sábado, 13 de julho de 2013

uma música para o fim de semana - Nina Simone


Esta é uma edição (muito) especial de uma música para o fim de semana.

Tal como os meus gatos Miles e Mahler (que ainda não falei dele), Nina deve o seu nome a uma cantora de jazz que muito gosto e que muito admiro, Nina Simone.

Encontrei-a talvez com duas semanas de vida. Estava magra e hipotérmica. Pesava 180g, ainda não conseguia segurar a cabeça e enchia metade da palma da minha mão. Olhos mais fechados que abertos ela miava como se não houvesse amanhã.
Arraçada siamesa, era bonita até mais não. As orelhitas, o pequeno focinho, a minúsculas patas e a ponta da sua cauda eram escuras num corpo todo ele bege claro.

Na clínica veterinária encheram uma botija de água quente e com uma manta puseram-na em cima dela para recuperar a temperatura corporal e foi logo amamentada. De dia ficava na clínica, à noite e aos fins de semana ia para casa da veterinária ou da auxiliar para poder ser amamentada durante a noite.

Dois dias depois pesava 200g e ao quarto dia 220. Após semana e meia ia em 300g e segurava sem dificuldade a cabeça. Miava menos e explorar era o que estava na sua cabeça.
Adormecia ao meu colo com o focinho encostado ao meu polegar direito ou aninhada entre a minha mão e a base do meu pescoço. Nesse dia ouvi o seu ronronar.

Na quarta feira passada sem que nada o fizesse esperar, Nina partiu para ir brilhar para o céu. Dois dias consecutivos de diarreia e quase sem se alimentar, Nina morreu com cerca de um mês de idade.
Nas suas últimas duas semanas em que foi encontrada por mim, encheu, tocou o coração e a vida de pelo menos quatro pessoas que lhe deram calor, carinho, protecção e atenção.

O céu está mais bonito e iluminado agora e o meu coração um pouquinho mais feio e mais escuro.
Nina entrou na minha vida com toda a força e sem ter chegado a entrar em minha casa, esvaziou ambas um pouquinho.
Saber que tinha partido quando apenas tinha acabado de a conhecer foi uma surpresa inesperada e dolorosa.





Triste e cheio de saudades, esta música de Nina Simone é toda para ela.

Bom fim de semana.





domingo, 7 de julho de 2013

irrevogavelmente reles


Quando Paulo Portas falou no seu comunicado que a sua saída, a demissão do governo era uma decisão irrevogável, fiquei curioso e na expectativa.
Irrevogável é uma palavra forte. Significa algo irreversível, definitivo, que não volta atrás. Entende-se como sendo uma palavra de honra, algo para cumprir.
Pelo peso e responsabilidade da palavra confesso que inicialmente acreditei em Portas.

Mas Portas é um político experiente. É manhoso, falso, gosta do poder, de intrigas. Tem desfaçatez, falta-lhe vergonha e como político a consciência é uma questão de oportunismo.
O ele queria era mais poder. E obteve-o na exacta medida que queria.

Para isso Paulo Portas chantageou o país inteiro. Com a sua demissão "irrevogável" fez subir os juros da dívida, instabilizou ainda mais um país já instabilizado e piorou a sua imagem externa. Aumentou ansiedades e lançou e criou aquilo que verdadeiramente ninguém queria, uma crise política.

O chantagista ganhou. Obteve aquilo que queria de Passos Coelho. Aumentar o seu peso político no governo. É o número dois do governo, vice primeiro ministro, a ministra das Finanças fica abaixo dele, a pasta da Economia fica nas mãos do CDS e ainda criou mais ministérios e logo com mais ministros do CDS, logo com mais compadrio.

Esta era a medida necessária de poder para tornar irrelevante o tal peso, responsabilidade e a honra associada a "irrevogável".

Subliminarmente Paulo Portas ao vergar e fazer Passos Coelho ceder tornou-o seu refém, secundarizou-o perante a opinião pública. Internamente, ao nível dos bastidores do poder será visto como se fosse o Primeiro-Ministro interno de Portugal.

As divergências e as tensões entre eles não vão diminuir, a situação não está pacificada, pelo contrário. Estes dois não se devem poder ver. As acusações e os dedos dos dois partidos que irão ser apontados a um e ao outro serão certamente muitos.

Como escrevi acima Portas é um político. Não tem honra, não tem palavra, não tem consciência, não respeitou o país que o sustenta. É um homem oportunista, ganancioso e de golpes baixos.
É irrevogavelmente um político reles.