sábado, 24 de maio de 2014

uma música para o fim de semana - Nelson Cascais


Gosto muito do contrabaixo. Numa formação de jazz, quando ele não está sinto a sua falta.
No nosso pequeno rectângulo há pelo menos três contrabaixistas de "peso": Nelson Cascais, Carlos Barreto e o mais conhecido internacionalmente, Carlos Bica, a viver na Alemanha.desde 1994.

Apesar dos três gostar mais de Carlos Bica, para este fim de semana, escolho o benjamim deles, o "mais caseirinho" Nelson Cascais.

O saxofonistas norueguês, Jan Garbarek, disse que foi quando ouviu, o também saxofonista John Coltrane que soube o que iria fazer na vida.
O mesmo aconteceu com Nelson Cascais. Na sua página ele afirma que quando ouviu o contrabaixista Charles Mingus a tocar o tema Pithecanthropus que algo mudou nele e decidiu tornar-se contrabaixista de jazz.

É sábado. Está sol com algumas nuvens e não há pressa.
Escolho Yiulia para este fim de semana. É do álbum Guruka, o terceiro de Nelson Cascais. Foi lançado em 2009.
Nesta gravação estava com o seu quinteto, para além dele próprio, tinha Pedro Moreira no saxofone tenor, André Fernandes na guitarra, Iago Fernandez na bateria e um dos grandes senhores do piano português e que muito gosto, João Paulo Esteves da Silva.

Particularmente (e propositadamente) neste tema, o quinteto reduz-se a um trio. O trio mais clássico do jazz: piano, bateria e contrabaixo.

Yuliya, representa o tipo de jazz contemporâneo que mais gosto. Sereno, um pouco introspectivo talvez, mas descontraído, .
Bom para um sábado, meio soalheiro, meio nublado. Sem pressas, a altura ideal para ouvir bom jazz nacional.


Bom fim de semana :)





quinta-feira, 22 de maio de 2014

dia mundial da Biodiversidade


A poluição, o aumento da pressão cada vez maior dos recursos físicos que o planeta pode fornecer, a devastação dos ecossistemas e habitats naturais, a diminuição da diversidade genética animal, os desequilíbrios provocados pelas alterações climáticas, a erosão dos solos, tudo resultante da actividade humana, não augura nada de bom nos próximos e breves tempos.
A biodiversidade, todas as formas de vida que habitam o nosso planeta, que são a sua riqueza, o seu trunfo e simultaneamente a sua dependência estão cada vez mais ameaçadas por todos estes factores. Não individualmente mas sim todos eles em simultâneo, o que agrava ainda mais a situação.

Nós, seres humanos, enquanto espécie que também o habita, o domina e sinistramente é a mais inteligente, ameaçamo-nos a nós próprios, ameaçando a nossa sobrevivência porque também dependemos dessa mesma biodiversidade. Quer em termos físicos quer em termos económicos.

A raridade da água potável já é uma fonte de conflito devido a questões de sobrevivência das populações afectadas.
As populações das zonas costeiras estão cada vez mais em risco devido ao aumento dos níveis da água consequência do aquecimento global que está a provocar o desaparecimento das calotes polares.
Países como Tuvalu, Maldivas ou Bangladesh, estão presentemente em risco real de desaparecerem com este aumento. E estes países já estão a pedir que as fronteiras dos países mais poluidores alberguem as populações oriundas deles.
O Bangladesh apenas contribui com cerca de 0.3% de emissões de CO2 do mundo.

Quem nos dirige, quem tem o poder de decisão, de influenciar globalmente o curso desta ameaça, da perda de biodiversidade, vira a cara para o lado, assobia e nada faz. Ou quando o faz, já é tardiamente e as consequências graves e difíceis (e caras) de evitar.


Esta folha, a folha da biodiversidade, que depende tanto de nós, está cada vez menos acarinhada. Está a ficar.mais seca, mais cinzenta, mais mirrada, mais abandonada,  Cada vez mais condenada.
E nós, com ela. :(



FYI



Os custos da (in)utilidade dos eurodeputados...




terça-feira, 20 de maio de 2014

Passageiros em Trânsito



- Então isto é o fim?
- Não - respondeu-me Máximo sem perder o sorriso
- Não há fim. O que há são intervalos" diz Máximo.


Primeiro foi título, Passageiros em Trânsito, depois foi a sua capa, alguém a andar de bicicleta no que parecia ser um deserto. A impressão transmitida foi logo de espaço, liberdade, personagens em busca de algo.

Ao folhear o livro reparo que há uma escrita diferente nele. Há um exotismo que não se encontra noutros. A sua linguagem é colorida, pitoresca e até um tanto inusitada.
Nele encontrei vários países, Angola, Brasil, Espanha e Alemanha. Portanto... comprei o livro.

Passageiros em Trânsito é uma antologia de vinte contos, vinte fotografias do quotidiano, sem nenhuma ligação entre si que não seja a sua simplicidade narrativa e a necessidade e preocupação que as suas personagens sentem em encontrar, em procurar o seu Eu ou um Eu alternativo. Tendo essas mesmas personagens por base um passado forte e marcante. 
Tal como desejava o italiano Mauro no conto Sal e Esquecimento que queria fugir desse passado marcante numa fórmula de esquecer para ser esquecido.

O angolano José Eduardo Agualusa escreve os vinte contos, linearmente, sem complicar, numa despreocupação quase displicente de estes serem ou não verosímeis como por exemplo em O Homem sem Coração ou em K40.
O autor é desprendido de cada um deles. Apesar de nos atirar para dentro de cada um destes contos, fica aquela sensação curiosa que o autor por vezes está de fora deles. Mesmo quando escreve na primeira pessoa. 

É um livro que se lê de um trago até ao momento em que já não há mais páginas para virar.
Então percebemos que chegámos ao intervalo tal como disse Máximo na última linha, no último parágrafo do último conto de Passageiros em Trânsito.