A Serra da Estrela ardem já há seis dias. No restante território milhares de incêndios eclodem por todo o lado. 10% do património da Serra da Estrela perdida. E é património mundial da Unesco. Que desrespeito por aquilo que temos de melhor.
Perde-se fauna e flora. Biodiversidade. Animais morrem às centenas, perdas de habitat, espécies únicas em perigo.
Os danos são irreparáveis. Fala-se em décadas para recuperar o que arde em horas.
Área ardida o dobro do ano passado e estamos no início da ignominiosa época de incêndios.
Uma estafada, miserável, desculpa política que que o combustível nunca esteve tão seco como agora. Como se isto não acontecesse ano, após ano. Como se não soubéssemos que para o ano vai ser pior e que no ano seguinte será ainda pior num crescendo infindável.
Os privados têm de fazer a limpeza dos seus terrenos, mas é nos terrenos do Estado que os grandes incêndios surgem.
Como se os meios não fossem inadequados, insuficientes ou estejam avariados. Planos de vigilância, contingência, emergência e outros que tais não acionados de propósito ou não. Fundos insuficientes. Excepto para passadiços. Prevenção insuficiente, eucaliptos e outros que tais cada vez mais em maior profusão.
Ordenamento território, zero, respeito pela floresta autóctone, zero. Lições aprendidas de anos anteriores, zero.
Entidades a mais, falta de coordenação, extinção da função de guardas florestais.
Somos um país pobre a tornar-nos cada vez mais pobre. Principalmente de espírito.
É triste, é revoltante, é cansativo, doloroso assistir a mais do mesmo. Sofrimento, perdas vida de animais, pessoas e bens. Ano após ano, ano após ano, ano após ano.
Afirma-se que há outros países a passarem pelo mesmo. E depois? Terão esses países décadas de histórico de incêndios e respectivas perdas como o nosso?
Merda de país, merda de autarcas, merda de políticos. Cinismo, inépcia, palavras ocas, incompetência a rodos. Certamente que temos o que merecemos.
Ecoansiedade, sim ela existe. E é séria. E sim, sofro disso.