E se tivéssemos uma voz incorpórea a cantar baixinho ao nosso ouvido de tal maneira que tudo o que é mau, doloroso e triste se transformasse em esperança, em paz e adormecêssemos a sorrir?
E se essa mesma voz fosse sustentada por pincéis delicados que pintassem etéreos quadros de cores de aguarela quase transparentes nas pálpebras fechadas dos nossos olhos?
Ouvir a voz da sul coreana Yeahwon Shin, o piano de Aaron Parks e o acordeão de Rob Curto em Lua Ya é exactamente isto.
A sua voz é de uma fragilidade e leveza transcendental. O piano sempre elegante e minimal de Aron Parks eleva-a aos céus sem se sobrepor ou dominar a sua essência.
Se Aaron Parks a transporta, o acordeão também ele discreto e minimal pinta a voz da sul coreana de cores em tons quase a roçar a transparência.
Lua Ya é contemplativo e introspectivo. É feito com silêncios. Faz abrandar o tempo, para-o mesmo.
São canções de embalar sul coreanas que Yeahwon Shin recupera da sua infância. O título Lua Ya é o nome da sua filha.
No fim dos muito curtos quarenta minutos que dura o álbum, percebemos que o nosso mundo desapareceu e fomos levados para outros mundos. Encantados e cheios de fantasia.
A beleza deste álbum é estonteante. A tentação de voltar a carregar no botão play vai ser difícil de resistir. Na verdade não devemos de todo resistir.
Um conselho. Ouçam-no à noite. E tomem atenção não só à pureza da voz de Yeahwon mas também aos instrumentos. Como eles são expressivos e elegantes. Particularmente o acordeão. Nunca tinha ouvido um acordeão soar desta maneira. Sem ele este álbum estaria claramente incompleto.
Oiçam a primeira faixa aqui.
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