sábado, 11 de janeiro de 2014

uma música para o fim de semana - Emmy Curl


A sua voz é suave, transparente, etérea e perfumada. A sua música é muito atmosférica e quase hipnótica.
Faz-nos relembrar que a voz também tem asas e com elas podemos descobrir novos mundos e energias.

Quando a ouvi pela primeira vez associei-a aos saudosos Cocteau Twin com a voz de Elizabeth Frazer, Dead Can Dance de Lisa Gerrard e This Mortal Coil, um autêntico corropio de músicos e vozes que fizeram deste projecto um autêntico brainstorming musical pelos quais tenho, ainda hoje e por todos eles, uma grande admiração. Todos pertencentes ao fabuloso catálogo da etiqueta 4AD nos seus tempo áureos.

Emmy Curl, enveredou por uma dessas categorias em que a música é fértil com algumas delas a situarem-se nas suas franjas. Navega nas mesmas águas sonoras dos grupos anteriores que mencionei, o Dream Pop e o Dark Wave. Daí as semelhanças encontradas e de facilmente ter gostado logo à primeira.
Admiro a sua coragem. Para uma jovem de 24 anos, num encolhido e relativamente pouco evoluído mercado musical nacional e muito pouco dado a sair da sua zona de conforto (e de sucesso) não deve ser fácil percorrer (e lucrar) estes caminhos musicais menos conhecidos e trilhados pelo público português.

Emmy Curl é transmontana, vem de Vila Real e chama-se Catarina Miranda. Faz este ano 24 anos.
Talvez a sua juventude e as origens de terras agrestes lhe dêem a força e obstinação necessária para continuar a trazer lufadas de ar fresco à música nacional.

Turn Off the Light é de longe uma das minhas preferidas canções dela.
Pertence ao seu primeiro EP com cinco temas, lançado em 2010 com o apoio da Optimus Discos.


Bom fim de semana :)





Here I go

Wait for me wind, I will go with you

Here I am
Don't cry, don't speak
I am your help

Don't remember? You know me from that warm night
And now I'm here to read you another story about my ride

Take me home
Bring me some water

I'm tired, I'm broken, and I miss you
I'm tired, I'm broken, and I miss you
Turn off the light, I don't need to see you
Turn off the light, I don't need to see you
To feel your hands

hummm...

You used to sing to me
I wonder if your voice's still the same
I know you're confused and I hope you don't be ashamed
To ask me for where I've been all these years

Take me home
Bring me some water

I'm tired, I'm broken and I miss you
I'm tired, I'm broken and I miss you
Turn off the light, I don't need to see you
Turn off the light, you don't need to see me
To feel my hands
To feel the warmth
Feel my hands
Turn off the light
To feel your hands

Here I go, Here I go
Wait for me


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

a senilidade de Mário Soares





Não gosto de futebol e nem sequer vejo a selecção a jogar. E sou dos que consideram que o futebol é o ópio do povo.
Mas não estava à espera daquilo que a morte de Eusébio provocou no país. Conseguiu unir em torno de si um país inteiro e o mundo do futebol que se caracteriza pelos excessos e pela falta de bom senso.
É sabido que Eusébio tinha o Benfica no seu sangue, mas ter todos os adeptos de futebol a colocarem-se à margem dos seus clubes para celebrarem a sua memória e talento é obra.

Dele tenho a noção de ser um homem simples, puro e ingénuo. De ser um homem bom.
Amigo do amigo de uma maneira desinteressada.
Quando ouvi as patéticas, deselegantes e senis palavras de Mário Soares sobre Eusébio, pensei de imediato que era um calhau com olhos a falar sobre aquilo que não sabia. Se soubesse estaria calado. Teria sido aquilo que muitos de nós pensamos que ele é: inteligente.

