Com sorriso chapa 5, cabelo pintado e penteado ao milímetro, gestos amplos e estereotipados, voz esganiçada, letra a valer zero e com música electrónica a condizer, tudo nos diz que estamos na presença de uma produção pimba.
Uma rápida incursão ao inglês na letra, tenta dar-lhe um toque de sofisticação e internacionalização. O que até é bem capaz de ter conseguido, porque o vídeo da canção - Menina - deste fim de semana em formato silly season está a rondar o meio milhão de visualizações o que não coisa pouca para um cantor português. E nós vamos contribuir com mais umas quantas...
Este rapazinho que dá o litro na canção Menina, de nome Sérgio Rossi, é irmão da Romana, ou seja a força do pimba é realmente forte nesta família.
Há 10 anos, neste mês, estava numa das viagens mais marcantes para mim em muitos aspectos.
Viajava pela Mongólia e em pleno deserto de Gobi, o condutor da carrinha 4X4 de fabrico russo (UAZ), tipicamente usadas pelos mongóis para cruzar o Gobi, ficou atolada num rio de lama.
A carrinha não saiu de lá e o grupo viu-se forçado a acampar para suavizar o calor enquanto uma nova carrinha não chegava para retomar a viagem.
O condutor da nova carrinha, chamava-se Bayra. Super simpático e extrovertido, tinha uma fixação pela música disco. Praticamente só tinha disco e o que ouvimos quase até ao exaustão ao longo de vários dias foi Boney M.
Tenho que concordar com Bayra. Boney M é a banda que melhor representa o espírito disco: exuberante, vibrante, expansiva e cheio de boa onda.
O reportório disponível não era muito variado mas estava recheado de clássicos da banda: Rasputin, Daddy Cool, Rivers of Babylon, Hooray! Hooray!, Gotta Go Home, Sunny e... Ma Baker.
Esta última de longe é a que mais faz vibrar. É uma velha conhecida minha,
Escrita a pensar numa criminosa muito versátil - roubo, extorsão, raptos e assassinato que morreu num tiroteio com o FBI - de nome Ma Barker.
A letra é bastante clara e fiel à vida de Ma. Tem inclusive um narrador que introduz um ritmo muito próprio à canção.
Ma Baker surge como single em 1977 e empresta o seu nome a uma colectânea de sucesso dos Boney M lançada em 1989.
Creio que foi a este álbum que Bayra "roubou" as canções que ouvimos horas e dias a fio.
Ma Baker, entre outros temas que circulavam pelo grupo, atira-me de imediato para uns dos dias mais felizes e inesquecíveis da minha vida.
Há 73 anos, a 06 de Agosto de 1945 e 09 de Agosto do mesmo ano, caíram no Japão as duas únicas bombas atómicas lançadas pela humanidade. As cidades foram Hiroshima e Nagasaki.
As bombas tinham naturezas e potências diferentes mas na sua essência o seu objectivo era igual: matar e destruir a uma escala que o ser humano nunca tinha visto ao longo da sua história.
A de Hiroshima era a mais potente e feita de urânio, chamava-se Little Boy, a de Nagasaki, construída com plutónio, Fat Man.
Um pequeno excerto de um documentário da BBC, baseado em testemunhos de sobreviventes, recria e descreve o resultado e as consequências da bomba lançada sobre a cidade de Hiroshima.
Mas o bombardeamento de Nagasaki escreve-se da mesma forma, com as mesmas linhas tortas e distorcidas. Os testemunhos serão diferentes, mas as dores, o sofrimento e o horror provocado, são iguais.