sábado, 20 de fevereiro de 2016

uma música para o fim de semana - Cordis





Já antes tinham passado pelos palcos da Esteira. E não sendo particularmente fascinado pelos Cordis, chamo-os de novo.
Cordis é uma dança musical a dois um pouco estranha, interessante, mas que nem sempre resulta bem: o piano de Paulo Figueiredo e a guitarra portuguesa de Bruno Costa.
Sendo dois instrumentos tão diferentes nas sonoridades, nota-se facilmente a diferença de texturas e a forma como dialogam entre eles.
Tocam juntos há dez anos. Não é de admirar que se sinta e haja um grande intimidade entre os dois instrumentos, um grande conhecimento entre eles. Remete-me para o universo de Dead Combo, dois instrumentos e uma cumplicidade que emana desde o primeiro minuto.

O que mais me incomoda neste duo, é a presença, muito facilmente de identificar, dos fados de Coimbra, por força, naturalmente da guitarra portuguesa.
Contraponho com Custódio Castelo, pessoalmente o músico que melhor sabe tocar e explorar as cordas desta guitarra, que consegue sair da caixa dos fados de Coimbra e de Carlos Paredes.

Por isto a música para este fim de semana, sai de Terceiro.
O primeiro álbum dos Cordis surge em 2008 (Cordis piano & guitarra portuguesa), Cordis 2 em 2011 e o mais recente, Terceiro em Novembro do ano passado.

Em Terceiro, os Cordis vão buscar convidados e então sim, a guitarra portuguesa, sobressai, mesmo mantendo o registo que a tornou conhecida.
Um dos maiores e melhores exemplo em como a adição de um terceiro instrumento de voz grave, o saxofone do madeirense Edjam, faz toda a diferença na revisitação de Valsa por um Tempo que Passou de António Portugal.

Aos 0.48min o saxofone alto entra maravilhosamente e a dupla piano/ saxofone dominam mais de metade do tema. Quando a guitarra portuguesa aos 3.03 min, sabe bem. O contraste com os três minutos anteriores é grande e muito desejado.
O final do tema acaba com outra dupla intensamente abraçada, a guitarra portuguesa e a flauta de Edjam.
Se ouvirem este mesmo tema tocado "apenas" com piano e guitarra, verão como ele é "pobre".


Bom fim de semana :)





sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

um poema de... Alberto Caeiro




Para Além da Curva da Estrada

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto. 

Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo. 

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles. 

Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.


Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

dia mundial do Gato


Eles são tão especiais que até têm dois dias mundiais :)
Um deles é hoje, o outro é celebrado a 8 de Agosto. Existem duas datas porque foram criadas por duas instituições diferentes.

A de hoje foi criada por uma organização italiana de defesa e protecção de animais para promover o bem estar dos gatos angariar e fundos.
A segunda data surgiu através da International Fund for Animal Welfare (IFAW).

Tenho três belezas peludas, falta aqui um, para os quais todos os dias, são dias mundiais dos gatos.
Particularmente e respectivamente, da Alma, do Mahler e do Miles, o primeiro gato a aparecer na minha vida e o tal que não tem a sua fotografia aqui.


A Alma é a mulher da casa. Desarruma-a, atira as coisas para o chão e parte várias delas. É uma conhecida chantagista e altamente dependente de festas. Enquanto não tiver a sua dose regular (várias vezes ao dia) de festas não se cala.
Tem o dom de conseguir facilmente transformar um miado... num bocejo.




O Mahler é um ronronadeiro profissional e o mais rápido deles de todo distrito de Aveiro.
As suas turras são conhecidas internacionalmente pela força que exerce com a cabeça, capaz de arrancar um braço. Depois de arrancar um, vai arrancar o outro. Se não arrancar os braços, esmaga as mãos com o peso da cabeça quando ele pousa a cabeça nelas para... dormir.
É um "ocupa" por excelência de todas as mantas que encontra espalhadas pela casa.
Para além das mantas, é também um toxicodependente em snifadelas nos meus sapatos quando chego a casa.





O Miles se fosse um mafioso, seria o Godfather. 
É ele que manda na casa, é quem define se os outros podem ou não podem estar nos sítios em que se encontram, quaisquer que eles sejam, mesmo que ele não queira estar lá.
O lugar mais alto da sala é só dele. Quando lá está é o guardião dela. Toda a sala está sobre sua supervisão. Nada acontece, nada se passa sem o seu conhecimento. 
A Caixa do Poder, que é a mesma há vário anos, em cima da bancada da cozinha, pertence-lhe. Nem a Alma, nem o Mahler, saltam lá para dentro. 
E no entanto... é tão frágil e doce como um gatinho abandonado. Que de facto foi.





pensamento da semana