"Eusébio foi um homem bom, um homem agradável, com pouca cultura, mas evidentemente não se estava à espera que fosse um pensador, mas um grande futebolista, e isso foi, um grande futebolista e uma pessoa bem formada, fiquei sempre com a ideia que era um homem muito modesto e simpático. Eu não sabia nada que ele estava doente, sabia que ele bebia muito uísque, todos os dias, de manhã e à tarde, mas julguei que isso não lhe fazia mal, não sei…"

Felizmente que Eusébio que não era político. Como futebolista não teria dito estas palavras de alguém que também deixou um rasto indelével na história de Portugal.
Ao contrário do snob e muito irritante Mário Soares, Eusébio uniu nações e povos com a sua arte.
Era consensual. Não criou inimigos, não prejudicou nem verteu sangue de ninguém, nem provocou fugas apressadas de nenhum país. Não era ganancioso, não era leviano e não era cínico. 
Era honrado e sincero. Era uma pessoa transparente, foi sempre igual a ele próprio ao longo de toda a sua vida. E deve ter levado mais gente aos estádios onde actuou que o ex-presidente teve nos seus comícios.
Tomara que Mário Soares pudesse dizer tudo isto de si próprio.

Quando a história retratar estes dois homens, tenho a certeza que o futebolista que "não se estava à espera que fosse um pensador" e "com pouca cultura" será mais respeitado que o seboso político que não sabia jogar futebol.


domingo, 5 de janeiro de 2014

Pantera Negra (1942 - 2014)





Provavelmente o moçambicano (nasceu na capital Lourenço Marques, actual Maputo) mais conhecido do mundo, Eusébio da Silva Ferreira, morreu hoje de insuficiência cardíaca.
A imprensa inglesa cunhou-lhe para a eternidade a alcunha perfeita para ele, Pantera Negra. Pela sua velocidade, poder atlético, pela precisão e potência de remate e determinação. Tudo o que fazia roçava a perfeição.
O mundo e a sua casa era o futebol. Vivia para o futebol.
Mesmo depois de se ter retirado não era capaz de se manter afastado dos ambientes do futebol e do seu "vício", o clube do seu coração e alma: o Benfica.

A sua ida para o Benfica é uma das histórias mais rocambolescas da história do futebol nacional.
Foi quando jogava no clube moçambicano Sporting de Lourenço de Marques que Eusébio começou a atrair sobre si o olhares do Sporting Clube Portugal. Mas ao mesmo tempo o Benfica também queria o jogador para si.

Para enganar os seu rivais, o Benfica disfarçou os contactos feitos, telegramas e telefonemas. Nunca se referiu a Eusébio pelo seu nome, mas através de um nome fictício, um nome feminino, Rute.
O seu embarque para Lisboa foi feito num carro com  matrícula do governo e o seu nome nem sequer constava na lista de passageiros do avião que o levou para Lisboa.
O Sporting acusou os seus rivais de Lisboa de raptarem Eusébio. O jogador sempre desmentiu esta afirmação. Dizia que o Benfica o tinha contratado primeiro porque tinha negociado com a mãe e com o seu irmão.

Uma outra história perdura na vida desportiva de Eusébio, quando este foi pretendido pelo Inter de Milão e o Benfica aceitou o negócio. No entanto Oliveira de Salazar frustraria a transferência por o considerar "património nacional".

Em 1981 foi galardoado com a medalha de Mérito Desportivo e em 1990 com a medalha de Honra ao Mérito Desportivo.

Foi no Benfica e através do mundial de 1966, com o famoso terceiro lugar de Portugal, que o mundo conheceria Eusébio. Foi considerado o melhor jogador do campeonato e ao mesmo tempo foi o melhor marcador do mesmo.
O brasileiro Pelé, o alemão Franz Beckenbauer, o húngaro Puskas, o argentino Di Stéfano, o inglês Bobby Charlton e os guarda-redes russo Lev Yashin (Aranha Negra) e o português Damas, jogadores também eles lendários e que marcaram a história do futebol mundial, foram adversários, admiradores e seus amigos.

Ganhou onze campeonatos nacionais, cinco taças de Portugal, uma taça dos campeões europeus. Foi sete vezes melhor marcador nacional e duas vezes melhor marcador europeu.
Um king.