Já antes tinham passado pelos palcos da Esteira. E não sendo particularmente fascinado pelos Cordis, chamo-os de novo.
Cordis é uma dança musical a dois um pouco estranha, interessante, mas que nem sempre resulta bem: o piano de Paulo Figueiredo e a guitarra portuguesa de Bruno Costa.
Sendo dois instrumentos tão diferentes nas sonoridades, nota-se facilmente a diferença de texturas e a forma como dialogam entre eles.
Tocam juntos há dez anos. Não é de admirar que se sinta e haja um grande intimidade entre os dois instrumentos, um grande conhecimento entre eles. Remete-me para o universo de Dead Combo, dois instrumentos e uma cumplicidade que emana desde o primeiro minuto.
O que mais me incomoda neste duo, é a presença, muito facilmente de identificar, dos fados de Coimbra, por força, naturalmente da guitarra portuguesa.
Contraponho com Custódio Castelo, pessoalmente o músico que melhor sabe tocar e explorar as cordas desta guitarra, que consegue sair da caixa dos fados de Coimbra e de Carlos Paredes.
Por isto a música para este fim de semana, sai de Terceiro.
O primeiro álbum dos Cordis surge em 2008 (Cordis piano & guitarra portuguesa), Cordis 2 em 2011 e o mais recente, Terceiro em Novembro do ano passado.
Em Terceiro, os Cordis vão buscar convidados e então sim, a guitarra portuguesa, sobressai, mesmo mantendo o registo que a tornou conhecida.
Um dos maiores e melhores exemplo em como a adição de um terceiro instrumento de voz grave, o saxofone do madeirense Edjam, faz toda a diferença na revisitação de Valsa por um Tempo que Passou de António Portugal.
Aos 0.48min o saxofone alto entra maravilhosamente e a dupla piano/ saxofone dominam mais de metade do tema. Quando a guitarra portuguesa aos 3.03 min, sabe bem. O contraste com os três minutos anteriores é grande e muito desejado.
O final do tema acaba com outra dupla intensamente abraçada, a guitarra portuguesa e a flauta de Edjam.
Se ouvirem este mesmo tema tocado "apenas" com piano e guitarra, verão como ele é "pobre".
Bom fim de semana :)