sexta-feira, 29 de outubro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

será que precisamos deste OE?

É ideia generalizada que a falta de credibilidade nos mercados financeiros já está instalada, independentemente da aprovação ou não deste orçamento.
É ideia generalizada que o Orçamento é mau e que a realidade económica do país é pior do que se pensava.
É ideia generalizada que este governo não prima pela transparência e isso reflecte-se neste Orçamento.

Talvez não

Para além da crise económica há que somar a forte crise política. E esta última só é verdadeiramente resolvida com novas eleições, novos governantes.
Logo, será que é vantajoso, é verdadeiramente crítico que este OE seja aprovado? Será que precisamos dele? Talvez não.

É claro que o país vai continuar a funcionar "sem orçamento" e com um governo de gestão. O PSD já afirmou que apoiaria um governo desta natureza. Certamente que não iremos à bancarrota.
A Grécia ainda existe, e creio que os portugueses não se importavam que Portugal estivesse tão mal como a Islândia quando esteve na bancarrota.
Entre um governo de gestão e as eleições legislativas, vai dar tempo para que se pense em alternativas de governo, se faça o trabalho de casa e se preparem novas equipas de trabalho. Que os bastidores da política funcionem.
Talvez durante esse intermezzo, houvesse uma união de consciências para salvar o país. Talvez se formasse um espírito de coesão nacional, uma espécie de desígnio colectivo.

Mais do mesmo

Se este orçamento for em frente, prolonga-se a agonia e a desmoralização do país durante mais um ano.
Se passar o OE de 2011, certamente que não passa o de 2012.
É só pensar um pouco.
Será que o país quer ver a arrogância de Sócrates e a tecnocracia de Teixeira dos Santos a governarem Portugal durante mais um ano, da mesma maneira que tem sido até agora?
Com PECs a sucederem-se uns aos outros, contradições patéticas, despesismo, decisões a avulso não planeadas e incoerentes, aumentos de impostos e novos impostos, destruição do estado social e sistemáticos ataques à classe média.
Alguém acredita algo vai mudar, que vai haver evolução ou melhoria? Não. Claro que não.
Na prática seria mais do mesmo durante um ano.

O FMI

Acenam com a ameaça da intervenção do FMI em caso de rejeição do Orçamento de Estado.
Mas há quem diga que o FMI vai entrar pelas nossas portas dentro, seja ou não o orçamento aprovado.
E há quem (Pina Moura) afirme que isso pode ser bom. "Santos da casa não fazem milagres" afirma o povo.
Era uma maneira de regular e moralizar a nossa economia, impor regras. Termos transparência nas contas públicas. Regulamentar a economia e moderar os excessos e os favores à banca.
Talvez sejam medidas mais duras, mas certamente que trará uma sensação de justiça e equidade na sua aplicação. Conceitos que os portugueses não têm sentido até ao momento.
Já que não o soubemos fazer, ou quisemos fazer, alguém que o faça por nós.
Além que o homem forte do FMI para a Europa é António Borges, que por acaso, até há muito pouco tempo foi um vice presidente do PSD.

Uma década perdida

Portugal já perdeu, com ou sem Orçamento.
A economia nacional foi considerada a terceira pior do mundo na última década. Pior só a Itália e o... Haiti! Na comparação do PIB de 2000 com o PIB de 2010, verifica-se que o PIB de Portugal nos últimos 10 anos cresceu 6.47%, contra 2.43% da Itália. O Haiti foi a única nação do mundo que teve um crescimento negativo de 2.39%.
A Guiné Equatorial está no topo da escala com um crescimento de 387%.


Um orçamento rejeitado não é desejável. Nunca é.
Mas por vezes tudo tem que ir abaixo, para se recomeçar de novo. É como se fosse escolher o mal menor.
Talvez seja altura de tal acontecer.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Daniel Bessa. Ele lá sabe...



Daniel Bessa, antigo ministro da Economia, em entrevista ao JN.

Acredita na inevitabilidade de um PEC IV?

"Acho que não vamos ter um PEC IV, vamos ter um V e um VI. O IV é o mínimo indispensável para cumprir a meta do défice para 2012. Eu gostava de reter a velocidade a que a situação se deteriorou em Portugal. Há um ano tivemos umas eleições onde nos foi dito que o problema do défice não existia, que não era preciso reduzir despesa nem agravar taxas de impostos, porque tudo se ia resolver com o aumento de receita trazido pelo crescimento da economia. Em menos de um ano, passamos para esta realidade, com três PEC. É preciso ser muito cândido para acreditar que fica por aqui."

Ler a entrevista aqui.