Platero e Eu.
Ou como a vida devia ser. Simples, ingénua, bonita, doce e colorida.
O paciente burrito Platero é o confidente do seu dono. Através de Platero. a vida dele e do seu dono, desdobra-se à frente dos nosso olhos.
As crianças e as suas brincadeiras, a cadela Diana, o canário asmático que morre, as cores das flores, borboletas, os pastos, os aromas, o sol e a lua.
Os dois sobem colinas, passam por trilhos, pelas árvores. pelas suas sombras e vão cruzando as estações do ano, enquanto filosofam com a sabedoria dos inocentes, sobre a vida, a morte, a beleza, a doença.
No fim, Platero morre. E há um vazio dentro de nós. Um choque.
Aquele burrito tornou-se parte de nós. Tornou-se igualmente o nosso confidente e amigo.
O seu dono dá-lhe um lugar num paraíso imaginado. Platero fica entre flores, como tinha passado toda a sua vida.
"Platero, haverá um paraíso de pássaros?"
É fácil apaixonar-nos por este livro. Pela sua simplicidade. Um pouco melancólico, com um traço de uma ligeira tristeza. Mas muito longe de ser um ou o outro.
Está repleto de ternura, de doçura. Está cheio de algodão.
É um livro de poesia escrito em prosa.
Cada poema, cada relato, cada capítulo é independente um do outro.
Mas não deve ser lido de rajada, de uma só vez como um livro normal. Tem que ser lido e saboreado. Uns capítulos hoje, uns capítulos amanhã. É um livro gourmet.
Se os lermos com atenção. eles formam um todo, uma linha coerente. As vidas do dono e do burrito Platero estão profundamente interligadas. São extensoes um do outro.
É fácil apaixonar-nos por este livro. De nos encantar, de nos fazer querer ter um burrinho.
Há uns anos que li Platero e Eu e desde esse dia que tenho vontade ter um.
Um mirandês de olhos brilhantes, esperto, de focinho branco, orelhudo para eu poder sussurrar os meus segredos e abrir as minhas caixinhas para ele.
O autor Platero e Eu, é Juan Ramón Jiménez, um poeta espanhol. Ganhou o prémio Nobel da Literatura em 1956.
Só podia.
"Platero é pequeno, peludo, suave; tão macio, que dir-se-ia todo de algodão, que não tem ossos. Só os espelhos de azeviche dos seus olhos são duros como dois escaravelhos de cristal negro.
Deixo-o solto, e vai para o prado, e acaricia levemente com o focinho, mal as roçando, as florinhas róseas, azuis-celestes e amarelas...
Chamo-o docemente: “Platero”, e ele vem até mim com um trote curto e alegre que parece rir ."