sexta-feira, 18 de junho de 2010

As Intermitências da Morte

José Saramago, ribatejano, nasceu na Azinhaga (Golegã) a 16 de Novembro de 1922.
De origens bem humildes e pobres começou por ser serralheiro mecânico, desenvolvendo posteriormente outras actividades dentro e fora das letras.
Era um homem polémico que gostava e procurava a polémica, gostava da batalha de ideias e de argumentos.
Era directo, viperino e contundente. Amargo.


Terra do Pecado, o seu primeiro livro, foi publicado em 1947.
Atinge o estatuto de herói nacional e além fronteiras em 9 de Outubro de 1998 quando ganha o prémio Nobel da Literatura.
O Memorial do Convento, o seu livro mais lido, inova na estética da escrita. Longos parágrafos onde a pontuação escasseia e com diálogos escritos na mesma frase. É uma obra que exige fôlego e constante concentração na sua leitura.
Houve alguém que disse que os parágrafos não foram feitos para serem desbaratados, o Memorial do Convento faz justiça a esta afirmação.

Caim, o seu último livro foi publicado em 2009. Este livro levou Saramago a um novo  e contundente confronto com a Igreja (o primeiro foi com O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991).
As declarações que fez sobre a Bíblia - "A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldades" e, "o Deus da Bíblia não é de fiar" arrasaram e indignaram a Igreja.
Um eurodeputado do PSD, David Sousa chegou mesmo a afirmar - "Tenho vergonha de o ter como compatriota" e exortando-o a deixar de ser português.

José Saramago, um vulto maior das letras, morreu hoje aos 87 anos em Lanzarote, Espanha.
Se lhe fizerem a vontade escreverão na sua lápide aquilo que uma vez disse em 2004:
"Quando morrer quero que ponham sobre a minha lápide: Aqui jaz indignado, José Saramago".


fonte cartoon - Google Imagens

quinta-feira, 17 de junho de 2010

estas férias vou-me exportar

Cavaco Silva afirmou recentemente que os portugueses deveriam fazer férias em Portugal, o "vá para fora cá dentro", de modo a ajudar a manter os empregos na área do turismo e logo a ajudar economia nacional. Ainda de acordo com o PR, passar férias no estrangeiro faz aumentar a dívida nacional uma vez que se trata de uma exportação.
Faz sentido. Apesar de Vieira da Silva ainda não ter explicado porque é que os preços dos combustíveis estão tão altos, também não deixa de ter razão quando este diz contra-argumentando, que se todos os outros países apelassem ao mesmo, Portugal ficava sem uma fonte importante de divisas.
Mas na verdade o que vai acontecer, como sempre fizeram, é que os portugueses vão de férias aonde as suas disponibilidades financeiras os deixem ir.
Não acredito que alguém que deseje e que possa ir de férias para as Caraíbas, mude de ideias para ajudar a economia interna e vá para as praias superlotadas do Estoril ou da Caparica.
Eu sou um desses, estas férias vou para fora. Vou-me exportar.