sábado, 4 de janeiro de 2014

uma música para o fim de semana - Kumpania Algazarra


A troupe surgiu em 2004 e a rapaziada vem das ruas de Sintra.
Tentar descobrir as suas influências é difícil, tal é a confusão de géneros que encontramos nas suas músicas, mas o ska, o reggae e a música cigana, cubana e latina são bem identificáveis. Música sem fronteiras.
E qualquer semelhança com a música de Kusturica e a Non Smoking Orchestra não é pura coincidência.

A única coisa que parece interessar aos vibrantes Kumpania Algazarra é a loucura inebriante, a aparente confusão, a despreocupação total e o ritmo festivo quase desbragado.
Parece que tocam para aproveitar o momento, como se não soubessem, o que lhes vai trazer e bem, o momento seguinte.

É o tipo de banda que gostaríamos de encontrar na rua, num beco perdido de um bairro e seguir em cortejo atrás deles embarcando na folia da música e da ironia das letras esquecendo momentaneamente as agruras da vida.

Pudim (A Festa Continua), a música para este fim de semana. é o tema que lança o seu segundo álbum de Abril de 2013, A Festa Continua.
Uma excelente música para as recentes ressacas da passagem do ano ;)


Bom fim de semana :)




Choro quando corto cebolas
Sou tipo sentimental
Correria atrás de ti
Correria Portugal
Corro atrás da carroça
Já me fugiram os bois
O que fazemos os dois
No meio de tanta desgraça?

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Dança comigo esta noite
Serei o teu alecrim

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Dança comigo esta noite
Serei o teu alecrim

Bigode bem comprido
Para me manter entretido
Não me assiste a escuridão
Com uma lanterna na mão
O incenso é uma flor
Só para tirar o odor
Com a minha habilidade
Até podia ser doutor

Andas para a frente e para trás
Sem saber o que és capaz
Ainda és tu pequenino
Já te torcem o pepino
Onde vamos, vamos nós
Nestra estrada esburacada?
É o que temos de aceitar
Por ter a boca fechada

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Dança comigo esta noite
Serei o teu alecrim

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Dança comigo esta noite
Serei o teu alecrim

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Anda cá ao pé de mim
Dança comigo esta noite
Eu serei o teu alecrim

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Dança comigo esta noite
Serei o teu alecrim

Anda cá ao pé de mim
Anda ser o meu pudim
Dança comigo esta noite
Serei o teu alecrim


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

celebrar o Dia Novo


Sou pouco dado ao Ano Novo. Nunca o vi como Ano Novo, Vida Nova.
Antes o vejo como uma fronteira temporal convencionada. Uma rotação completa à volta do sol.
E raras foram as vezes que tomei resoluções de ano novo. Sempre pensei num ano novo como uma continuidade do ano velho. 
Em que as grandes ou pequenas decisões de mudança se tomam no dia a dia e não com o passar do ano. A própria vida a isso obriga.

Os anos passados, o que eles trazem de bom ou mau acontecem permanecem em nós, pesam sobre os nossos ombros, continuam nas nossas memórias.
Não são a passagem dos anos que nos trazem a sabedoria, mas sim o correr dos dias. Um ano é um acumulado de dias, perdas e conquistas, de acertos e erros e com sorte a oportunidade de os corrigir. Cada dia, uma experiência única.
Nesse sentido talvez devêssemos antes comemorar a chegada de um novo dia porque sem nos aperceber diminuímos a nossa ignorância do dia anterior e não sabemos em que condições ou se virá o dia seguinte.

No entanto gosto do imaginário, do conceito que rodeia a chegada do Ano Novo. 
De início e de fim. De algo que se deixa para trás. Um renascimento, uma renovação.
Ver-nos "livres" de algo que se impregnou ao longo de 365 dias já passados para nos prepararmos para os novos 365 dias novinhos em folha, 365 novas oportunidades e não repetíveis.

Feliz Dia Novo :)




2014 :)





terça-feira, 31 de dezembro de 2013

no finzinho de 2013


Todos os anos o Google resume e mostra-nos em pouco mais de minuto e meio - Google Zeitgeist - o mundo como nós o vimos.  
Ou seja, o ano através do nosso olhar utilizando os nossos dedos neste motor de busca.

Segundo o Google, terá sido assim que nós assistimos e procurámos o ano de 2013.





a última compra de 2013 - Yeahwon Shin


E se em vez de uma almofada dormíssemos com a cabeça numa nuvem só para nós?

E se tivéssemos uma voz incorpórea a cantar baixinho ao nosso ouvido de tal maneira que tudo o que é mau, doloroso e triste se transformasse em esperança, em paz e adormecêssemos a sorrir?

E se essa mesma voz fosse sustentada por pincéis delicados que pintassem etéreos quadros de cores de aguarela quase transparentes nas pálpebras fechadas dos nossos olhos?

Ouvir a voz da sul coreana Yeahwon Shin, o piano de Aaron Parks e o acordeão de Rob Curto em Lua Ya é exactamente isto.
A sua voz é de uma fragilidade e leveza transcendental. O piano sempre elegante e minimal de Aron Parks eleva-a aos céus sem se sobrepor ou dominar a sua essência.
Se Aaron Parks a transporta, o acordeão também ele discreto e minimal pinta a voz da sul coreana de cores em tons quase a roçar a transparência.

Lua Ya é contemplativo e introspectivo. É feito com silêncios. Faz abrandar o tempo, para-o mesmo.
São canções de embalar sul coreanas que Yeahwon Shin recupera da sua infância. O título Lua Ya é o nome da sua filha.

No fim dos muito curtos quarenta minutos que dura o álbum, percebemos que o nosso mundo desapareceu e fomos levados para outros mundos. Encantados e cheios de fantasia.
A beleza deste álbum é estonteante. A tentação de voltar a carregar no botão play vai ser difícil de resistir. Na verdade não devemos de todo resistir.

Um conselho. Ouçam-no à noite. E tomem atenção não só à pureza da voz de Yeahwon mas também aos instrumentos. Como eles são expressivos e elegantes. Particularmente o acordeão. Nunca tinha ouvido um acordeão soar desta maneira. Sem ele este álbum estaria claramente incompleto.


Oiçam a primeira faixa aqui.