoltante vídeo.
Ele é tão duro que o Youtube faz um aviso prévio afirmando que as imagens são particularmente violentas e cruéis.

Mas vejam. Vejam pelo menos uma vez. Vejam pelos animais que sofrem atrozmente, que são torturados, que são sacrificados, que desnecessariamente sofrem horrores para prazer e gáudio de uma cambada de selvagens sádicos.
Para que o sofrimento deles não seja ainda mais em vão.

E chorem por eles. Os touros merecem.





domingo, 29 de julho de 2012

compra de fim de semana - Anouar Brahem




Gosto do conceito de world music. Em sentido lato é toda a música que não é categorizável segundo uma classificação, rock, pop, clássica, jazz, blues, por aí fora.
Assim world music, é uma música com sonoridades diferentes, escalas, timbres de vozes diferentes. Tem uma forte componente étnica, frequentemente afastada da cultura ocidental.
Está ainda associada ao conceito de fusão, música que une culturas e musicalidades de origens distintas.

Na mesma filosofia e por extensão à world music, existe o world jazz.
Stan Getz é conhecido por ter ajudado a nascer a bossa nova, jazz ao som do samba, Django Reinhardt por ter unido os sons ciganos ao mundo do jazz, Ravi Shankar por ter trazido as distintas sonoridades da cítara indiana e Jan Garbarek por divulgar os sons e folclores nórdicos por intermédio do seus saxofones e flautas.

O alaúde do tunisino Anoaur Brahem junta-se a este grupo. Em Thimar, as paisagens, os sons quentes do médio oriente e os mistérios do norte de África estão na ponta dos seus dedos.
A sua música é expressiva, muito contemplativa e carrega em si muito dos fascínios que habitualmente as culturas árabes encerram.

Dois grande nomes do jazz mundial acompanham Anouar Brahem nesta viagem, o contrabaixista Dave Holland e o saxofonista John Surman
Sempre que o saxofone ou o clarinete baixo de Surman se fazem ouvir ou entram em diálogo com o alaúde, algo de muito especial  acontece. É o diálogo perfeito entre dois instrumentos que representando excelentemente as diferenças culturais do ocidente e do médio oriente acabam por se desvanecer e tornam-se uma única, a da música universal.

Waqt, a quinta faixa do álbum e que significa tempo em árabe, é inteiramente tocada por John Surman. Lenta e arrastada como uma oração lançada ao ar numa noite estrelada. Um solo sublime.

E se quisermos brincar com os significados das faixas diria que a segunda, Kashf, cujo significado pode ser intuição como pode ser descoberta do que não se conhece, do que não se viu, é o termo certo para se entrar no mundo encantado de Anouar Brahem.

A faixa que abre Thimar é Badhra, cuja tradução do árabe é lua cheia, demonstra bem todo o espírito evocativo que este mestre do alaúde colocou no seu trabalho e que é tão bem secundado pelos seus companheiros de trio.

A propósito, Thimar significa fruta.