sábado, 7 de novembro de 2015

uma música para o fim de semana - Rui Veloso



É um Senhor, carago!

Muitas pessoas pensam que Rui Manuel Gaudêncio Veloso, nasceu no Porto. Mas não. Foi em Lisboa, mas poucos meses de idade foi para a Invicta.
Rui Veloso nasceu a 30 de Julho de 1957. ontem comemorou no Meo Arena, 35 anos de carreira.
UHF, GNR, Xutos e Pontapés, também ultrapassaram as três dezenas de anos de carreira, mas há algo de especial em Rui Veloso.

Talvez a sua voz, a postura tão descontraída em palco, a forma como se dirige ao público como se tratasse de uma reunião de amigos para beber uns copos, ou a sensação que já nasceu com uma guitarra na mão, tornam-no para quem o ouve, mesmo que seja pela primeira vez, um familiar em cima de um palco. Já passei por esta situação uma meia dúzia de vezes.

Cruzou e cruza vários géneros musicais com sucesso, desde o rock ao blues, passando pela canção de intervenção e música popular portuguesa. Deve ser o cantor nacional mais conhecido, reconhecido, que mais discos vendeu e que mais discos de platina ganhou.

Com 23 anos de idade, esquelético e de bigode, algures no ano de 1980, chegava às prateleiras das lojas de discos, um álbum que se chamava "Ar de De Rock".
O sucesso foi tal maneira grande, que impulsionou o surgimento de várias bandas de rock. Para além dos Xutos e GNR, surgem igualmente nos primeiros anos de 80, Rádio Macau e UHF. Assim começou o cognome de o pai do rock.
E para os casamenteiros, esqueçam que existe a mãe do rock...


Mas é em 1986, o quarto, e em 1990, o quinto, que saem os meus álbuns de Rui Veloso. Tão fortes que foram, que o músico nascido em Lisboa e que viveu no Porto, não conseguiu fazer nada de superior aos títulos de Rui Veloso e Mingos e os Samurais.

Para este fim de semana escolho uma música do álbum homónimo de RuiVeloso.
É eternamente difícil escapar ao encanto de Porto Sentido e ao feitiço mouro de Porto Covo, mas com esforço e relutantemente, afasto-me destes dois temas e agarro Beirã.
É uma música muito sensorial. É aromática, colorida e jovial.
Conta a história de um menino da cidade que se deslumbra com o que o campo, a natureza, pode oferecer a quem tem os horizontes limitados, e os sentidos pouco despertos e ensinados.


Bom fim de semana :)




Quero ir à tua terra
Onde correm fios de água
Entre goivos e hortelã
Ensina-me a distinguir
O melro da cotovia
Nunca soube o que era ouvir
O galo a anunciar o dia

Tília trevo e açafrão
Erva pura pimentão
Louro salsa e cidreira 
Urze brava e dormideira

Vou pedir para me levares
Ao teu mais secreto atalho
Para lá de hortas e pomares
Entre pólen e orvalho

Revela-me os teus segredos
As geleias e os licores
Quero contigo aprender
Cheiros ervas e flores

Tília trevo e açafrão
Erva pura pimentão
Louro salsa e cidreira 
Urze brava e dormideira

Vai fiando a tua roca
De adágios e tecidos
Quero ouvir da tua boca
Os assombros mais antigos

Sou um pobre cidadão
Perdi o fio de mim
Um bichinho do betão
Que nunca viu o alecrim

Tília trevo e açafrão
Erva pura pimentão
Louro salsa e cidreira 
Urze brava e dormideira


terça-feira, 3 de novembro de 2015

clausura


clausura

Não sou bom de domar
nem de estar num cercado
não sou fácil de agarrar
e menos de estar atado

Não me segurem a mão
para me impedir de voar
ou me atirem para o chão
pr´o mundo não olhar

Não tolham o meu respirar
a olhar para fora da janela
impossível é o sussurrar
do silêncio que me flagela

Não me atirem para as gavetas
ou para os espaços fechados
são longas e pesadas as grilhetas
prendem os meus pés enlaçados

Gritam as asas arrancadas
a olhar o monte de penas caídas
as fúrias partem à desgarrada
quando antes estavam sustidas

Sim, é nesse espaço aberto
para o céu percorrer
o que faço está bem certo
para sentir e poder ser.


Inkheart