Tal como os meus gatos Miles e Mahler (que ainda não falei dele), Nina deve o seu nome a uma cantora de jazz que muito gosto e que muito admiro, Nina Simone.
Encontrei-a talvez com duas semanas de vida. Estava magra e hipotérmica. Pesava 180g, ainda não conseguia segurar a cabeça e enchia metade da palma da minha mão. Olhos mais fechados que abertos ela miava como se não houvesse amanhã.
Arraçada siamesa, era bonita até mais não. As orelhitas, o pequeno focinho, a minúsculas patas e a ponta da sua cauda eram escuras num corpo todo ele bege claro.
Na clínica veterinária encheram uma botija de água quente e com uma manta puseram-na em cima dela para recuperar a temperatura corporal e foi logo amamentada. De dia ficava na clínica, à noite e aos fins de semana ia para casa da veterinária ou da auxiliar para poder ser amamentada durante a noite.
Dois dias depois pesava 200g e ao quarto dia 220. Após semana e meia ia em 300g e segurava sem dificuldade a cabeça. Miava menos e explorar era o que estava na sua cabeça.
Adormecia ao meu colo com o focinho encostado ao meu polegar direito ou aninhada entre a minha mão e a base do meu pescoço. Nesse dia ouvi o seu ronronar.
Na quarta feira passada sem que nada o fizesse esperar, Nina partiu para ir brilhar para o céu. Dois dias consecutivos de diarreia e quase sem se alimentar, Nina morreu com cerca de um mês de idade.
Nas suas últimas duas semanas em que foi encontrada por mim, encheu, tocou o coração e a vida de pelo menos quatro pessoas que lhe deram calor, carinho, protecção e atenção.
O céu está mais bonito e iluminado agora e o meu coração um pouquinho mais feio e mais escuro.
Nina entrou na minha vida com toda a força e sem ter chegado a entrar em minha casa, esvaziou ambas um pouquinho.
Saber que tinha partido quando apenas tinha acabado de a conhecer foi uma surpresa inesperada e dolorosa.
Bom fim de semana.