terça-feira, 1 de outubro de 2024

dia mundial da música - Haza Salam (Myriam Shebab)


O Genocídio dos palestinianos e há poucos dias, a invasão do Líbano por parte de Israhell, afecta-me profundamente. 

Afecta-me por o Ocidente ter parte activa nele. Por ser o culpado de este acontecer e continuar a acontecer.
Através da covardia do seu silêncio, através do apoio político, através do fornecimento de armas e por insistir que Israhell tem direito à auto-defesa.
Não tem. Não tem, mesmo. É meramente uma vil força ocupante que tem medo que os legítimos donos da terra que roubou e ocupou que regressem.
É uma vil força ocupante que sem o Ocidente, nada vale. É uma vil força ocupante que chantageia, que compra o mundo ocidental para a apoiar, que torna os políticos ocidentais num bando de ovelhas que a seguem sem qualquer vontade própria. 

Uma vil e monstruosa força ocupante que pelas suas acções deram a movimentos de resistência que lutam contra a sua ocupação, contra os assassinatos e rapto das suas crianças, das suas gentes. Resiste contra a prisão indiscriminada e sem acusação do povo palestiniano, contra a tortura que estes sofrem nas prisões. Resiste contra a Faixa de Gaza se ter tornado, a maior prisão, o maior campo de refugiados a céu aberto. Como já li num lado qualquer - Resistir é Existir.
Dói-me este Genocídio Palestiniano, porque tal como o Genocídio Ruandês, se estar a desenrolar à frente dos olhos do Ocidente que assiste em silêncio, sem compaixão pela vida humana, sem respeito pelos direitos humanos ou pelos valores humanistas, sempre de mãos nos bolsos.
Dói-me este Genocídio Palestiniano, porque pela primeira vez sinto uma vergonha profunda, um embaraço sincero por ser ocidental e quando viajo pelo mundo árabe pedir desculpa por o ser e por aquilo que os políticos ocidentais não decidem e não fazem.
Por os cretinos e imbecis políticos ocidentais afirmarem que o Holocausto nunca mais pode acontecer e permitem que outro Holocausto esteja mesmo a acontecer.

O Líbano, dói porque é um país que não merece os libaneses. É um povo que luta com todas as suas forças para fazer avançar a sua vida, num país que praticamente nada funciona. Um país cuja economia está enfraquecida por um governo corrupto e totalmente inepto.
Um país disfuncional com um povo funcional, simpático, que sabe receber e sorrir quem o visita.
Mas principalmente o que torna esta invasão por parte de Israhell e do Ocidente conivente, tão dolorosa foi facto de ter conhecido pessoalmente palestinianos que se lembram da Nakba, palestinianos que ainda acredita que um dia voltarão à terra que é deles e da qual foram expulsos e muitos milhares assassinado. Peguei nas suas chaves das sua casas, peguei, através delas, nos seus sonhos e na sua dor.
Conheci-os, falei com eles, estive nas suas casas na comunidade de refugiados de Sabra e Shatila.
Onde ocorreu - entre 16 a 18 de Setembro de 1982 - um dos maiores massacres da história palestiniana que ganhou o nome desta comunidade: o Massacre de Sabra e Shatila. Terão sido assassinados um número incerto (entre os três a cinco mil) de palestinianos entre outras nacionalidades que se albergavam nesta comunidade.
Se o massacre foi cometido por milícias libanesas, estas tiveram o total apoio de soldados israhellitas que não os ajudaram, que os impediram de fugir, que os cercaram para que não pudessem escapar.

Para o dia mundial da Música escolho uma das canções mais representam a inenarrável experiência que o povo palestiniano está vivenciar, o crime dos crimes: o seu Genocídio.

Maryam Shebab é do Kuwaiti. É uma das vozes que ajudaram a tornar esta canção conhecida em todo o mundo. 
A letra é do poeta egípcio Ahmed Fouad Negm (1929-2013). Versa sobre a paz e sobre o que é a paz. Algo que desde 1948, ano da Nakba, este povo nunca mais conheceu. Foi-lhes roubada, há 76 anos, pelo Ocidente e Israhell, e que continua sem saber o que é até aos dias de hoje.