Um dos grande desafios que um músico enfrenta quando sobe ao palco sozinho e olha para a plateia é a solidão.
Não vai ter o suporte, a rede, de outros músicos, enquanto banda ou como convidados, não vai ter o suporte de outros instrumentos. Os olhos de toda uma plateia vão estar sobre ele, sobre as suas mãos. Não têm mais por onde procurar ou ouvir.
A confiança, a mestria de um músico perante o seu instrumento é posta à prova. Seja num palco, seja num álbum.
Filho da Mãe, o nome de palco do guitarrista Rui Carvalho, é um desses músicos que enfrentam uma plateia, um auditório, de olhos nos olhos.
E é um dos poucos que toca quase sempre no modo acústico, onde a pureza do som mais se evidência e se aprecia.
Não Sei Desenhar Barcos é uma das pérolas acústicas de Filho da Mãe que pode ser encontrado no seu primeiro álbum de originais de Junho 2011, Palácio.
Em Março deste ano, sai o seu terceiro álbum, Mergulho, gravado no Mosteiro de Santo André de Rendufe, Amares.
É um tema que se pode ler, tem aroma, tem carinho. Não Sei Desenhar Barcos, é simples, despretensioso, tem uma sonoridade reflexiva, aberta e linear. Cativa e hipnotiza, a música, o dedilhar preciso, particularmente nos segmentos mais rápidos, dançarino e elegante dos seus dedos nas cordas da guitarra.
Para os que reconheceram laivos de flamenco e fado nesta música, têm toda a razão. São algumas das várias influências que se reflectem no trabalho de Filho da Mãe.
E aposto que os sinos a tocar no final de Não Sei Desenhar Barcos, cujo vídeo foi gravado em Barcelos, está longe de ser inocente...
Bom fim de semana :)