sábado, 3 de novembro de 2018

uma música para o fim de semana - Xutos & Pontapés


Uma das mais carismáticas músicas dos Xutos, está num dos álbuns mais carismáticos deles: 88.

Ela começa a mexer connosco logo nos riffs das guitarras, sempre em crescendo, sempre a puxar por nós, até que a sequência rápida da bateria de Kalu anuncia o climax: À Minha Maneira Começou!!

A partir daqui é sempre a dar gás. Entrar em delírio. Começar a cantar até ficar rouco, a pular até cansar, extravasar energia até o Universo não poder mais com ela.

É mesmo assim! Não há volta a dar. E concerto dos Xutos sem ela, não é...concerto.
E pensar que esta canção (e o álbum) já tem 30 anos.


Bom fim de semana ☺





A qualquer dia
A qualquer hora
Vou estoirar, pra sempre

Mas entretanto
Enquanto tu duras
Tu pões-me tão quente

Já sei que hei-de arder na tua fogueira
Mas será sempre, sempre à minha maneira

E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão mudar
À minha maneira (à minha maneira)
À minha maneira

Por essa estrada
Por esse caminho
A noite, de sempre

De queda em queda
Passo a passo
Vou andando, prá frente

Já sei que hei-de arder na tua fogueira
Mas será sempre, sempre à minha maneira

E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão mudar
À minha maneira (à minha maneira)
À minha maneira

À minha maneira
À minha maneira!


terça-feira, 30 de outubro de 2018

espelho meu


Desde pequena que tinha medo do espelho da casa de banho. Só dele. Só deste.
Receava o ele lhe poderia devolver, mostrar. Acreditava que lhe desvendaria um segredo que não queria conhecer, do que pudesse acontecer.
Quando tomava banho a humidade ofuscava a superfície espelhada e sempre se sentiu segura. Anos a fio. Um dia tal não aconteceu. A humidade, caprichosamente, não escondeu o espelho.
Estremeceu. Ganhou coragem. De lado para o espelho, receosamente, pouco a pouco, foi espreitando cada vez mais até que a sua cabeça apareceu totalmente. Espreitou para o seu reflexo, para a sua imagem e nada viu e nada leu.
Aliviada exclama - Meu Deus, que estupidez tão grande. Não há nada dentro dele!

Virou-se para trás e abriu os olhos num misto de incredulidade e pavor. Os dedos que seguravam a tolha suavemente tornaram-se brancos com a força multiplicada pela terror. Da humidade opaca, pairando no silêncio e no ar, uma lâmina de aço que o espelho não lhe mostrou, desfere-lhe um golpe seco e único no pescoço. Enquanto gorgolejava, sufocando no seu sangue morno e de sabor macio, ouviu, espelhado na lâmina brilhante, a gargalhada da mãe morta chamando-a pelo seu nome: Zulmiraaaaaaaaa!!


Inkheart